No último dia 24 de janeiro, uma quadrilha formada por três criminosos armados realizou um assalto em um sítio em área rural de Morretes, no Novo Mundo – Saquarema, no Km 21 da BR-277. A vítima foi um casal de idosos de 63 e 84 anos. A ação que começou em pleno meio-dia, durou mais de três horas e meia, com os dois sendo amarrados, torturados física e psicologicamente, e levando o prejuízo avaliado em mais de R$ 10 mil, envolvendo pertences e joias. A idosa de 63 anos deu entrevista exclusiva e ainda teme pela sua vida e do seu marido.
A vítima, que preferiu não se identificar por motivos de segurança, ressalta que a ação ocorreu em uma localidade pacata de Saquarema, em Morretes, e que nunca tinha sido registrada nenhuma ocorrência parecida nos 10 anos em que o casal reside na região. “Temos uma cozinha separada da casa, estávamos lá, eu estava fazendo almoço e meu marido assistindo televisão. Eles então entraram pelo terreno do vizinho cortando a cerca, onde eles já tinham chutado a porta pensando que tinha alguém. Como não tinha ninguém, eles vieram para a minha casa que era feita de tela, eles queimaram esta tela, entraram quebrando tudo e procurando o que queriam”, conta a idosa.
Até então, eles não tinham percebido a ação dos bandidos, pois estavam na cozinha externa, no entanto quando voltou à casa, o marido flagrou os três criminosos revirando os cômodos e foi rendido e amarrado. “Um deles posteriormente veio para a cozinha com uma pistola na mão, ele é canhoto, me rendeu, falou para eu ficar quieta e disse que se eu não calasse a boca me matava ali mesmo. Eles me levaram para dentro da casa, vi o meu marido amarrado e amordaçado, com os bandidos batendo nele”, comenta.
TORTURA, AMEAÇAS E MOMENTOS DE TERROR
“Agrediram muito o meu marido. Eu passei mal, tenho marca-passo, eu falei para eles isso e eles me jogaram água gelada para eu ‘sarar’. Eles batiam bastante no meu marido. Nós dois fomos amarrados com presilhas acrílicas”, comenta a vítima.
Segundo a idosa, a quadrilha estava atrás de um suposto revólver calibre 38 que estaria na casa, mas que não existia, pois o casal não tinha nenhuma arma. “Eles mexeram por tudo, estragaram muita coisa”, comenta. Segundo ela, os três bandidos levaram o carro do casal com joias avaliadas em mais de R$ 3,5 mil, furadeira, uma makita, binóculo militar, entre outros bens que ainda estão sendo analisados para o levantamento real do prejuízo.
A quadrilha levou os bens roubados até um Celta vermelho, quatro portas, de calota preta que estava possivelmente com um motorista para fuga aguardando na BR-277. O carro foi visto pelos vizinhos no período da manhã nas proximidades. “Eles disseram para não chamarmos a polícia, falando que um deles estaria no portão de vigia, que se a gente ligasse para as autoridades iam nos metralhar”, conta.
Quando chegou na via federal, a quadrilha encheu o carro de fuga com os bens roubados, deu a volta no veículo do casal de idosos e o abandonaram no sentido Curitiba. “Era uma tática para dar pista falsa de que eles iam para a capital, mas na verdade acredito que foram para Guaratuba, conforme o que eles disseram na hora da ação, que poderiam vender o nosso carro em um local da cidade litorânea”, comenta.
PMPR E SAMU ACIONADOS, PORÉM QUADRILHA CONTINUA SOLTA
Segundo a idosa, alguns minutos após os criminosos saírem, ela conseguiu se soltar e correu em direção aos vizinhos para pedir ajuda, os quais acionaram a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A senhora foi encaminhada até o Hospital Regional do Litoral (HRL) para tratar de sua saúde, visto que possui marca-passo no coração, enquanto o idoso de mais de 80 anos foi levado pelo Samu para o Hospital de Morretes. O senhor sofreu ferimentos graves na cabeça e no corpo, enquanto a idosa quase sofreu um ataque cardíaco durante a ação. “Foi muito traumatizante para nós”, comenta, destacando que não viu o assalto sendo anunciado nos veículos de comunicação locais.
A idosa fez questão de pedir uma atuação mais intensa das autoridades após uma semana do caso, afirmando que há monitoramento de câmeras na BR-277, tanto sentido Curitiba quanto litoral, algo que poderá identificar os bandidos e o veículo utilizado pela quadrilha. “Ficamos com medo da quadrilha voltar. Ficamos onde agora? Ninguém aguenta mais tanta violência. Tivemos uma vida de luta e de trabalho para ter estes bens que foram roubados da gente. Eles levaram a chave do nosso carro, ficamos pensando que eles vão querer voltar. Tivemos que chamar um chaveiro para trocar a chave e gastamos mais de R$ 600 pra isso”, comenta.
Por fim, a vítima ressaltou que todos os criminosos estavam com boné e a identificação foi dificultada pelos momentos de terror enfrentados pelo casal, no entanto ela conseguiu perceber que um dos indivíduos possuía barba, outro era alto e o terceiro não foi possível de ser identificado. “Estamos com medo. Queremos que eles sejam presos e que não voltem nunca mais”, finaliza a senhora.