A onda de violência em Paranaguá tem assustado os moradores na cidade. Diariamente, a população tem acompanhado que o número de homicídios tem sido alto no município. A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SESP) divulgou as estatísticas de homicídios em Paranaguá e em todo o litoral com os dados registrados no ano de 2017.
Nos primeiros quatro meses, ou seja, de janeiro a abril de 2017, foram 16 homicídios dolosos. Neste ano de 2018, com base em casos divulgados na imprensa, já foram contabilizados 36 homicídios. O alto índice chama a atenção, já que isso representa um aumento de 125% nas estatísticas. Já de janeiro a dezembro de 2017, foram constatados, apenas em Paranaguá, 44 homicídios dolosos e um latrocínio, roubo seguido de morte. As regiões que mais registraram casos foram a Ilha dos Valadares e a Vila dos Comerciários.
NO LITORAL
Em todo o litoral paranaense, durante 2017, houve três homicídios dolosos em Antonina, nenhum em Guaraqueçaba, 24 em Guaratuba, 22 em Matinhos, um em Morretes, 44 em Paranaguá e 12 em Pontal do Paraná, totalizando 106 casos. Em 2016, o número foi ainda maior, de 3 em Antonina, um em Guaraqueçaba, 27 em Guaratuba, 18 em Matinhos, 10 em Morretes, 45 em Paranaguá e 16 em Pontal do Paraná, totalizando 120 homicídios. Em 2018, o total no litoral já está em 61.
Segundo a SESP, os inquéritos policiais instaurados pela Polícia Civil são utilizados para delimitar a capitulação legal de cada delito e, consequentemente, a forma como são agregadas. A SESP mantém o compromisso da divulgação trimestral dos relatórios estatísticos, buscando cada vez mais aumentar a democratização da informação e a excelência do atendimento ao cidadão e ao Governo do Estado.
INVESTIGAÇÃO
O delegado-adjunto da 1.ª Subdivisão Policial de Paranaguá, Nilson Diniz, destacou que muitos casos ocorridos neste ano já possuem autorias definidas.
“Embora este número de 36 homicídios cometidos neste ano salte aos olhos no final de abril, eu posso deixar claro que a grande maioria, de 85% a 90%, já possui autoria definida. Já sabemos quem são os autores destes homicídios e estas pessoas vão ser responsabilizadas”, garantiu o delegado.
Segundo ele, a investigação de homicídio demanda um trabalho cuidadoso para coleta do maior número de dados possíveis. “Temos quatro investigadores da Polícia Civil de Paranaguá e um escrivão somente para a condução destes inquéritos policiais, algo que está possibilitando um trabalho de excelente qualidade. Dos 36 homicídios, eu posso garantir que 31 já possuem autoria definida. Essas pessoas serão capturadas, serão encarceradas e não irão mais compartilhar o convívio com as pessoas de bem da sociedade de Paranaguá”, afirmou Diniz.
OPINIÃO
A moradora na Vila Guarani, Solange Gouvêa, afirmou que se sente amedrontada com a onda de violência observada na cidade. “A criminalidade aumentou demais, por pouco não presencio na frente da minha casa um rapaz morto. Não imaginava que isso pudesse acontecer tão próximo de casa, moro sozinha e, por isso, não tenho mais coragem de sair à noite. Quando tenho que sair sozinha, não carrego mais bolsa”, contou Solange sobre sua mudança de comportamento.
Para ela, muitos crimes poderiam ser evitados se houvesse mais atenção e investimentos das autoridades para a segurança pública no município. “Acho que precisam investir muito no policiamento, muitos dos crimes são motivados pelo uso de droga, hoje não temos mais confiança em ninguém”, opinou Solange.
Assim como ela, a moradora no Jardim Ouro Fino, Roseli Siau, também tem se sentido insegura. Atuando em um colégio no bairro Porto Seguro como agente educacional, Roseli acompanha de perto a postura dos jovens com relação à criminalidade e também educação. “Tivemos jovens que morreram em função da criminalidade. Esse número, sem dúvida, aumentou muito, pois antes ficávamos sabendo de um ou outro, mas agora vimos essa violência mais perto da gente. Hoje, sempre que possível, não carrego mais celular nem carteira, porque não dá mais”, revelou Roseli.
Para diminuir os índices de homicídios e tornar Paranaguá uma cidade mais segura, a agente educacional acredita que é preciso haver uma mudança na sociedade como um todo. “É difícil pensarmos o que poderia ser feito para solucionar o problema. Acredito que tenha que mudar a lei, porque a polícia prende, mas logo é obrigada a soltar. Acho que se mudasse a lei, intimidaria um pouco. Tem muito a ver com família também, essa estrutura está fraca e isso reflete nos homicídios que vemos hoje”, analisou Roseli.