Na última semana, o Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), através do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), emitiu um alerta de que o aumento de lixos descartados e restos de alimentos deixados por pessoas nas praias do litoral do Paraná gera uma ameaça à vida marinha. Um exemplo é de que em janeiro, quatro dos sete Gaivotões (Larus dominicanus) resgatados em praias do litoral, recuperados e soltos pelas equipes em Pontal do Paraná, no balneário Pontal do Sul, apresentaram intoxicação, algo possivelmente associado à toxina botulínica (botulismo), gerado pela ingestão de lixo nas praias pelos animais.
Segundo o LEC, a enfermidade das aves marinhas é ocasionada por alimentos que são contaminados pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, algo que causa paralisia, debilitação e pode gerar morte dos animais. “Dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal, ele pode chegar a perder a movimentação dos membros, também pode ter dificuldade para respirar, podendo ter complicações pulmonares severas ou até mesmo ir a óbito”, afirma o médico veterinário do PMP-BS, Fábio Henrique de Lima.
O LEC ressalta que o Gaivotão é uma espécie que possui hábitos alimentares oportunistas, buscando diferentes tipos de alimentos em ambientes e lugares instintos, constando entre eles inclusive restos de comida deixados por humanos, assim como diversos lixos deixados de forma indevida nas praias. “Os resíduos alimentares podem ser fonte de inúmeros microrganismos que causam doenças para a fauna, e os lixos plásticos e demais embalagens descartadas indevidamente podem carregar patógenos, mas também ser fonte de contaminação química e causar lesões físicas à fauna marinha. Estas são ameaças para a conservação de muitas espécies que vivem na zona costeira e no mar”, ressalta a bióloga coordenadora do PMP-BS, Camila Domit.
“As aves resgatadas pela equipe do LEC, via PMP-BS, receberam atendimento da equipe multidisciplinar e recuperaram a condição de saúde, podendo voltar saudáveis à natureza. Mas é importante destacar a preocupação com o ambiente de retorno, pois estão repletos de lixo e restos de comida”, ressalta o Laboratório.
Década do Oceano
Um oceano limpo é um dos 8 desafios para a Década do Oceano, sendo estabelecido, inclusive, um Plano Nacional no Brasil para o combate do lixo no mar”, afirma Domit, frisando que a preocupação vai muito além do lixo no mar somente nas águas paranaenses. A bióloga salienta que a questão dos resíduos em locais indevidos nas praias e oceanos deve gerar engajamento de toda a sociedade.
“A Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas como o período de 2021 a 2030, é um período dedicado a estimular o conhecimento sobre o mar em busca de um oceano limpo, saudável, previsível, seguro, produtivo e conhecido. Essa iniciativa reúne esforços a nível global e a UFPR, através do LEC”, ressalta o LEC.
Com informações do LEC/UFPR