A Páscoa tem um simbolismo grande para os cristãos, por retratar a morte e a ressurreição de Jesus. Geralmente, é um período de reflexão, de recomeços, de se voltar para o mundo interior. Com a pandemia e as pessoas isoladas em suas casas, distantes de familiares e de comemorações no Domingo de Páscoa, a realidade deve ser outra neste ano. O psicólogo e diretor de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Felipe Carvalho, deu algumas dicas de como tornar esse momento melhor.
Para Felipe, é preciso lembrar que assim como nem sempre estar perto é o mesmo que estar junto, nem toda distância separa. “Nem toda distância é ausência. Os sentimentos e afetos possuem outras coordenadas para além do tempo e do corpo presente e neste período de isolamento social, é possível que se experimente isto com mais intensidade”, observou o psicólogo.
Ele mencionou alguns exemplos de ações encontradas pela população para diminuir esse distanciamento físico. “As canções, orações, apresentações, os parabéns das sacadas para a vizinha aniversariante, os grupos solidários que organizam idas ao supermercado para os vizinhos idosos, as redes de apoio mútuo que estão se criando espontaneamente, o simples ato de se usar máscara para cuidar do outro, todos estes são exemplos de como a distância pode aproximar as pessoas, seja através do cuidado, da solidariedade ou de uma causa mútua que é a preservação da vida. Nesse contexto não seria inadequado propor que o pensamento seja de união”, afirmou.
Propor a reunião de familiares não é aconselhável pelas autoridades de saúde, por isso o psicólogo acredita que é importante passar pelo ritual religioso de celebração da Páscoa de outras maneiras. “Hoje em dia dispomos de uma infinidade de recursos tecnológicos e com uma dose de criatividade, que aliás o momento exige, é possível fazer desta uma Páscoa diferente daquela festa que sempre se comemorava da mesma forma, ano após ano. O importante é não passar em branco”, destacou Felipe.
Segundo ele, esses rituais resgatam valores, crenças, costumes e a própria história de uma comunidade.
Conecte-se à família
Muitos aguardam feriados como o de Páscoa para rever familiares que moram em outras cidades e vivenciar a tradição da Páscoa. Para diminuir essa ausência, Felipe afirma que é importante tentar fazer com que os avós e avôs que estão distantes, sintam-se participantes e pertencentes deste momento.
“Aqui, mais uma vez, a tecnologia e a criatividade servem bem ao propósito. Então: telefonar para pedir ajuda no preparo de uma receita, propor que as crianças enviem cartinhas virtuais para os avós, convidar para uma oração através de videoconferência ou chamada de vídeo, são gestos simples e ajudam a encurtar a distância”, sugeriu o psicólogo.
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