O Grupo de Alfabetização da Catedral completa, na sexta-feira, 16, vinte anos de existência. A coordenadora geral do grupo, Maria Aparecida Miorali, a Cida da Catedral, não esconde a emoção ao falar do grupo. “Nesses 20 anos acredito que já alfabetizamos aproximadamente cinco mil alunos e por aqui já passaram também muitos voluntários. Nem todos continuam, mas temos voluntários que continuam há muitos anos conosco. O mais novo está há oito anos e o mais velho completando 20 anos junto com o grupo”, destacou.
O grupo não é apenas destinado para alfabetização, segundo explica Cida. “Muitas vezes o aluno chega aqui depressivo, por isso, primeiro fazemos um resgate da dignidade, cidadania e tratamos com muito carinho. Após esse trabalho, iniciamos a alfabetização”, observou. “Porém, na verdade, hoje o grupo é mais que de alfabetização, porque agora tratamos como um centro de convivência, onde eles contam suas histórias, trocam receitas, conversam e dividem experiências. Outra coisa observada é que não é somente o aluno que muitas vezes chega depressivo, alguns voluntários também. Nessa caminhada já se resgatou a dignidade de voluntários também”, frisou.
A coordenadora pedagógica Juciara Afonso destacou a felicidade de fazer parte do grupo há 19 anos e seis meses. “Vemos o progresso dos alunos e isso é maravilhoso. Têm alunos que estão aqui também há 20 anos porque não querem deixar o grupo. Então conhecemos a família, a história de cada um deles. É algo gratificante ver o crescimento deles e quando um dos alunos ou voluntários tem algum problema, nós também sofremos junto. Além disso, estamos aqui ao invés de estarmos em casa com tempo ocioso apenas vendo televisão”, ressaltou.
A professora Elzira Silva Zela também está há 20 anos como voluntária no Grupo de Alfabetização da Catedral e tem muitas histórias para contar. “São muitas histórias de conquistas. Tivemos uma aluna que queria aprender a ler para anotar as receitas que ouvia no rádio. Outra queria escrever uma carta a um namorado no tempo da juventude que ficou no passado e morava muito longe. Ela aprendeu a ler em um ano, escreveu a carta, fui com ela ao Correio para que mandasse a carta e três meses após, ela faleceu. Ela conseguiu realizar seu sonho antes de partir e isso é algo muito especial”, lembrou. “É algo que nos traz muita felicidade. Ajudar as pessoas a aprender a ler é algo maravilhoso”, frisou.