Famílias relatam sofrimento causado pelas fortes chuvas

Quem mais sofreu com os alagamentos foram as famílias que perderam além dos móveis, as casas inteiras. O dia de ontem foi dedicado para pegar o que ainda restava das casas, verificar o que ainda estava em condições de uso e procurar por um local seguro para ficar. Alguns bairros foram mais atingidos, entre eles o Jardim Jacarandá e a Vila Garcia, onde várias residências ficaram totalmente alagadas. Em muitas casas, a água passou da altura do joelho dos moradores.

A prefeitura disponibilizou um abrigo na escola Parque Awaji para receber alguns moradores. Na noite de quarta e madrugada de quinta-feira, seis pessoas ficaram abrigadas no local. Já na Escola Municipal Nascimento Júnior, que seria mais um abrigo, não houve condições de receber moradores, pois também sofreu com as consequências das fortes chuvas.

A moradora da Vila Garcia, Bianca Ribas, relatou que tem um bebê de 1 ano e 11 meses e o momento de desespero que passou após a água começar a entrar em sua residência. “Por volta das 20h, começou uma chuva forte que entrou água por trás da casa e pela frente. Liguei para a Defesa Civil, pedi ajuda, mas eles não vieram porque acredito que já havia muitas chamadas. A água chegou a ficar no meu joelho dentro de casa”, afirmou.

A família de Bianca contou com a ajuda de vizinhos para limpar a casa na Vila Garcia

Ela mora há um ano e meio no local e ainda não tinha visto uma situação tão grave como esta. “Fizemos um ralo, mas algo maior deve ser feito na rua para escoar a água. Perdi dois guarda-roupas, sofá, rack da sala, todos os móveis”, contou Bianca.

INDIGNAÇÃO

Eloir Gustavo da Costa mora na Vila Garcia há mais de 10 anos e destacou que está cansado de tanto descaso do Poder Público. “Este problema já existe há muito tempo. Isso tudo é irresponsabilidade dos nossos governantes. O dinheiro dos nossos impostos deveria ser aplicado para tampar esses buracos de fossa e colocar manilhas grandes. Meus vizinhos perderam tudo que tinham em casa, faltou 20 cm para a água chegar no contador de luz. As pessoas passam a vida toda pagando essas casas para ficar sofrendo, tudo isso por conta da falta de comprometimento dos governantes”, declarou.

Eloir cobrou mais atenção das autoridades públicas para sanar o problema das enchentes

RISCO

No Jardim Jacarandá, três casas desabaram. Uma delas ao lado da residência de Rosirene Costa, que teve o seu imóvel condenado devido à força da água que invadiu a rua. “Não sei nem como dizer o tamanho do susto que levei. Estava com as minhas duas sobrinhas, uma de três e outra de 11 anos. Os vizinhos me chamaram para sair da casa porque senão iria cair. De madrugada a água estava jorrando e depois conseguimos ver os estragos”, contou.

Casas no Jardim Jacarandá desabaram, outras foram condenadas pelo risco à segurança dos moradores

Rosirene contou com a ajuda de familiares para retirar tudo que tinha em casa e levar para outro lugar. Parte do muro situado na lateral de sua casa foi ao chão junto com uma residência ao lado. “Ainda não sei onde vou ficar”, disse a moradora.

PERDAS

Leandro Carvalho, morador na Vila São Jorge, falou sobre os prejuízos que teve na sua residência. “Eu e meus vizinhos perdemos tudo dentro de casa. Isso ocorreu porque aterraram o mangue, o que não pode ser feito. Na última chuva não tivemos prejuízos, mas depois que mexeram na valeta começou a enchente. Minha televisão e geladeira ficaram boiando, não consegui tirar nada”, relatou Leandro.

Leandro Carvalho, na Vila São Jorge, não conseguiu salvar muitos dos itens que tinha dentro de sua casa