Estudantes do curso de Engenharia de Pesca da Unioste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) concluíram, na sexta-feira, 4, uma experiência que ficará marcada para a vida. Eles embarcaram na segunda-feira, 31, em Paranaguá, para uma aventura rumo ao conhecimento a bordo do navio Ciências do Mar I, um laboratório flutuante gerido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
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O desembarque aconteceu na manhã de sexta-feira, 4, no Porto de Paranaguá, de onde os alunos e professores retornaram para o município de Toledo, no oeste do Estado. A equipe do navio e da universidade teve o apoio da Diretoria de Operações da Portos do Paraná. Ao todo, ficaram embarcadas 16 pessoas, entre alunos e professores, além de 10 tripulantes.
Pesquisa
O coordenador do curso de Engenharia de Pesca, responsável pela atividade, professor Pitágoras Augusto Piana, é pós-doutor em Ecologia de Ambientes Aquáticos continentais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Essa foi a segunda vez que ele teve a oportunidade de embarcar em um navio de pesquisa.
Segundo ele, a experiência embarcada é muito interessante para os professores e alunos. Devido às condições climáticas, o grupo iniciou os trabalhos somente na quinta-feira, por questões de segurança. No entanto, ainda assim foi possível utilizar os equipamentos presentes no navio.
“Temos a chamada Escala Beaufort que indica as condições marítimas e, por questões de segurança, trabalhamos até o nível 4. Nos três primeiros dias embarcados, tivemos a condição 5 beirando 6 e, por isso, não conseguimos trabalhar. Mas, na quinta-feira, ficamos na escala 3 e amanhecemos no ponto mais distante da costa, que fica em torno de 80km, a 70 metros de profundidade e começamos o trabalho. Fizemos as coletas em pontos diferentes e utilizar todos os equipamentos”, contou o professor.
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Tais equipamentos são capazes de avaliar a qualidade da água, identificar cardumes, condição de fundo, entre outros. “Coletamos amostras de água para levar ao laboratório, tivemos a oportunidade de coletar um ovo de raia ou tubarão, que ainda vamos identificar, algo muito interessante porque ninguém conhecia ainda. Vamos levar todas as amostras para a universidade”, evidenciou o professor Pitágoras.
O objetivo da atividade de ensino é fornecer o máximo de informações aos estudantes e também, posteriormente, ter a possibilidade de comparar os dados coletados. “Podemos juntar essas informações e estudar a distribuição das espécies, queremos fornecer o máximo de condições para eles caso tenham interesse em seguir por alguma atividade relacionada aos ambientes marinhos, para eles terem esse primeiro contato junto com a embarcação”, frisou o professor Pitágoras.
De acordo com o professor, o saldo de toda a experiência foi positivo. “Os alunos tiveram cerca de 120 horas embarcados. Todos gostaram e acredito que todo profissional que vai trabalhar na área marinha, seja nos cursos de Engenharia de Pesca, Oceanografia ou Ciências Biológicas Marinhas, têm que passar por isso, porque é muito válido e proveitoso”, concluiu o Pitágoras.
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Essa foi a primeira vez do aluno do 5.º ano do curso de Engenharia de Pesca da Unioste, Felipe Pessetti Peron, em alto mar.
“É uma experiência completa, ficamos alguns dias sem poder fazer as atividades, mas depois conseguimos ter a experiência completa em alto mar. Foi mais do que eu esperava, o saldo foi muito positivo, com certeza vai contribuir, a gente aprende bastante, vemos tipos de pesca, espécies diferentes, algo que para o futuro será muito bem aproveitado”, declarou o estudante natural do município de Nova Aurora.
Os professores e acadêmicos agradeceram a hospitalidade e profissionalismo de toda a tripulação do Ciências do Mar I. “Foram muitos gentis e prestativos, explicaram todo o funcionamento, prezam pela segurança e, por isso, a gente só tem a agradecer”, ressaltou o professor Pitágoras.
Retorno das atividade
O navio de ensino Ciências do Mar I voltou a atracar no terminal paranaense, depois de dois anos de pausa devido à pandemia, no último dia 24 de outubro. A primeira turma a embarcar foi de 12 alunos e quatro professores do Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Depois de cumprir as atividades práticas de uso dos equipamentos e coletas biológicas, geológicas, químicas e físicas em mar, a turma da UFPR retornou na sexta-feira, 28.
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Ciências do Mar I
O Ciências do Mar I, registrado pelo Ministério da Educação (MEC) e gerido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), é um laboratório flutuante e, desde 2018, serve à formação de alunos de diversos cursos ligados ao mar, de universidades do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A tripulação do Ciências do Mar I é de 10 pessoas. Apesar de uma embarcação pequena – 32 metros de comprimento e pouco menos de oito metros de largura (boca) – carrega 14 tipos de equipamentos de pesquisa a bordo. Este foi o primeiro navio do Brasil focado para o estágio dos alunos a toda a parte científica ensinada nas universidades.