Em tempos em que a criminalidade traduz com objetividade o cenário social brasileiro, é preciso entender os reflexos dessa violência urbana, os quais estão ligados a uma série de fatos históricos, que se enraizaram no País como uma epidemia.
E quando se fala em violência, ela não é sinônimo apenas de furtos, roubos, assaltos, ou homicídios (não que esses representem pouco). Mas, essa moléstia social diz respeito também às agressões físicas e psicológicas, e aos desdobramentos da violência, como é o caso dos traumas e da violência no trânsito. Esta modalidade, por sua vez, mata e com crueldade.
Prova disso é a ocorrência de trânsito que vitimou fatalmente uma criança e seu padrasto, na noite de domingo, em Paranaguá, após serem atingidos por um veículo que trafegava na contramão da direção. Se foi acidente? Há de se questionar. Isso porque com a série de agravantes que tinha no momento, o motorista do automóvel, é óbvio prever que bebida alcoólica + direção imprudente + carteira de habilitação irregular = tragédia.
Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,35 milhão de pessoas perdem a vida todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito. Desse total, metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas.
Na mesma linha, o fato de dirigir alcoolizado é a segunda maior causa de morte no trânsito. Pensando em diminuir o número de acidentes, foi publicada em 2017, a Lei Ordinária 13.546, do Código de Trânsito Brasileiro, que aumenta a punição para o motorista que causar morte dirigindo alcoolizado.
Mas, apesar do avanço na lei, é preciso refletir e fazer valer ações de prevenção para que não se precise chegar na punição, a qual geralmente vem carregada de sangue e dor.
Diante de tudo isso, é possível avaliar que hoje, o volante é uma das armas em posse da sociedade de maior risco. Em Paranaguá, segundo o Detran, por exemplo, em 2018, foram 226 casos de suspensão direta da carteira Nacional de Habilitação seguidos de 41 casos de pessoas dirigindo com a CNH suspensa, ou seja, que tiveram a habilitação cassada e insistiram em dirigir.
Crime é crime! E dirigir alcoolizado ou sem a habilitação regular é crime.
Portanto, desejar uma sociedade mais segura não significa apenas querer ter o direito a uma arma de fogo para se proteger, pois o volante mata e fere igual a qualquer outro armamento. Estar seguro é fazer o outro seguro. E a segurança começa nas pequenas ações cotidianas.