Autoridades do Governo Federal e a Itaipu Binacional assinaram, nessa quarta-feira, 2, um protocolo de intenções da iniciativa Cozinhas Solidárias Sustentáveis, que prevê o fornecimento de equipamentos de “cocção limpa” para o preparo de refeições e a instalação de biodigestores. Os equipamentos transformarão resíduos orgânicos em biogás, que será utilizado para o cozimento dos alimentos, promovendo, assim, um ciclo de aproveitamento sustentável.
O evento foi realizado em paralelo ao encontro do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, em Foz do Iguaçu (PR), e teve a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; a ministra da Mulher, Cida Gonçalves; o presidente e CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evandro Gussi; o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, e demais diretores de ambas as margens da Binacional.
A iniciativa foi criada no âmbito do Programa Cozinha Solidária, do Governo Federal, a partir de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Secretaria Geral da Presidência. A ação, que está vinculada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 da ONU – energia limpa e acessível e ao ODS 2 – fome zero e agricultura sustentável, tem o apoio da Itaipu Binacional.
“Este projeto é extremamente importante, pois trata de um assunto que é pauta do G20 nesta semana: a transição energética. O índice de mulheres que se ferem por falta de dinheiro para controlar o gás é altíssimo, e isso não aparece nas estatísticas. A existência do projeto da economia solidária é crucial para a socialização do alimento. Começaremos com sete cozinhas, que servirão como protótipos, mas pretendemos chegar a 100 cozinhas. A Itaipu assume essa missão como uma obrigação, determinada pelo presidente Lula”, afirmou Verri.
O ministro de Estado de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a convergência entre o setor público e privado que defende a coletividade e a sociedade. “É fundamental reconhecer que a verdadeira transformação social exige um diagnóstico preciso das desigualdades que persistem em nossa sociedade, e que somente através da colaboração e da implementação de políticas públicas inclusivas podemos construir um futuro mais justo e solidário”, explicou.
Andréa Elias de Sousa Alves, representante da Cozinha Solidária Sol Nascente, do Distrito Federal, comentou sobre a importância do projeto na vida de muitas mulheres. “As cozinhas solidárias têm o poder de transformar vidas, livrando mulheres da miséria e do suicídio e ensinando-as sobre seu valor e direitos. Este projeto não é apenas sobre se alimentar; é sobre educação, solidariedade e empoderamento, mostrando que as mulheres brasileiras são capazes de ocupar muitos lugares na sociedade.”
O projeto prioriza cozinhas chefiadas por mulheres, em especial mulheres negras, e que precisem de suporte e apoio. As sete unidades selecionadas para receber os biodigestores foram escolhidas levando em consideração a capacidade de oferta de refeições e espaço para instalação do biodigestor.
– Cozinha Solidária Paz e Bem, em Fortaleza (CE);
– Cozinha Solidária Sol Nascente, em Brasília (DF);
– Cozinha Solidária Padre Orestes, em São Leopoldo (RS);
– Cozinha Solidária Dandara Resiste, no Rio de Janeiro (RJ);
– Cozinha Solidária AMD (Associação Moradia Digna), em Boa Vista (RR);
– Cozinha Popular Solidária Mãos de Mulheres, em Ananindeua (PA);
– Casa de Acolhida Filhos Prediletos, em Foz do Iguaçu (PR).
A iniciativa Cozinha Solidária Sustentável também irá instalar placas solares nas unidades apoiadas, para garantir a produção de energia elétrica.
Protocolo de intenções
Durante o ato de lançamento da iniciativa, foi assinado um Protocolo de Intenções para implementação de estruturas que promovam a sustentabilidade do ciclo de produção de alimentos e a equidade de gênero. Assinaram o documento o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; a ministra substituta da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelli Mafort e, pela Itaipu Binacional, o diretor-geral brasileiro, Enio Verri, e o diretor-geral paraguaio, Justo Zacarías Irún. Maria Alves Ferraz de Matos, da cozinha solidária do Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem-Teto (MTST) foi convidada como testemunha do ato da assinatura.
Contexto e objetivos
Mais de 2,3 bilhões de pessoas, em todo o mundo, não têm acesso a fontes de energia limpas, um problema discutido nas reuniões do G20. A ação surge no contexto do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 e em sinergia com a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que visa reduzir desigualdades e contribuir com parcerias globais para o desenvolvimento sustentável, defendendo caminhos de transição sustentáveis, inclusivos e justos.
A secretária Nacional de Segurança Alimentar, Lilian dos Santos Rahal, destacou a importância da colaboração entre diversos órgãos, como o Ministério de Minas e Energia, a Secretaria-Geral da Presidência, e a Itaipu Binacional. “Este momento é crucial para celebrarmos parcerias que visam apoiar as cozinhas solidárias, especialmente aquelas que atendem populações em situação de vulnerabilidade”, afirmou Rahal. O programa, sancionado pelo presidente Lula em julho do ano passado, tem como objetivo implementar tecnologias sociais em cozinhas solidárias espalhadas pelo Brasil.
Desde o início de 2023, o Governo Federal tem mapeado 2.400 cozinhas solidárias, com uma concentração maior nas regiões Sudeste e Nordeste. O apoio financeiro já foi iniciado para 336 dessas cozinhas, que agora recebem alimentos provenientes da agricultura familiar.
A iniciativa Cozinhas Solidárias Sustentáveis foi lançada como um projeto piloto que visa integrar a segurança alimentar com práticas sustentáveis em todo o Brasil. A ação, resultado de uma colaboração entre o Ministério de Minas e Energia, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a Secretaria-Geral da Presidência e a Cáritas Nacional, tem como objetivo expandir o programa existente de cozinhas solidárias para incluir tecnologias que promovam a transição energética.
As cozinhas escolhidas incluem localidades no Sul, Norte e outras regiões, levando em consideração as necessidades específicas de cada área, como a presença de população em situação de rua e as consequências de desastres naturais.
Essa abordagem não apenas visa reduzir os custos operacionais das cozinhas ao eliminar a dependência do gás convencional, mas também contribuirá para a sustentabilidade ambiental ao minimizar o desperdício. O projeto enfatiza a importância da inclusão social e da equidade de gênero, já que muitas das cozinhas são geridas por mulheres. O acompanhamento será realizado por gestores especializados nas áreas ambiental e de gênero, garantindo que as práticas sustentáveis sejam implementadas de forma eficaz.
A iniciativa é parte de um esforço mais amplo para combater a fome e promover a segurança alimentar no Brasil, alinhando-se com discussões globais sobre transições energéticas e desenvolvimento sustentável. Com essa ação, espera-se não apenas melhorar a oferta de refeições para populações vulneráveis, mas também fomentar uma economia circular nas comunidades atendidas.
Fonte: Itaipu