Motivadas pela missão de servir da melhor maneira possível os alunos da rede estadual de ensino, quatro cozinheiras foram premiadas nesta segunda-feira, 18, no Concurso da Melhor Merenda Escolas do Paraná. Mesmo com histórias de vida e inspirações diferentes, todas têm em comum a dedicação à profissão e a criatividade para elaborar receitas inovadoras com ingredientes nutritivos e saborosos para os estudantes paranaenses.
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Ao todo, 524 receitas foram inscritas para a competição, que teve como jurada a chef renomada internacionalmente Manu Buffara. Destas, 100 vão compor um livro de receitas exclusivas, 32 foram selecionadas para a final e quatro foram escolhidas como vencedoras.
RAÍZES UCRANIANAS
A grande campeã foi Clarice Iaciuk Costa Rosa, do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei, de Prudentópolis, região Centro-Sul do Estado. Para criar a receita vencedora, ela usou da criatividade para mesclar a tradição ucraniana da cidade com a vocação regional do município, maior produtor do Brasil de feijão preto.
Desta mistura surgiu o charuto de couve com arroz cozido em caldo de feijão, que é uma adaptação dos holubtsi, os charutos ucranianos, mas com o toque brasileiro de Prudentópolis, a Capital Nacional do Feijão Preto. “Sou de família ucraniana, assim como a maioria dos alunos da nossa escola. A ideia veio a partir desta tradição”, disse Clarice.
SABOR COM RESPONSABILIDADE
A segunda colocada no concurso foi a merendeira do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora da Conceição, de Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba, Diná Aparecida Gavelik. Ela foi premiada com o pão de talos e folhas, que reaproveita as sobras de couve, beterraba e outras ervas, legumes e verduras.
A receita do pão vencedor vem de família. Diná conta que aprendeu a fazer ainda criança, com a mãe. “Sempre gostei de cozinhar. Comecei muito cedo, aos 10 anos, ajudando em casa. Fazia este pão enquanto minha mãe e meu pai estavam no trabalho”.
Além de aproveitar os alimentos na íntegra, o prato ganha um toque a mais de sabor. “A ideia é acrescentar algumas coisas para ficar mais nutritivo e saboroso para os alunos”, disse Diná.
VOCAÇÃO DE FAMÍLIA
A terceira colocada no concurso, Gislaine Aparecida Xavier, mal consegue explicar o motivo, mas conta que trabalhar como merendeira no Colégio Estadual Rui Barbosa, de Arapoti, nos Campos Gerais, é a realização de um sonho, que hoje é encarado como uma missão de vida.
“Sempre tive o sonho de trabalhar ali. Às vezes cozinhava lá para fazer um ou outro trabalho pontual, e sempre pensava que queria ser merendeira nessa escola. Nem sei dizer o motivo, mas é algo que sempre quis”, contou.
COZINHAR PARA AGREGAR
A quarta colocada foi Vângela de Jesus Pereira dos Santos, do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Paranaguá, no litoral do Estado, que ganhou com uma feijoada poveira.
Ela conta que é pastora e que passou a trabalhar como merendeira por ver na atividade uma forma de incluir e agregar as pessoas. “Eu sempre trabalhei com pessoas, integrando aqueles que estavam fragilizados, excluídos ou marginalizados. A mesa sempre foi uma forma de unir as pessoas. Por isso acabei indo para a cozinha”, afirmou Vângela.
Isso aconteceu em 2005, quando ela foi chamada para trabalhar como cozinheira em Fernandes Pinheiro, na região Centro-Sul. Desde então, ela transformou a cozinha em uma ferramenta de acolhimento. “Hoje eu fico muito feliz de poder fazer um prato gostoso, que muitos dos alunos não teriam acesso fora da escola”, disse.
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INÉDITO
As receitas foram escolhidas em um concurso inédito, promovido pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) e pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar). O anúncio das vencedoras, escolhidas entre 32 finalistas, foi feito nesta segunda-feira (18) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, que recebeu as merendeiras para um almoço no Palácio Iguaçu.
Fonte: AEN
Fotos: Roberto Dziura Jr / AEN