Meio Ambiente

Em um mês, 146 tartarugas encalharam no litoral do Paraná

Deste total, LEC aponta que apenas três animais foram encontrados vivos

1 tartaruga encalhada no litoral do parana

Número de encalhes possui relação com interação humana com o ambiente marinho, constando captura acidental em atividades pesqueiras e o descarte inadequado de resíduos (Foto: LEC)

Na segunda-feira, 2, a equipe técnica do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pelo Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), divulgou um número que serve de alerta: entre 20 de outubro a 20 de novembro de 2024, um total de 146 tartarugas-marinhas foram encontradas encalhadas no litoral do Paraná, sendo que apenas três delas estavam vivas. De acordo com os dados do LEC, os encalhes possuem relação com interação humana com o ambiente marinho, constando captura acidental em atividades pesqueiras e o descarte inadequado de resíduos, sendo que a maioria das tartarugas foram encontradas em Pontal do Paraná e Matinhos. 

Em um período de 30 dias, os encalhes foram registrados nos municípios de Pontal de Paraná e Matinhos (52), em Guaratuba (13), em Guaraqueçaba (10) e em Paranaguá (7). “Diferente dos anos anteriores, o número de encalhes de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) foi superior ao de outras espécies, que somaram 82 ocorrências para o período. Na costa brasileira são encontradas as seguintes espécies: tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Leptochelys olivea) e a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)”, detalha o Laboratório.

De acordo com a assessoria, além das tartarugas-cabeçudas, os registros de encalhes também foram de  54 tartarugas-verdes, quatro tartarugas-oliva , uma tartaruga-de-pente e cinco tartarugas marinhas em avançado estágio de decomposição, algo que impossibilitou a identificação da espécie.   “O encalhe de tartarugas-cabeçudas é frequente nesta época, especialmente entre os meses de julho e dezembro, e pode estar relacionado a pescarias industriais específicas que interagem negativamente com estes animais (conforme pesquisa recém publicada pela equipe do laboratório)”, destaca.

Interação humana

Segundo a bióloga e coordenadora do PMP-BS/LEC-UFPR, Dra. Camila Domit, os encalhes de tartarugas-cabeçudas têm uma relação direta com as atividades humanas. “A interação humana com o ambiente marinho, como a captura acidental em atividades pesqueiras e o descarte inadequado de resíduos, somada aos efeitos das mudanças climáticas, têm contribuído para o aumento dos encalhes de tartarugas marinhas. É essencial comunicar os resultados a toda a sociedade e incentivar práticas mais sustentáveis, como o uso de tecnologias que minimizem a captura acidental e a redução da poluição marinha. Além disso, a conservação dos habitats costeiros e a implementação de políticas públicas efetivas são passos fundamentais para reverter esse cenário e garantir a sobrevivência dessas espécies ameaçadas”, afirma.

Tartaruga-cabeçuda e ameaças

Segundo o LEC, a tartaruga-cabeçuda é caracterizada por sua grande cabeça e mandíbulas robustas, adaptadas para esmagar crustáceos e moluscos, que compõem sua dieta principal. “Essa espécie pode ser encontrada em áreas com águas temperadas e tropicais. No Brasil, utiliza a costa para alimentação e reprodução, com desovas principalmente no litoral norte da Bahia, Sergipe e Espírito Santo.  A espécie enfrenta ameaças como a captura acidental em atividades pesqueiras, interações com lixo marinho, colisões com embarcações, poluição química e sonora, além da degradação de habitats costeiros”, informa a assessoria.

Monitoramento e sua importância

De acordo com o laboratório, o registro contínuo de animais marinhos mortos permite a coleta de dados importantes para a conservação das espécies e de seus habitats no litoral paranaense. Outro ponto é a contribuição com a saúde pública, pois a medida permite avaliação de alterações ambientais e doenças emergentes. “O monitoramento contínuo realizado pelo PMP-BS é crucial para entender as causas dos encalhes e avaliar o impacto das ameaças enfrentadas pelas tartarugas marinhas. Esses dados fornecem subsídios valiosos para ações de conservação, desde a proteção de habitats até o desenvolvimento de estratégias para reduzir interações negativas com atividades humanas. Além disso, o resgate e reabilitação de animais vivos são fundamentais para garantir a recuperação de indivíduos debilitados e reforçar os esforços de preservação da biodiversidade marinha”, finaliza Domit.

PMP-BS 

“A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. No estado do Paraná, Trecho 6, a execução é realizada pela equipe LEC/UFPR (@lecufpr e www.lecufpr.net)”, finaliza o LEC.


Com informações da UFPR/LEC

Em um mês, 146 tartarugas encalharam no litoral do Paraná

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Em um mês, 146 tartarugas encalharam no litoral do Paraná

Leonardo Quintana Bernardi

Jornalista graduado pela PUC-PR com atuação desde 2012 no jornalismo impresso, online e em audiovisual, bem como em assessoria de comunicação. Já trabalhou em órgãos públicos, jornais locais, freelances em veículos de alcance nacional e desempenha suas funções na Folha do Litoral News desde 2017. Defensor do jornalismo como meio de transformação social.