Além das ocupações realizadas em diversas escolas estaduais do Paraná, algumas universidades também aderiram ao movimento. Uma delas foi a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus Paranaguá, que em duas semanas de ocupação registra a participação de 20 a 25 alunos. Porém, outra parcela dos estudantes manifesta-se contra a ocupação, tendo em vista os prejuízos que o movimento gera à comunidade acadêmica.
A estudante do 4.º ano de Administração da Unespar, Sabrina Correa de Oliveira Marques, faz parte desse grupo que quer a desocupação da universidade. “Fomos contra a ocupação desde o início, quando foi convocada uma assembleia com os alunos, que foi totalmente equivocada, não respeitando a maioria que não queria a ocupação”, justificou a estudante.
O grupo que luta pela volta às aulas criou uma página nas redes sociais chamada “nãoocupaçãoUnesparParanaguá”. “Temos um grupo no WhatsApp também com cerca de 100 pessoas, além dos grupos que cada turma tem, a maioria, mas os cursos de Administração e Ciências Contábeis são contra. Há pessoas de outros cursos também que não concordam”, afirmou Sabrina.
Para a estudante, as reivindicações do movimento que defende a ocupação são válidas, mas desde que aconteçam de outra forma. “A pauta que eles querem defender é contra a PEC de corte dos gastos e contra a reforma do Ensino Médio. No nosso entendimento, existem outras formas de se protestar a respeito dessas pautas, sem precisar haver a ocupação da faculdade. Mesmo os professores estando em greve, não tem sentido a ocupação”, disse Sabrina.
De acordo com o grupo, a ocupação trouxe prejuízos para os estudantes. Muitos já estão com a formatura marcada e terão as aulas adiadas devido à alteração do calendário. “Não conseguimos pegar documento na faculdade, emprestar livro, os alunos estão impedindo professores e alunos de entrarem, por isso é bem complicada a situação. Iremos nos formar, mas o ano já encerraria em fevereiro e agora com a paralisação irá ainda um pouco mais para frente”, lamentou Sabrina.
A FAVOR DA OCUPAÇÃO
O estudante Eurico Pereira Lobo Neto, do 2.º ano de História da Unespar, faz parte do grupo que decidiu ocupar a universidade há duas semanas. “O movimento começou contra o governo Temer, as novas medidas que estão impondo. A nossa primeira pauta é derrubar a PEC e a Medida Provisória, estamos também em apoio aos estudantes secundaristas do Ensino Médio porque foi ordenado que eles realizem a desocupação”, expôs Lobo Neto.
Além disso, o grupo tem as suas pautas particulares, as quais objetivam reivindicar melhoria na estrutura da universidade. “Queremos o espaço no outro campus, no Palmital. Estamos tirando fotos e fazendo algumas reformas e reparos de alguns estragos. Descobrimos que temos um terreno que está sendo usado como depósito”, disse o estudante.
FATALIDADE
Na segunda-feira, 24, uma fatalidade aconteceu em um dos colégios estaduais ocupados em Curitiba, o Colégio Estadual Santa Felicidade. Um adolescente morreu no interior da instituição de ensino, o que causou ainda mais incentivo para a desocupação das escolas. Mas, para o estudante Eurico, que assim como outras pessoas, é a favor da ocupação, o ocorrido não afetou o movimento. “Somos uma universidade, mas com certeza os colégios ficaram bem abalados, nós também ficamos, e ficaram enfraquecidos. Em Paranaguá, inclusive, o Colégio Zilah foi desocupado e os alunos nos trouxeram os mantimentos para ajudar”, contou. “Vamos continuar com a ocupação até que nossas pautas sejam atendidas. Não vamos fazer assembleia tão