Entrevista

Patrulha Escolar aproxima polícia da comunidade

Capitão da Polícia Militar falou sobre a importância desse relacionamento em prol da qualidade de vida da população

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O objetivo da Patrulha Escolar Comunitária é diminuir a violência e criminalidade nas escolas e arredores com foco, principalmente, na prevenção, mas também no atendimento a ocorrências. O trabalho consiste em organizar palestras de cunho pedagógico e outras iniciativas que aproximam a figura do policial da comunidade, contribuindo para a sensação de segurança e confiança nas tarefas exercidas.

O programa Patrulha Escolar Comunitária está presente em mais de 2 mil escolas estaduais das 399 cidades do Paraná. Na entrevista, o capitão da Polícia Militar, Eliéser Antônio Durante Filho, que atua desde 2006 na PM e, desde o início da Patrulha Escolar Comunitária, que começou as atividades em 2008, fala sobre esse trabalho de conscientização e mediação de conflitos para que o ambiente escolar seja o mais saudável possível. Confira a entrevista:

Folha do Litoral News: Como funciona o trabalho da Patrulha Escolar?

Capitão Durante: É um trabalho especializado. O batalhão de Patrulha Escolar Comunitária trabalha com os dois principais programas de prevenção da Polícia Militar. O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, o Proerd, e o programa Patrulha Escolar Comunitária, cada um tem objetivos e trabalha com públicos distintos. É um trabalho de policiamento escolar agregado ao viés educativo, em que os policiais desenvolvem um trabalho de proximidade com as comunidades escolares, com visitas, contatos, participações em reuniões e se coloca à disposição dentro de um caráter pedagógico. Temos palestras educativas e preventivas, informativas, as mediações de conflitos, é todo um trabalho voltado para uma sedimentação de uma cultura de paz dentro da escola em apoio às equipes gestoras.

 

Folha do Litoral News: A realidade das escolas mudou ao longo dos anos, a Polícia teve que intensificar o serviço tendo em vista este novo cenário?

Capitão Durante: O público que compõe o ambiente escolar merece sempre uma atenção diferenciada por parte de todos os organismos públicos e políticas públicas voltadas para a escola. Estamos falando de crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento, da nossa classe de educadores, os quais são responsáveis por preparar esses indivíduos para o futuro exercício da cidadania e das gerações que irão nos suceder. Portanto, todo trabalho que possa contribuir para esse processo educativo deve ser desenvolvido. A Polícia não só tem um trabalho na prevenção de delitos, no que diz respeito a oferecer uma qualidade de vida melhor nas questões de segurança, mas também tem um potencial de educação social muito forte pelo conhecimento especializado que tem e que ajuda a complementar o trabalho de educação formal da escola e a educação moral que deveria vir de casa. Nestes aspectos, independente das condições de violência que alguém possa suscitar pela presença da polícia, esse papel especializado da PM hoje, em parceria com as escolas, vejo como de fundamental importância para esse processo, que está muito além da questão da violência. A dinâmica da violência urbana tem crescido nos grandes centros urbanos e nos municípios menores isso tem aumentado gradativamente, é um desafio que enfrentamos enquanto sociedade e é natural que aquilo que acontece fora da escola em alguma medida se reverbere dentro da escola. Por isso, há problemas, em menor medida, mas há problemas em que o trabalho policial se faz importantíssimo de prevenção a delitos, no trabalho reativo que não é primário, é secundário, mas quando se faz necessário é preciso lidar com esse público. Vejo o programa Patrulha Escolar Comunitária hoje como um dos principais da PM neste sentido com resultados que só vão aparecer a longo prazo.

Folha do Litoral News: Qual o panorama que observa no Paraná com relação à segurança escolar?

Capitão Durante: Pelo que estamos acompanhando no cenário nacional, comparativamente, temos outros centros com situações muito mais graves e mais críticas que a nossa. Mas, não somos alienados, não estamos fora desse contexto. A violência não é um privilégio de uma ou outra localidade. Temos algumas manifestações de violência em medidas diversas, a leitura que fazemos é que dentro do ambiente escolar onde há uma equipe gestora muito bem preparada para lidar com os conflitos escolares e dessas relações interpessoais, consegue suavizar isso de modo a tornar o ambiente saudável que mesmo com os seus conflitos não extrapole para a esfera da violência, aquela que nos preocupa enquanto sociedade. Mas, onde há comunidades com equipes gestoras com menos preparo e menos condições de enfrentar esses desafios, a presença da patrulha acaba sendo mais recorrente para dar um reforço pedagógico e, muitas vezes, para intervir na condição de polícia propriamente dita. Muito tem a ver com o envolvimento da comunidade escolar, da equipe gestora e da forma como conseguimos trabalhar esse conjunto de atores enfrentando esses desafios cotidianos. A violência tem altos e baixos dependendo da característica de cada local. Posso ter em Paranaguá, comunidades completamente distintas, mesmo estando no mesmo ambiente e as mesmas características de bairro, mas é o modo como os seus atores desenvolvem condições de enfrentar os problemas.

 

Folha do Litoral News: Quais as principais ocorrências que a Patrulha Escolar atende?

Capitão Durante: 98% de todo o trabalho que fazemos é preventivo. Os 2% que extrapolam a prevenção, que são os delitos propriamente ditos, acabam adentrando nas questões de violência onde os conflitos não foram tratados de maneira pacífica. Quando temos brigas dentro da escola, quando há desdobramentos dessas brigas, consequências de lesão corporal, onde houve a intenção de machucar, é um caso de acionamento da patrulha.

 

Folha do Litoral News: Como é o caso, recentemente, de agressão a uma professora em Santa Catarina.

Capitão Durante: Neste caso tivemos um educador que foi agredido, via de regra essas agressões são entre os alunos. Mas é um caso típico de acionamento de patrulha e intervenção policial porque extrapolou completamente a esfera da indisciplina escolar. Temos, muitas vezes, o envolvimento de adolescentes com drogas ilícitas e, à medida que isso é constatado dentro do ambiente escolar, precisa ter um atendimento policial, porque o uso de drogas ilícitas é crime e precisa ter um acompanhamento e acionamento de outros organismos como, por exemplo, o Ministério Público, a própria delegacia de Polícia Civil entra nesse contexto como recebedora desses menores infratores. Temos ainda situações de depredação de patrimônio público, quando toma proporções que a comunidade não consegue mais resolver porque é preciso envolver a polícia, pois fatalmente, teremos que acionar o judiciário por uma cobrança da família. Na grande maioria dos problemas escolares que adentram a esfera do ato infracional ou do delito propriamente dito cometido por menor, a porta de entrada para esses encaminhamentos, aqui no Paraná, é com a Patrulha Escolar. Fazemos a orientação, os aconselhamentos, apoiamos a escola quando ela precisa de apoio pedagógico. Todos esses problemas, com exceção do uso de drogas, podem ser tratados dentro da esfera administrativa da escola, onde a comunidade encontra mecanismos de trabalhar, quando extrapola, precisa haver um trabalho especializado.

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