Luiz Carlos Niz está prestes a completar 70 anos e há sete meses tomou uma decisão que mudou sua vida: foi morar no asilo. A ideia surgiu para espantar a solidão na quitinete em que morava em Paranaguá.
Natural de Curitiba, veio para o litoral na década de 1980 para trabalhar na viação graciosa onde atuou por uma década como gerente do setor de encomendas. Depois juntamente com um amigo ajudou a abrir uma transportadora. Seu Luiz precisou se afastar do trabalho em virtude de problemas de saúde.
Divorciado há 4 anos e pai de 5 filhos, decidiu viver juntamente com outros idosos para ter com quem conversar. “Engana-se quem pensa que é um lugar de solidão e tristeza. Pelo contrário. Estamos sempre recebendo visitas e fazendo novos amigos, independente de religião todos trazem amor aqui para dentro. Recebo também a visita dos filhos. Não tenho vontade de voltar a morar sozinho”, contou.
Antes de estar no asilo, sua vida era também voltada para o esporte. Participava com assiduidade dos jogos de futebol na AABB. Aliás o esporte sempre fez parte de sua vida. Em Curitiba, ele teve uma vida de atleta, passando pelos times Santa Quitéria, Novo Mundo, Capão Raso, Iguaçu de Santa Felicidade e outros, competindo pela suburbana.
Em meio ao trabalho e ao esporte, nunca deixou de escrever, sendo este o seu maior hobby. Seu Luiz possui inúmeras pastas com mais de 800 poesias datilografadas. “Escrevo desde os 20 anos. Ultimamente passei a escrever bem mais porque finalmente agora tenho mais tempo e as lembranças do passado estão aflorando trazendo inspiração. Trabalhei muito em minha vida, foram 55 anos diretos, praticamente sem férias. Agora estou descansando”, ressaltou.
“Agora estou aproveitando mais a vida, descansando conversando com as outras pessoas. Tenho mais tempo para ouvir e ser ouvido, escrever e descansar. Vivo com uma pequena aposentadoria, é o suficiente para mim. Mas não me possibilita comprar um celular para poder digitar meus poemas e manter contato com outras pessoas. Ter um celular é meu sonho, atualmente”, destacou.
Um dos versos de seu poema exposto nas paredes do asilo diz: “Eu quero ficar só. O tempo passa. A noite chega. As horas se foram e os dias sumiram. Eu quero ficar só….”