Direito & Justiça

Projeto que amplia licença-paternidade avança e segue para votação no Senado

O projeto condiciona o prazo máximo de 20 dias ao cumprimento das metas fiscais previstas na LDO

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O relator Pedro Campos precisou alterar a redação original para garantir apoio à medida (Foto:Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

A Câmara Federal aprovou nesta terça-feira, 4, o Projeto de Lei n.º 3935/2008, que amplia de forma gradual a licença-paternidade no país, podendo chegar a 20 dias. A votação foi simbólica, com manifestação contrária apenas do partido Novo. A proposta retorna agora ao Senado.

O relator Pedro Campos (PSB-PE) precisou alterar a redação original para garantir apoio à medida. Pelo texto aprovado, a ampliação ocorre em etapas: 10 dias do primeiro ao segundo ano de vigência da lei; 15 dias do segundo ao terceiro ano; e 20 dias a partir do quarto ano. A licença poderá ainda ser dividida em dois períodos por solicitação do empregado.

O projeto condiciona o prazo máximo de 20 dias ao cumprimento das metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Se o governo não atingir os objetivos no segundo ano de aplicação da lei, o aumento só valerá após dois exercícios financeiros com metas alcançadas.

Em casos de nascimento, adoção ou guarda judicial de criança ou adolescente com deficiência, a licença poderá chegar a 60 dias, também com expansão escalonada ao longo de cinco anos. A remuneração integral do trabalhador está garantida, sem prejuízo do vínculo empregatício.

Campos defendeu que a proposta corrige uma desigualdade histórica no cuidado com os filhos. Segundo ele, a legislação sempre priorizou a maternidade, deixando os pais à margem das responsabilidades no período decisivo do início da vida da criança. “A paternidade permaneceu como se o cuidado fosse uma atribuição exclusiva da mulher”, afirmou.

Pagamento do benefício

O pagamento do benefício ficará a cargo do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). O relator calcula que o impacto fiscal líquido será de R$ 2,61 bilhões em 2026, chegando a R$ 5,44 bilhões em 2029. Ele apontou como possível fonte de custeio a regularização de bens prevista no Rearp e o aumento de arrecadação previsto em projeto do governo que tramita na Câmara.

A proposta também cria o salário-paternidade, equiparando-o ao salário-maternidade em direitos e abrangência. Em situações de violência doméstica ou abandono material, a Justiça poderá suspender o benefício. O texto autoriza ainda que pai e mãe recebam simultaneamente seus salários-benefício, desde que o trabalhador esteja afastado da atividade durante o período.

Durante a votação, o líder do Novo, Marcel van Hattem (RS), criticou a iniciativa, avaliando que ela trará prejuízos especialmente às micro e pequenas empresas, ao ampliar custos e afastamentos obrigatórios. “Manifestamos a posição contrária do partido”, declarou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) rebateu o argumento, lembrando que o projeto tramita desde 2008 e que os recursos são provenientes da Seguridade Social. Tabata Amaral (PSB-SP) celebrou a aprovação. “Foi uma vitória de toda a bancada feminina e das famílias brasileiras”, disse.

Se confirmada pelo Senado, a nova política trabalhista deve reposicionar a participação paterna no cuidado com os filhos e aproximar os direitos de licença concedidos a homens e mulheres no Brasil.


Projeto que amplia licença-paternidade avança e segue para votação no SenadoAvatar de Maickon Chemure

Maickon Chemure

Formado em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (FAFIPAR) em 2018. Desempenha suas funções na Folha do Litoral News desde 2024 como Repórter Policial, além de produções audiovisual. Atua há 16 anos na área de reportagem. Exerce as suas atividades na Folha do Litoral News como coprodutor (PJ).

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