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Educação

Educação que transforma: EJA em Paranaguá tem ajudado jovens e entrar no mercado de trabalho

Alunos são exemplos de que nunca é tarde para aprender

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O que se vê ao entrar nas salas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Paranaguá, são exemplos. Dentro de cada uma delas há histórias de pessoas que optaram pelo caminho da educação, ainda que em outro período da vida a realidade mostrou o contrário. É no EJA que muitos aprendem a ler depois de anos sem saber decifrar o que as letras queriam lhe dizer, é lá também que socializam e se preparam para o mercado de trabalho.

A professora Edimar Pereira Neves é diretora do polo do EJA em Paranaguá, a Escola Edite Lobo, anexa a Escola Eva Cavani. São 36 anos de carreira na Rede Municipal de Ensino e 23 dedicados a educação de jovens e adultos. “É uma paixão trabalhar na área, porque o verdadeiro ensino e aprendizado que tanto a gente fala no ensino inicial acontece na educação de jovens e adultos, porque eles têm a vivência e junto a isso vamos com a parte acadêmica, tudo isso junto torna o aprendizado mais rico. Temos alunos de 15 a 80 anos”, afirmou Edimar.

Muitos chegam ao EJA sem saber ler, segundo a diretora. “Hoje, temos 247 alunos. São estudantes trabalhadores, saem do trabalho direto para escola. Qualquer tempo que ele fique dentro da escola é um tempo muito rico. Muitos não vêm mais pelo trabalho, mas pela socialização. Ainda vemos situações tristes neste meio, de mulheres que são impedidas de estudar pelos maridos”, revelou Edimar.

A diretora conta que o que motiva essas pessoas a procurarem a escola é tanto a necessidade de conclusão do ensino regular, entre os mais jovens, como a de socialização, pelos mais idosos. “Muitos nunca tinham ido ao cinema, a uma formatura, jogos, eles participam de todos os eventos. Essa troca entre eles é muito importante”, declarou Edimar.

Inclusão

Parte dos estudantes que frequentam o EJA são alunos da inclusão, que ficaram na escola até por volta dos 15 anos e depois tiveram que sair da sala de aula. No EJA, já adultos, encontram uma nova chance de retomar suas vidas e até de entrar no mercado de trabalho.

“Os alunos que possuem laudo hoje têm todo um acompanhamento pela Secretaria de Educação. Antigamente, não era assim. Eles paravam de estudar porque não aprendiam. Fazemos no EJA as nossas adaptações curriculares dentro das possibilidades. Temos muitos alunos da inclusão”, afirmou Edimar.

O estudante Moisés Luiz Santos da Silva tem 22 anos, com 18 começou no EJA e hoje já faz estágio. “Comecei no EJA fazendo reforço escolar e depois me chamaram para participar do projeto Educação para o Trabalho, aprendi a fazer tapetes, a pintar, cozinhar. O que eu mais gosto da escola é poder conversar com as pessoas”, contou Moisés.

Através desse projeto, as professoras buscam parcerias com empresas e com setores da Prefeitura de Paranaguá para colocá-los em estágios remunerados. Moisés trabalha no Patrimônio Público como estagiário. “Estou aprendendo muito, gostei do pessoal do trabalho”, destacou Moisés.

Já a estudante Cíntia Mari Gonçalves Soares, de 44 anos, está na Escola Edite Lobo há dois anos. Muito tempo sem estudar, Cíntia retomou o aprendizado com o incentivo da família e da escola.

“Mudou muita coisa quando eu comecei a vim para a escola, o comportamento, não tenho mais dificuldade para ler e escrever, estou aprendendo a fazer artesanato, culinária. Até os 15 anos frequentei a Escola Eva Cavani e parei os estudos, tive muita dificuldade para ler e agora mudou tudo. A professora, minha mãe, meus sobrinhos, toda a minha família me ajuda. Ainda não trabalho, mas tenho vontade de ajudar minha família. Mas, ainda acho que preciso estudar mais para estar mais pronta”, pontuou Cíntia.

A emoção de ver os estudantes evoluindo dia após dia faz todo o esforço dos professores valer a pena. “Eles chegam muito tímidos e depois que acompanhamos e eles vão na frente da sala e faz uma leitura é surpreendente. Vemos de perto essa evolução, nunca é tarde para aprender. Mesmo que não seja para conseguir um emprego, que seja para a sua vida”, disse Edimar.

Matrículas

Os interessados podem se matricular em qualquer período do ano, basta procurar o polo do EJA, na Escola Edite Lobo, ou a escola municipal mais próxima de casa para ter mais informações. Paranaguá tem 12 escolas que atendem a modalidade em diferentes bairros. A conclusão do 1.ª ao 4.ª ano pode ser feita em até dois anos.

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