Um assunto bastante discutido na última semana na comunidade escolar e que trouxe à tona um tema que necessita realmente de maior atenção é a responsabilidade dos pais e ou familiares na modalidade da educação domiciliar.
Isso porque o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta o ensino domiciliar no Brasil, permitindo que os pais ensinem os filhos em casa. No texto, consta que alunos do ensino básico devem ser avaliados anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) e que os pais ou responsáveis legais apresentem um projeto pedagógico individual para ter aprovado o pedido de ensino em casa.
O projeto de lei ainda precisa ser aprovado por deputados e senadores, mas ele já reacende uma polêmica a respeito de que até qual ponto os critérios de ensino pedagógico devem passar da escola para os pais. Com a brecha, certamente, a “autonomia” do ensino básico estará nas mãos dos familiares.
Mas, na contramão do atual momento, se questiona se haverá a eficácia e preparação dos pais em um processo pedagógico que substitua os bancos escolares, formados por professores qualificados para tal.
Em tempos em que a profissão de professor é tão desvalorizada, seja por discursos políticos e familiares e pela remuneração e condições de ensino, será que o foco para a educação não deveria ser outro?
A Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned) estima que atualmente 7,5 mil famílias optem por educar os filhos em casa, o que atingiria cerca de 15 mil crianças no País. Segundo os pais, entre as razões para tirar os filhos da escola, estão a falta de qualidade no ensino público, preocupações morais e religiosas e bullying.
Porém, se houvesse a valorização dos professores, escolas bem estruturadas e equipadas, certamente o Brasil daria um grande avanço na educação e não necessitaria haver a dúvida entre optar pela escola ou não.
Vale lembrar que a socialização das crianças leva a um aprendizado de maior eficácia, contribuindo para o desenvolvimento motor, físico e mental.
Apesar disso, o atual Governo defende que o "homeschooling" (ensino domiciliar) garantirá aos pais o poder de gerenciar o aprendizado dos filhos e até ensinar mais conteúdo. Ou seja, caso aprovado, ficará a critério de cada família a decisão.