No dia 27 de maio foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica. O objetivo da criação da data é conscientizar a população para a conservação, recuperação e uso sustentável do bioma. A APA (Área de Proteção Ambiental) de Guaratuba, no litoral do Paraná, é uma região rica em biodiversidade, beleza cênica e importância ecológica ímpar.
A APA é uma unidade de conservação que tem como objetivo principal a conservação da biodiversidade conciliada à ocupação humana e o uso sustentável dos recursos naturais.
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O território possui classificação internacional de Sítio Ramsar, adquirido pela importância de suas áreas úmidas e habitats aquáticos fundamentais para a sobrevivência de diversas espécies. Criada em 1992, pelo Decreto Estadual n.º 1.234, a APA de Guaratuba possui área de aproximadamente 200 mil hectares, distribuída pelos municípios de Guaratuba, Matinhos, Tijucas do Sul, São José dos Pinhais, Morretes e Paranaguá.
A região possui manguezais bem conservados, matas periodicamente alagadas e ecossistemas únicos que abrigam plantas e animais adaptados à dinâmica das marés e às águas que podem ser doces, salobras ou salgadas.
Essa variedade de habitats proporciona uma grande variedade de fauna e flora, incluindo aves, tartarugas marinhas, golfinhos e uma abundância de peixes, caranguejos e outras espécies. Sua localização estratégica a torna área de reprodução, alimentação e refúgio para diversas espécies ameaçadas de extinção, residentes e migratórias vindas de outros países.
“Esse é um dos raros redutos da Mata Atlântica e dessa intersecção mar-terra. Uma planície litorânea que tem um bioma importantíssimo com poucos remanescentes ao longo da costa brasileira”, destaca o oceanógrafo Frederico Pereira Brandini, fundador da Associação MarBrasil.
“É uma obrigação da sociedade atual somar esforços e angariar recursos humanos e financeiros para poder preservar o que ainda resta de natureza. Isso é importante até do ponto de vista econômico, tendo em vista o potencial turístico da região e de produção de recursos pesqueiros”, completou Frederico.
Pesquisas na área de biodiversidade no litoral do Paraná
No litoral do Paraná, o Programa de Recuperação da Biodiversidade (Rebimar V) da Associação MarBrasil vai dedicar esforços para aprofundar o conhecimento sobre a APA de Guaratuba. Pesquisadores de diversas instituições de ensino avaliam as ameaças para estes ecossistemas e sua biodiversidade, contribuindo com a conservação e o fortalecimento de abordagens mais sustentáveis para o desenvolvimento local.
“Será um desafio gigante para nossa equipe, pela importância da região, pela dimensão territorial e pela dificuldade de acesso e demandas logísticas que a região traz. Mas começamos a ter agora um olhar maior para essa baía e buscar informações sobre a ocorrência e ameaças aos animais marinhos e costeiros da região”, explica a bióloga Camila Domit, coordenadora técnica das ações com tartarugas-marinhas.
Em especial sobre o projeto da Ponte de Guaratuba, para Domit, apesar das alterações no ambiente com a obra, haverá benefícios para a fauna marinha com o tempo.
“Para os animais marinhos será melhor que exista um impacto agudo, mas monitorado e aplicado com uso de todos os equipamentos e tecnologias de redução de impacto (estratégias mitigadoras), do que manter a situação de impactos crônicos como é atualmente o causado pelo ferry-boat, embarcação geradora de grande problema para mamíferos aquáticos e, provavelmente, um dos impulsionadores do afastamento dos golfinhos daquela região”, explica.
Com informações da Assessoria