Será realizada na noite de quinta-feira, 8, pela deputada estadual Flávia Francischini (União Brasil) em Paranaguá, uma palestra com o tema: “Acordei mãe de uma criança autista, e agora?”. O evento será realizado no auditório do Camboa e busca atrair um público atento e engajado, interessado em aprender mais sobre os desafios e as soluções relacionadas à inclusão de crianças autistas na sociedade.
Flávia estará compartilhando sua experiência pessoal e as dificuldades enfrentadas no início de sua jornada como mãe de uma criança autista. Ela destaca a importância do acolhimento, da informação e da criação de redes de apoio para famílias que vivenciam essa realidade.
“Mais uma vez aqui em Paranaguá, e a gente não pode deixar de passar aqui na Folha do Litoral News que sempre nos dá esse espaço. A palestra que faço hoje é a 39.ª palestra neste ano. No ano passado foram realizadas em 100 municípios, então nós conseguimos fazer durante o ano, além do plenário, além das comissões, a gente conseguiu desenvolver esse trabalho. Eu venho como mãe de uma criança, um adolescente autista, com o intuito de realmente abrir os olhos daquela família, aquela mãe, aquele pai, que acabaram de receber o diagnóstico, que ainda estão enlutados, porque a gente tem esse momento de realmente estar em luto não por conta de ter um filho autista, mas de receber um diagnóstico que até então você não sabia que o seu filho tinha. Vendo o desespero dessa mãe e desse pai de saber se vão suprir todas as carências, todo o tratamento, se vão estar presentes 24 horas, então isso é que deixa realmente a família enlutada, e o intuito nessa palestra é de realmente ter um bate-papo, é uma troca de informações, é de olhar para aquela mãe aquele pai que estão cabisbaixos, que estão se sentindo assim sem saída, de mostrar que existe saída sim”, disse Flávia enfatizando que a família precisa estar unida. “A título de informação, 70% das famílias hoje quando recebem esse diagnóstico o pai infelizmente vai embora, é lógico, existem pais fantásticos, pais excelentes, mas 70% isso é dado estatístico da agência americana, que 70% o pai vai embora, a mãe fica ali com aquela criança, com uma falta de orientação, com autoestima lá embaixo que acabou de ser largada num casamento. A gente vem realmente para olhar para essa mãe, para esse pai, para falar levanta a cabeça, eu sei que não é fácil, eu vivo isso. Então ele passa por crises, ele passa pela esquizofrenia, pela bipolaridade, mas se Deus te deu o filho, esse amor incondicional, quem vai ter com o seu filho é só você. Está difícil, você tá sozinha, tá sem o seu companheiro, mas levanta a cabeça. Existem leis que vão te respaldar, existem pessoas que vão te ajudar, existem instituições como a APAE e o governo que estão tentando realmente fazer essa capacitação para que você possa ter todo direito. Seu filho precisa de você, então o intuito dessa palestra é vir realmente fazer um bate-papo e o que me deixar mais feliz é que se eu fizesse uma palestra há cinco anos, eu só teria provavelmente o pai, a mãe, familiares e profissionais da saúde. Hoje não, vocês veem empresários e sociedade civil querendo aprender a lidar com autista, e para a gente que é mãe de autista estar na palestra e falar para essas pessoas que não teriam obrigação, mas que estão ali porque possuem o propósito também de aprender a respeitar, a incluir, a reconhecer um autista, é um afago no coração, é a certeza de que a gente está fazendo um trabalho bacana e de que os nossos filhos sim vão ser respeitados a partir do momento que eles forem conhecidos, que eles forem realmente tratados da forma que eles devem ser”, completa.
A deputada também aproveitou a oportunidade para visitar a redação do jornal Folha do Litoral News, acompanhada de Fabiana Parro, onde conversou sobre seu trabalho na Assembleia Legislativa do Paraná.
Ela destaca as bandeiras que defende, como a ampliação de políticas públicas voltadas à inclusão, o apoio às famílias de pessoas com deficiência e a luta por uma educação mais acessível e inclusiva. “Venho fazendo um trabalho desde a Câmara de Vereadores de Curitiba, onde eu fiquei dois anos como primeira secretária, a primeira mulher a ocupar a primeira secretaria na Câmara de Vereadores. Nós fizemos um trabalho ali, embora fosse da oposição, tivemos os nossos quatro projetos de leis voltados aos autistas, aos deficientes aprovados. Então, é aquela sensação de que a bandeira que você está carregando, o propósito que você está carregando, é maior do que qualquer outra coisa. Na Assembleia Legislativa não está sendo diferente, fiz por um ano parte da Comissão do Autismo que teve agora em abril o Código do Autista sancionado pelo governador Ratinho Júnior. Este código, fez o melhor para poder suprir as lacunas da Lei Berenice Piana, que é a lei anterior do autista. Fico muito feliz que um dos artigos mais importantes foi feito por nós, que é a questão do tratamento para as famílias, porque a Lei anterior dava esse respaldo para o autista diagnosticado, mas a gente sabe que a mãe e o pai precisam estar equilibrados, eles precisam estar tratados, eles precisam passar por terapia para que ele saiba e que ele tenha também um suporte emocional, um suporte para lidar com aquela criança ou com aquele adulto autista que não é fácil, e sei porque eu vivo isso. No mesmo momento que você está bem, dá dois minutos, o filho tem uma bipolaridade, tem uma esquizofrenia como tenho o meu e muda tudo. Então se você não tem esse controle emocional, se você não tem esse equilíbrio dentro de casa, vai virar realmente um hospício, e se você realmente não tiver todo mundo ali tratado para cuidar daquela criança ou daquele adulto autista. Assim, o trabalho na Assembleia Legislativa tem surtido muito efeito porque eu tenho esse apoio de todos os parlamentares, dos 54 deputados, qualquer projeto, qualquer requerimento, qualquer ofício que eu vá, que eu chegue pedindo para que realmente eu tenha esse apoio, e o tenho incondicional e por unanimidade, todos sempre estão conosco nessa causa. Isso faz com que a gente consiga realmente ter esse respaldo e sair fazendo o trabalho e mostrando a fora como a gente está fazendo na palestra”, disse Flávia, que está em uma jornada para percorrer os 399 municípios do Paraná, levando sua mensagem de inclusão e promovendo o diálogo sobre o tema. “Buscamos difundir esse assunto para que a gente trabalhe muito a inclusão e não tenha que usar mais esse termo inclusão. O dia que a gente não falar mais inclusão é porque realmente não existe mais a discriminação e exclusão”, finalizou Flávia.