Páscoa

Bispo de Paranaguá fala sobre a celebração e os ensinamentos da Páscoa

Momento convida os cristãos a refletirem sobre a esperança e no que pode ser feito para ter vida nova

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Chegou a Páscoa, uma das datas mais importantes para a Igreja Católica. As comemorações religiosas evidenciam o Cristo ressuscitado, aquele que venceu a morte para salvar seu povo, fazendo florescer a esperança de dias melhores entre os cristãos. O bispo de Paranaguá, Dom Edmar Peron, explicou sobre a forma que a Páscoa é retratada no texto bíblico e quais os ensinamentos que este momento propõe em consonância com os dias atuais. Confira:

Qual o significado da Páscoa e como deve ser comemorada?

Dom Edmar: As raízes dessa festa estão no antigo testamento, quando Deus querendo cuidar do seu povo e libertá-lo, chamou para o deserto. E, naquela noite da saída, houve uma Páscoa. Isto é, uma ceia onde eles comeram às pressas, com os vizinhos e saíram em libertação tendo que passar pelo mar vermelho. Vemos no Antigo Testamento a Páscoa como uma passagem de Deus para libertar. Sabemos que essa libertação vai sendo conquistada dia após dia. Muitas vezes, o povo de Israel precisou retomar o seu compromisso com Deus e ir avante na sua caminhada. Nós consideramos que essa caminhada atinge seu ponto alto na pessoa de Jesus, na sua cruz, sepultura e ressurreição, o que chamamos de mistério pascal. A Páscoa é essa outra passagem da nossa libertação total do pecado e da morte. Nós juntamos o início da caminhada de libertação do povo de Israel e a igreja que olha para Cristo e encontra nele a sua libertação. A cada ano celebramos isso, reconhecendo que também nós como igreja somos um povo de peregrinos e precisamos buscar em Cristo essa libertação.

Qual a reflexão que podemos ter nesse momento, principalmente tendo em vista o tema da Campanha da Fraternidade?

Dom Edmar: As campanhas sempre estão dentro deste horizonte de libertação que é de Deus que cuida do seu povo, concreta, com os pés no chão. A campanha entra nesse contexto de busca de vida nova, mas olhando para algo concreto que é a fome. Às vezes pensamos em algo abstrato, mas a campanha olha para os necessitados de alimento, para quem passa fome. Nas ações da igreja em favor dessas pessoas, ajudando a passar pelas situações de fome, acontece também uma páscoa. Isto é, uma passagem de Deus na vida daquelas pessoas. Deus passou antes por nós para nos conscientizarmos da necessidade de ir ao encontro dessas pessoas e quando as ajudamos chamamos Páscoa naquela situação concreta. Há muitas estatísticas a respeito disso e mesmo as oficiais divulgadas pelo governo são muito grandes em relação a um País como o nosso que poderia ter comida para todos.

Quais os ensinamentos que podemos tirar da Páscoa para uma vida melhor?

Dom Edmar: A Páscoa ensina, em primeiro lugar, que nada é definitivo. Aqueles que pretendiam acabar com Jesus o levaram à morte. Parecia que essa morte tinha colocado um fim, que era definitivo. O texto bíblico fala de colocar Jesus no sepulcro e rolar uma pedra. Portanto, colocar uma pedra sobre tudo isso, não se tem mais esperança e, para usar uma expressão também dos discípulos de Emaús, “nossa esperança morreu”, esperava-se que Jesus fosse o libertador e nada aconteceu. Páscoa para nós é a certeza de que nada é definitivo, nem o mal e nem o bem irá durar para sempre. A reconciliação em família não é definitiva, precisamos cuidar sempre do amor e dos laços para que essa reconciliação prossiga com o tempo. A Páscoa nos dá isso, que é sempre possível dar um passo novo e a ressurreição de Jesus nos ensina de que é possível em Deus irmos para a frente, não existe uma pedra que nos impede de dar um passo novo. A segunda característica é de que vivemos de esperança. Não a de quem cruza os braços, mas a esperança da libertação nos leva a olhar a ação. Cruzar os braços é atitude cômoda, preguiçosa, não é a esperança cristã e sim porque eu creio que Jesus ressuscitou e que há vida nova para todos é que eu vou fazer, me empenhar, me comprometer. Essa confiança em Deus, de que é possível dar um passo novo porque Jesus ressuscitou e a esperança estão ligadas e nos nossos dias são atitudes fundamentais. O nosso tempo carece de confiança e esperança.

O que se deve transmitir às crianças nesse período de Páscoa?

Dom Edmar: Devemos ensinar alguns gestos do evangelho, que coloca o respeito pelas pessoas, não condenar ninguém. As crianças são capazes de aprender a perdoar, respeitar, rezar, agradecer. Quando conseguimos no diálogo com elas e pelas nossas atitudes despertar isso nelas, estamos despertando Páscoa. Porque o perdão é a passagem do rancor para o perdão, a vingança para a reconciliação, tudo isso é passagem. Com as crianças devemos falar das coisas bem concretas, não adianta fazermos grandes reflexões. Quais seriam, então, os gestos que poderiam passar de coisas ruins para coisas boas? Temos que ajudá-las a despertar as atitudes de Jesus e sentimentos de vida nova. Tudo isso irá contra uma atitude de intolerância crescente entre nós. Se as crianças crescerem sabendo como combater a intolerância, teremos lá na frente bons cidadãos.

Deixe sua mensagem de Páscoa para os cristãos.Dom Edmar: Nós temos a mania de ficar resmungando, murmurando, reclamando. Que nesta Páscoa nos ajude a sair disso e nos perguntarmos o que podemos fazer para que na minha família haja Páscoa, algo novo e bonito. O que eu posso fazer para que no meu bairro, na minha cidade aconteça algo novo? Eu acredito que quando nós tivermos essa mentalidade no meu trabalho, na minha vizinhança, na minha família, na minha escola, sobre o que a gente pode melhorar, desejo que isso aconteça no coração. Porque assim estaremos acolhendo a proposta de Jesus que é Páscoa de ressurreição, de vida nova, que acontece pela graça de Deus, mas nunca sem o nosso compromisso.

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.