O projeto da Nova Ferroeste tem uma grande sinergia com o Porto de Paranaguá, destino de 70% da carga que vai circular pela estrada de ferro de 1,3 mil quilômetros que vai ligar o Paraná ao Mato Grosso do Sul. O objetivo do Governo do Estado é que esse ramal ferroviário ajude o desenvolvimento da economia do Paraná e torne as empresas locais mais competitivas.
Na sexta-feira, 1.º, foram apresentados os detalhes do traçado, os investimentos planejados para Morretes e Paranaguá, o processo de licenciamento ambiental e a programação das audiências públicas. O objetivo é levar a Nova Ferroeste a leilão na Bolsa de Valores ainda neste ano.
Em Paranaguá o investimento será de R$ 240 milhões para a construção de viadutos rodoviário e ferroviário. O Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) indicou a necessidade de melhorias na estrutura urbana da cidade para receber as locomotivas. A construção de um viaduto ferroviário na Av. Roque Vernalha e um viaduto rodoviário na Av. Cel. Santa Rita vão dar maior fluidez ao trânsito. O investimento também prevê a requalificação de 10 quilômetros da linha férrea atual até o acesso ao Porto, com a troca completa de trilhos e dormentes.
A Serra do Mar, onde está Morretes, também deve receber a maior fatia das compensações e projetos ambientais. Da capital ao Litoral será construída uma nova descida. A definição do traçado levou em consideração a área de domínio da BR-277, indicada no EVTEA, e coincide com a solução apontada pelo Plano de Desenvolvimento Sustentável do Litoral (PDS-L) há alguns anos. Entre as alternativas, à direita e à esquerda da rodovia, o trecho projetado é o que causa o menor impacto ambiental.
Maior investimento em infraestrutura
O coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, afirmou que, atualmente, não existe nenhum investimento de infraestrutura que consiga atender regiões abaixo do Mato Grosso, exceto São Paulo.
“É a salvação de várias regiões como Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Ou seja, é uma necessidade. É uma infraestrutura que já deveria estar dentro do mapa brasileiro há muito tempo”, declarou Fagundes.
A expectativa é de que o projeto seja levado no terceiro trimestre deste ano para leilão. “O projeto exige um licenciamento ambiental, estágio que está avançado dentro do Ibama. Faremos as audiências públicas ambientais a partir da última semana de abril. No ponto de vista socioambiental está muito maduro, tem sido elogiado em Brasília pela qualidade dos trabalhos e pelo estudo de traçado com os estudos ambientais. Só o estudo de impacto ambiental tem 3200 páginas”, observou Fagundes.
O empreendimento envolve 49 municípios e três Estados. “Esperamos que as obras ocorram a partir de 2025 e no nosso cronograma imaginamos que até o final de 2029 estaremos conectando Cascavel ao Porto de Paranaguá, solucionando todos os gargalos logísticos e ferroviários que existem hoje. Vamos criar um grande corredor de exportação que tenho certeza que vai liderar o processo de transformação logística no Brasil. A Nova Ferroeste é o mais importante programa de infraestrutura do Brasil, é uma solução nacional”, diz.
Mobilidade urbana
Entre os legados apontados com a construção da Nova Ferroeste para Paranaguá está a melhoria na mobilidade urbana.
“Queremos promover o desenvolvimento de maneira sustentável, principalmente com relação às questões socioambientais. A questão da mobilidade urbana é um dos aspectos que focamos muito, porque o nosso traçado, na região de Paranaguá, um investimento cruzado de R$ 240 milhões, que deve transformar a entrada da ferrovia dentro do porto. Gargalos históricos como o da Roque Vernalha, vão desaparecer. Não adianta trazer crescimento a qualquer custo. Temos que ser social e ambientalmente responsáveis”, destacou Fagundes.
Geração de empregos
Segundo Fagundes, o projeto prevê a geração de 300 mil empregos nas regiões que abrange. “Novas empresas virão para Paranaguá. O porto ganhando competitividade, será buscado para novos investimentos. Teremos uma grande geração de empregos para Paranaguá. Não existe programa social mais importante do que gerar emprego”, afirmou.
Próximos passos
Atualmente o projeto está em fase de licenciamento e discussão com a sociedade. Serão realizadas nas próximas semanas as audiências públicas sobre os impactos de meio ambiente. No dia 4 de abril termina o prazo de 45 dias para entidades e prefeituras dos 49 municípios do traçado solicitarem a realização do diálogo com a comunidade. O órgão licenciador ainda vai divulgar a lista com as datas e locais escolhidos.
“Terminado esse processo das audiências públicas, o Ibama decide pela emissão de licença prévia. Na fase seguinte, vamos levar o projeto a leilão. Quem ganhar vai utilizar os primeiros dois anos para fazer o detalhamento do projeto executivo. Caberá à empresa vencedora solicitar então a Licença de Instalação (LI), e a partir desse momento fica autorizado o início das obras”, concluiu Fagundes.
Demanda logística
O diretor da Ferroeste, André Luiz Gonçalves, falou que as empresas terão a demanda logística atendida.
“Se olharmos para o terminal da Ferroeste em Cascavel, falamos de uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, com as principais cooperativas, que já estão preparadas para transportar para o modal ferroviário, além disso tem condições de triplicar seu armazenamento. Estamos atrasados nesse processo de construção da Ferroeste e desta forma poderemos atender esse setor produtivo que paga um custo muito alto por não conseguir transportar em um modal mais econômico”, explicou Gonçalves.
Ele ainda lembrou que o Paraná tem vocação para o agronegócio e que é papel do governo ser o indutor do processo de construção do empreendimento. “Tudo isso parte da liderança do governador Ratinho Júnior de entender que a maior deficiência hoje do setor está na logística. O Estado é eficiente da porteira para dentro, precisa ser também da porta para fora. Quando entendemos a forma que isso seria resolvido começamos a construir esse grande projeto”, finalizou Gonçalves.