Muitos moradores em Paranaguá se assustaram com a maré alta que fez com que as águas dos rios invadissem casas em diversos bairros da cidade a partir do meio-dia. Ponta do Caju, Rua da Praia, Santos Dumont, Costeira e São Vicente foram alguns dos locais em que a população percebeu o fenômeno. Uma moradora na Vila São Vicente chegou a ter um dos quartos da sua residência incendiado após um curto-circuito provocado pela invasão da água.
A oceanógrafa Lilyane de Oliveira Santos explicou que o fenômeno é conhecido também como “supermaré” e acontece quando coincide a lua cheia com um período de ondas grandes. O motivo de tantos estragos desta vez foi a intensidade com que o fenômeno aconteceu. Mas, não há relação com o ciclone, como algumas pessoas chegaram a cogitar. “O fenômeno aconteceu em todo o litoral, mas depende da proximidade das casas com a água. Em Pontal do Paraná, a maré também ficou bem alta, mas não foi sentido tanto devido à presença da restinga”, afirmou Lilyane.
Na casa da moradora no bairro Costeira, Arminda Gardino, faltou pouco para a água não atingir os móveis. “A água atingiu várias casas depois do meio-dia e avançou rápido, quase que entra na minha casa. Geralmente a maré fica bem longe daqui”, contou. Próximo das 15h, os moradores perceberam que a água começou a recuar.
A moradora da Ponta do Caju, Débora Cristina Pinheiro Santana, disse que há 22 anos houve algo parecido na região em que mora. “Moro há 29 anos aqui e só vi isso acontecer uma vez e foi maior que essa. Na época, meu pai tinha uma canoa e foi me buscar, pois não tinha como chegar em casa. Às vezes, a maré avança, mas não chega tão perto assim. Isso prejudica a gente porque fica muita sujeira nas ruas, além de dificultar o acesso às casas”, disse Débora.
SUSTO
A moradora na Vila São Vicente, Zenail dos Santos Martins, relatou que um dos cômodos de sua casa pegou fogo, devido à entrada de água. “Queimou um computador, uma cama, um sofá, tinha as sacolas de lingerie que eu vendo, uma estante, queimou tudo o que tinha no quarto, foi um dano alto para mim”, disse. A dona da casa ressaltou que mora há mais de 20 anos no local e jamais pensou que isso pudesse acontecer.
Alberto Savi, genro de Zenail, foi um dos primeiros a receber a notícia do incêndio. “Provavelmente o filtro de linha molhou e entrou em curto, começou a queimar o computador e queimou todo o quarto da casa. Meu sogro e minha sogra tinham acabado de sair”, relatou.
Segundo Alberto, um vizinho pulou o muro para conter as chamas. “Ele entrou pela janela e conseguiu apagar. Nunca tinha visto algo assim acontecer. Tem períodos que a maré enche, mas nunca desta forma”, concluiu.
