A água própria para consumo ainda é um sonho para três em dez pessoas em todo o mundo, o equivalente a 2,1 bilhões de seres humanos, segundo novo relatório do Fundo Mundial para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). No documento do Programa Conjunto de Monitoramento (JMP), o número dobra quando se trata de esgoto: 4,5 bilhões carecem de saneamento gerenciado de forma segura.
O relatório é a primeira avaliação global dos serviços de água potável e saneamento ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e alerta para os problemas de saúde e desigualdades sociais. Os ODS colocam como meta o acesso universal aos serviços básicos de saneamento até 2030, mas o documento reconhece que, em 90 países, o progresso nos serviços de água e esgoto é muito lento.
Unicef e a OMS alertam para a morte de 361.000 crianças menores de cinco anos, anualmente, por causa de diarreia, doença ligada à falta de saneamento e à água contaminada. Como a diarreia, também a cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide estão ligados a esses problemas.
“Água segura, saneamento eficaz e higiene são fundamentais para a saúde de cada criança e de cada comunidade – e, portanto, são essenciais para a construção de sociedades mais fortes, saudáveis e mais equitativas”, explica Anthony Lake, diretor executivo do Unicef. “Na medida em que melhoramos esses serviços nas comunidades mais desfavorecidas e para as crianças mais desfavorecidas hoje, nós lhes conferimos uma chance mais justa para um futuro melhor”.
Para o presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Mounir Chaowiche, o documento do Unicef e da OMS é um alerta que precisa ser encarado de forma corajosa. “O saneamento é um direito que dá dignidade às pessoas. A Sanepar tem buscado, incansavelmente, recursos financeiros e humanos para que os serviços cheguem a toda a população de todos os municípios que atende, já oferecendo água tratada a 100% de seus clientes. O índice de cobertura com esgoto chega hoje a 70%. São números robustos se comparados à realidade de muitos estados brasileiros e à realidade mundial. Mas, não vamos parar por aí. Nossa meta é a universalização”, explica. Chaowiche lembra, ainda, que a empresa, em parceria com as prefeituras e comunidades, trabalha em áreas rurais e isoladas, com uma equipe especializada para o atendimento em saneamento rural.
A Sanepar investiu R$ 742,4 milhões para manutenção e ampliação de seus serviços, agregando 46 mil novas ligações de água e 94 mil ligações de esgoto, só em 2016. No Paraná, a empresa possui 164 estações de tratamento de água da Sanepar, 239 de esgoto, três aterros sanitários e quase 85 mil quilômetros de tubulação.
Para garantir a qualidade de seus serviços, a companhia realizou mais de 1,7 milhão de análises de água e 44,49 mil de esgoto em 2016. “A qualidade da água está diretamente ligada ao cuidado com o esgoto. Hoje, 100% do que coletamos de esgoto é tratado antes de ser devolvido aos rios. Além disso, desenvolvemos e atuamos em parceria em diversos programas de despoluição de rios e cuidados com matas ciliares e fazemos constantemente diversas pesquisas científicas sobre tecnologias para melhoramento dos serviços e proteção ambiental. Buscamos e apoiamos a proteção legal de florestas, como a dos Mananciais da Serra, de onde vem boa parte da água que abastece Curitiba e a Região Metropolitana, por exemplo. Só em programas de educação ambiental, investimos R$ 6,9 milhões no ano passado. E não vamos parar. Evitar a poluição passa pela conscientização da sociedade e é papel social da Sanepar a luta pela natureza”, diz o presidente.
ODS – A companhia assinou em outubro de 2016 o termo de compromisso com os ODS. “A Sanepar já contribui para o atendimento dos ODS por ter a visão de universalizar os serviços de saneamento para a população do Paraná.
Algumas das iniciativas da Sanepar, com relação com os ODS são o programa Tarifa Social, ligado ao Objetivo 1, que prevê a erradicação da pobreza e o programa de destinação do lodo de esgoto para a agricultura, ligado ao Objetivo 2, que defende a agricultura sustentável. Mounir lembrou de outras ações da empresa, ligadas aos ODS, como a elaboração do inventário de gases de efeito estufa da Sanepar (Objetivo 13, que propõe o combate às mudanças climáticas) e as pesquisas de inovação em saneamento e iniciativas concretas de produção de energia elétrica a partir do lodo de esgoto, ligadas aos Objetivos 9 e 7 (Indústria, Inovação e Infraestrutura e Energia Limpa e Acessível), respectivamente.
Crédito das fotos: Brunno Covello