Campeonato Brasileiro e Sul-Americano de Capoeira será retomado após 15 anos

De 6 a 9 de setembro acontecem os campeonatos Brasileiro e Sul-Americano de Capoeira, em Londrina, norte do Estado. Já o Campeonato Paranaense acontece nos dias 23 e 24 de julho, em Pontal do Paraná. Esses eventos se juntam à força-tarefa da Federação Paranaense de Capoeira em tornar o esporte, introduzido no Brasil pela população negra escravizada, olímpico.

Estão previstos para os dois eventos, cerca de 300 atletas. No Sul-Americano, devem comparecer representantes de oito países, inclusive do Brasil. A organização é da Confederação de Capoeira Desporto do Brasil (CCDB) em parceria com a Federação Paranaense de Capoeira (FEPARCA).

O professor Alexandre Cézar, vice-presidente do Conselho Estadual da Promoção da Igualdade Racial, esteve em Paranaguá e comentou sobre a realização dos eventos. Segundo ele, o Conselho possui um termo de cooperação técnica com a Confederação de Capoeira Desporto no Brasil.

“Formalizamos um termo de cooperação para a realização do Campeonato Brasileiro de Capoeira, após 15 anos de paralisação. A capoeira é o único desporto oficial do Brasil. Procuramos o prefeito de Londrina, que tem a expertise de vários eventos esportivos em parceria com a Paraná Esporte”, destacou Alexandre.

Ele também comentou sobre a luta para a inserção da capoeira nas Olimpíadas. “Estamos lutando para conseguir colocar a capoeira como apresentação nos Jogos Pan-americanos. Ao mesmo tempo, fazendo que o nosso pedido de que a capoeira se torne um esporte olímpico seja atendido, tendo em vista que o esporte é patrimônio da humanidade pela Unesco. Existe uma mobilização muito grande da sociedade civil e de outras instituições. Esse movimento começou aqui em Paranaguá há um ano. Aqui há o marco da escravidão, com a chegada dos primeiros navios negreiros, lutamos para que o marco da capoeira olímpica também saia daqui”, disse Alexandre.

O advogado da Federação Paranaense de Capoeira, Dr. Ivan Luiz Camargo, presidente da Frente Afro Litoral (FAL), lembrou que a Federação Paranaense de Capoeira tem sede no litoral do Paraná. “A capoeira no litoral passa pela referência do mestre Bacico, que é o presidente da federação. Ele trouxe essa primeira ideia de tornar o esporte olímpico”, afirmou Dr. Ivan.

A expectativa é alta para a realização do Campeonato Paranaense nos dias 23 e 24 de julho, em Pontal do Paraná, que deve movimentar a região. “A previsão é de cerca de 300 atletas de todo o Paraná na competição”, frisou Dr. Ivan.

Ele também ressaltou a importância de tornar o esporte olímpico. “Agradecemos ao professor Alexandre, que está à frente do Conselho, é uma referência para nós. Acho que Paranaguá e o nosso litoral com o campeonato, no comando do mestre Bacico como presidente da federação, fará possível a capoeira se tornar um esporte olímpico para que o nosso símbolo de resistência seja uma referência. A capoeira, além de ser o único desporto de criação nacional, une nas suas modalidades dança, música e arte marcial”, finalizou Ivan.

Expansão dos Conselhos

O professor Alexandre Cézar destacou, ainda, a importância da expansão dos Conselhos de Promoção da Igualdade Racial para lutar por políticas públicas. “Temos feito uma política de expansão dos conselhos de Promoção da Igualdade Racial que fortalece todo esse processo dos capoeiristas, do pessoal dos terreiros, a comunidade negra, indígena, ciganos. Existe uma demanda muito grande. Paranaguá é a pedra fundamental, muita coisa começou aqui para a capoeira se tornar olímpica, tem o projeto iniciado aqui. Começamos no campo político, temos que reunir diversos atores para que possa ganhar força. Estamos muito motivados para fazer isso acontecer”, concluiu Alexandre.