A Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é celebrada anualmente no período que abrange o dia 1.º de agosto. O objetivo é conscientizar a população sobre o diagnóstico e o tratamento. Em Paranaguá, o Caem (Centro De Avaliação Educacional Multiprofissional) realiza o atendimento de crianças e adolescentes da Rede Estadual de Educação que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem.
Diagnóstico do TDAH
Na Semana de Conscientização do TDAH, a médica psiquiatra que atende no Caem, Dra. Ana Carla Sal, explicou como é realizado o diagnóstico de TDAH. “O diagnóstico é predominantemente clínico, a gente não tem um exame específico que vai direcionar para este diagnóstico. A gente depende muito também dos relatórios, dos sintomas do ambiente na escola e em casa. A gente tem que sempre saber como são as manifestações dos sintomas em mais de um ambiente. Algumas dificuldades que a gente tem é porque alguns sintomas podem existir também em outros quadros. Para dar um diagnóstico de TDAH, precisamos fazer uma exclusão de outros quadros, como ansiedade, depressão e transtornos de aprendizagem”, pontuou a médica.
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Nestes casos, avaliações neuropsicológicas também ajudam a fechar o diagnóstico. “São testes aplicados que ajudam a avaliar melhor essa parte neurocognitiva em relação ao quadro da doença. O papel das famílias é bem importante, não só em questão ao diagnóstico, mas também após receber um diagnóstico, como lidar com aquela criança ou adolescente. Muitas vezes, na questão de um tratamento, a gente precisa de uma medicação, mas existem outras questões também associadas”, explicou a médica.
Segundo ela, o TDAH pode ter mais de um tipo de manifestação ao longo da vida, como a hiperatividade e a impulsividade na idade pré-escolar e a desatenção no período escolar.
Comportamento da criança com TDAH
A psicóloga que atua no Caem há 13 anos, Claudia Boizan, analisa o funcionamento cognitivo dos estudantes e a questão pedagógica. “O emocional está diretamente ligado com a aprendizagem. As crianças chegam até nós bem desmotivadas, não fazem atividade com persistência, são inseguras, entristecidas, com irritabilidade. Os comportamentos de impulsividade e hiperatividade tem a ver com o desenvolvimento do cérebro da criança, não é por pirraça ou por afronta”, afirmou Claudia.
Ela enfatiza que o TDAH não está associado a falta de educação e/ou preguiça dos estudantes. “A gente procura conscientizar essa família sobre um possível diagnóstico, orienta a fazer psicoterapia, a procurar salas de recurso, tudo para que a criança possa se desenvolver. A gente também precisa nutrir essas crianças de elogios para que elas possam descobrir suas potencialidades, porque elas têm muitas”, disse Claudia.
TDAH na escola
A pedagoga Rita de Cássia Oliveira do Carmo atua na Rede Estadual de Educação e destacou que os pais que tiverem alguma suspeita de TDAH devem procurar pela escola que deve fazer o encaminhamento.
“É na escola que a gente faz as primeiras observações, em sala de aula. O grupo de professores junto com o pedagogo começamos a aplicar alguns testes indicativos que possam nos encaminhar para um relatório, um parecer pedagógico. Este é enviado ao Caem, que faz o primeiro atendimento com os pais e depois são feitas as avaliações. Fechando o laudo, tem uma devolutiva para a escola para saber como acompanhar da melhor forma esse estudante. Alguns vão para salas de recurso, outros têm apenas uma adaptação curricular”, declarou Rita.
A pedagoga destaca que todos diagnosticados com TDAH têm capacidade de aprendizagem. No entanto, é fundamental o trabalho integrado da família com a escola para o desenvolvimento da criança e adolescente.
Sobre o Caem Paranaguá
O Caem foi criado em 2009 com o objetivo de atender as crianças que apresentam dificuldade nas escolas. De acordo com a presidente do Caem, Selma Camargo Meira, o espaço olha para a criança e adolescente sob todos os aspectos para poder dar um retorno tanto para a escola, como para a família de forma adequada.
“Temos hoje uma equipe profissional de duas psicólogas, uma pedagoga, um médico psiquiatra e um neurologista. Cada profissional trabalha sobre uma vertente, olhando toda a criança na totalidade, com o objetivo também de poder subsidiar a escola e as famílias quanto ao tratamento delas”, disse Selma.