Em 1977, a Assembleia Legislativa do Paraná declarou Nossa Senhora do Rocio como padroeira oficial do Estado do Paraná. Já em 1999, o Santuário tornou-se polo do turismo religioso do Paraná pelo governo do Estado na época. Em 2007, a Festa em louvor à padroeira entrou no calendário do município e, em 2014, entrou no calendário oficial do Estado. Uma lei é complementar a outra e mostra o quanto a devoção a Nossa Senhora do Rocio é emblemática a todos os paranaenses e como a história reconheceu a devoção dos fiéis ao longo dos anos.
A data de construção do Santuário se confunde com a data da primeira festa, em 1813. De lá para cá, muitos devotos passaram por Paranaguá e puderam admirar a igreja voltada para o mar e erguida em prol da fé das pessoas a Nossa Senhora do Rocio. O número de participantes só cresceu ao longo dos anos e hoje recebe, mesmo fora do período da festa, devotos de diversas partes do País e do mundo, os quais fazem questão de visitar o local em razão da sua importância histórica e religiosa.
A igreja faz parte do complexo histórico de Paranaguá. Neste ano, isso foi ainda mais reforçado com o reconhecimento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) da Festa de Nossa Senhora do Rocio como patrimônio imaterial de Paranaguá. No entanto, o processo começou em 2013, quando o Iphan contratou uma empresa para verificar quais os bens imateriais do litoral paranaense que deveriam ser considerados. O mais lembrado pela população foi a Festa de Nossa Senhora do Rocio, o que trouxe muita alegria para todos os que contribuem com a organização e participam da festividade anualmente.
“O fandango também já está registrado como bem imaterial de Paranaguá, mas o que mais apareceu na pesquisa, em primeiro lugar, foi a Festa de Nossa Senhora do Rocio. A própria população fez essa escolha, partiu de fora para dentro do santuário”, comemorou o missionário redentorista e reitor do Santuário de Nossa Senhora do Rocio, padre Joaquim Parron.
Com isso, a associação do santuário poderá receber recursos federais, estaduais e municipais, ajudando ainda mais no crescimento dessa história de amor e devoção. “O projeto final pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) ainda está em fase de encaminhamento, mas a festa já é considerada um bem imaterial”, frisou padre Parron.
FÉ, TURISMO E CULTURA
Uma das consequências já pode ser observada neste ano, quando uma empresa que irá se instalar nas imediações do Santuário precisou se responsabilizar em não poluir o espaço da festa e o trajeto da procissão solene. O contrato firmado com o Santuário ainda contempla a manutenção da igreja e também durante todo o ano o bairro do Rocio. Caso contrário, a empresa correrá o risco de ser multada. “Isso só foi possível por ser um bem protegido pelo Iphan”, disse o padre Parron.
Primeira festa foi realizada em 1813 e, desde então, só tem motivado os devotos para a vivência da fé
Os moradores no bairro Rocio também serão beneficiados com o reconhecimento, podendo receber, por exemplo, melhorias na infraestrutura e aumento dos serviços de limpeza pelas empresas que atuam na região. Segundo o reitor do Santuário, há bons exemplos em todo o País. “Há pesquisas que constataram em vários lugares do Brasil que a região foi valorizada após ter um bem imaterial reconhecido pelo Iphan. Quem ganha, de fato, é o bairro e a população do entorno”, frisou padre Parron. “Hoje, a festa do Rocio ganha três dimensões, a parte da fé e da devoção, a do turismo religioso e também como um objeto cultural. Hoje o evento é também um bem cultural”, completou o reitor.