Educação

Novo currículo do Ensino Médio exigirá mudança na formação do professor

O documento vai orientar os currículos dessa etapa e estabelecer as habilidades e competências

O sucesso da implementação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio passará por mudanças na formação de professores e adaptações nas escolas, apontam especialistas na área educacional. O documento, que vai orientar os currículos dessa etapa e estabelecer as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino Médio em cada uma das áreas, foi entregue na terça-feira, 3, pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE).

A BNCC do Ensino Médio é organizada por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática aparecem como componentes curriculares, ou seja, obrigatórias para os três anos do Ensino Médio. 

Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, essas mudanças vão exigir muito investimento na formação de professores para que haja uma integração entre as disciplinas. “Quando você faz um trabalho por área de conhecimento que reforça o caráter da interdisciplinaridade, você tem que investir muito na formação de professores”, diz.

A formação dos professores deve ser priorizada também na visão da pedagoga Anna Helena Altenfelder. “Não só os professores, mas toda a estrutura da escola que hoje é pensada por disciplina e não por área de conhecimento”, diz a presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Ela também aponta um possível acirramento das desigualdades na educação como um dos riscos da nova BNCC. O MEC se comprometeu a elaborar um guia de orientações para ajudar os Estados na elaboração dos itinerários formativos.

APERFEIÇOAMENTOS

A BNCC do Ensino Médio deve ser analisada e aprovada pelo CNE e homologada pelo MEC antes de o documento começar a valer. A presidente executiva do movimento Todos pela Educação, Priscilla Cruz, considera que o CNE deve especificar melhor a forma como as redes vão se organizar, além de estabelecer o que é obrigatório ou não e deixar mais clara e objetiva a redação das habilidades a serem alcançadas pelos alunos.

“Há uma impressão de que o Ensino Médio está ‘menor’ pela falta de objetividade nas habilidades”, diz. 
O Ministério da Educação já instituiu o Programa de Apoio à Implementação da BNCC para apoiar os Estados no processo de revisão ou elaboração e implementação de seus currículos. Segundo o MEC, no primeiro ano de execução, serão repassados às secretarias estaduais cerca de R$ 100 milhões para a implementação da base.

Fonte: Agência Brasil

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