O avistamento de uma baleia-jubarte dando espetáculo a cerca de oito quilômetros da costa na baía de Guaratuba, chamou a atenção na terça-feira, 20. O momento foi registrado pelo mergulhador Gustavo Tauchen enquanto ele e alguns pescadores tentavam, pelo segundo dia, resgatar uma embarcação naufragada no mar. Nas imagens, é possível ver o animal saltando para fora d’água e proporcionando uma interação única com a natureza aos espectadores.
No vídeo divulgado por Gustavo, é possível ouvir a empolgação e a alegria dele e dos pescadores, enquanto o mergulhador narra a presença do animal a alguns metros de distância do barco onde ele estava.
“Estamos aqui no resgate do barco do amigo que naufragou, de presente a baleia, coisa mais linda. Guaratuba, litoral do Paraná! Duas bençãos, uma a baleia e outra que o barco subiu, maravilha. Obrigado senhor! É bonito, é Guaratuba, é o Paraná Brasileiro. É muito lindo e ela não para”, comemorou Gustavo no vídeo.

Presença de baleias-jubarte na costa paranaense
Segundo Camila Domit, coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é comum a presença de baleias-jubarte próximas à costa do litoral do Paraná entre os meses de maio e outubro. Nesse período, elas migram para o Brasil em busca de águas mais quentes para se reproduzir. Já entre setembro e outubro, iniciam o retorno para a Antártida, onde se alimentam.
“A questão é que geralmente passam mais distante da costa de Santa Catarina e Paraná e por isso não temos muitas avistagens. Em alguns anos temos visto esta aproximação maior da zona costeira do estado”, explicou Camila.
De acordo com ela, a baleia avistada na baía de Guaratuba estava apenas de passagem.
“Elas estão apenas de passagem entre a região antártica e norte de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e nordeste brasileiro onde tem mais registro e áreas de reprodução”, contou.
Segundo Camila Domit, a mudança de rota e a aproximação das baleias à costa do litoral do Paraná podem estar relacionadas à saúde do ecossistema local, podendo ser um reflexo das mudanças climáticas e de seus efeitos no oceano.
“Avaliando a saúde destes animais que estão chegando poderemos discutir melhor saúde oceânica”, explica.
O avistamento feito pelos pescadores pode contribuir para pesquisas científicas.
“Todas as avistagens feitas pela sociedade de maneira geral somam ao conhecimento científico, e é muito importante que possamos reunir estas informações para melhor compreender a forma de uso das regiões pelas diferentes espécies”, finaliza Camila.
Baleia Jubarte
Conforme o Instituto Baleia Jubarte, o animal, cujo nome científico é Megaptera novaeangliae – “grandes asas da Nova Inglaterra”, referência às enormes nadadeiras peitorais e à região dos Estados Unidos na qual a espécie foi identificada pela ciência pela primeira vez é uma das mais conhecidas e mais queridas dentre as grandes baleias que habitam os mares do planeta.

As jubartes podem atingir até 16 metros de comprimento e pesar até cerca de 40 toneladas. Elas são facilmente identificáveis pela coloração quase negra do corpo, pela nadadeira dorsal típica da espécie e pelas grandes nadadeiras peitorais, geralmente brancas, que podem medir até um terço do comprimento do corpo. A cauda também se destaca: sua face inferior possui padrões únicos de branco e preto, o que permite a identificação individual de cada animal.