Direito & Justiça

Paranaguá teve mais de 380 inquéritos instaurados de violência doméstica e familiar em 2025

Promotora de Justiça de Paranaguá expôs os dados e destacou a importância de falar sobre o tema

Dra. Cibelle Maria Scopel fala sobre casos de violência doméstica

“O Ministério Público atua de forma preventiva e repressiva”, destacou a promotora Dra. Cibelle Maria Scopel (Foto: Folha do Litoral News)

A Promotora de Justiça, Dra. Cibelle Maria Scopel, do Ministério Público do Paraná (MPPR), esteve na Folha do Litoral News para uma entrevista sobre sua atuação frente a 7.ª Promotoria de Justiça, que engloba as áreas de violência doméstica e familiar, execução de pena em regime aberto e semiaberto e sessões de julgamento do Tribunal do Júri.

Segundo a promotora, a maioria dos crimes são de violência doméstica e familiar, números bem significativos com relação aos inquéritos policiais instaurados e processos em andamento.

“De acordo com os dados do Pro-MP, Sistema Interno do Ministério Público, só em 2025, foram instaurados, somente na 7.ª Promotoria de Justiça, 389 inquéritos policiais envolvendo violência doméstica e familiar”, disse a promotora. Os dados são relacionados à data de 1.º de janeiro de 2025 até 20 de maio de 2025.

Neste mês, acontece a campanha Maio Laranja em todo o País, voltada ao enfrentamento e prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. “Com relação aos crimes sexuais, foram instauradas 20 investigações de estupro de vulnerável”, afirmou Cibelle.

Ações de combate à violência doméstica

A promotora destacou que Paranaguá possui a Rede de Proteção aos Direitos da Mulher e o Conselho de Proteção dos Direitos da Mulher, que realizam encontros com o objetivo de analisar a situação atual e buscar políticas públicas para o atendimento às mulheres vítimas de violência.

O problema atinge outras cidades brasileiras e evidencia a adoção de medidas que possam mudar a cultura, na qual a mulher é vista de forma inferior ao homem.

“Isso acaba estimulando práticas violentas e situações de violência nos mais variados âmbitos. O Ministério Público atua de forma preventiva e repressiva. A forma preventiva é estimular políticas públicas, disseminação de informação e participação na Rede de Proteção. Na parte repressiva, o MP dá seguimento às investigações e à ação penal para que, ao final, haja uma sentença”, explicou.

A proteção dos casos e o acolhimento das mulheres vítimas de violência passa por investimentos para criação de mecanismos que possam auxiliá-las a enfrentar o problema. Um deles, implantado em Paranaguá, é a Casa da Mulher Parnanguara, para abrigar mulheres que precisam deixar seus lares, com seus filhos, para quebrar o ciclo da violência e terem condições de retomarem suas vidas.

“O MP vê com bons olhos a existência da Casa da Mulher Parnanguara, porque muitas vítimas não têm como ficar em casa com o marido, elas são acolhidas nesse local com seus filhos, recebem ajuda para poder voltar para suas casas depois com medida protetiva ou conseguir ir a outro lugar. É essencial para a mulher ter esse local seguro nessas situações”, destacou Cibelle.

Recentemente, foi anunciado que Paranaguá terá um Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), espaço destinado a prestar acolhimento e atendimento humanizado às mulheres em situação de violência, proporcionando atendimento psicológico e social e orientação e encaminhamentos jurídicos. “O CRAM busca servir esse atendimento humanizado, com mais equipe técnica para o atendimento à mulher”, disse Cibelle.

Principais desafios

Os desafios no trabalho de combate à violência contra a mulher incluem a mudança de pensamento da sociedade.

“Precisamos colocar a lente da perspectiva de gênero, que é isso, mudar a mentalidade de que o homem é visto como superior em alguns casos, isso causa discrepância nas mais variadas áreas, trazendo essa situação de violência contra a mulher”, comentou Cibelle.

Como e onde procurar ajuda

Toda mulher que perceber que está em situação de violência, tem que buscar a ajuda do Estado e da família. “A gente não pode normalizar a violência dentro de casa”, enfatizou a promotora.

Entre os canais de denúncia estão o da Polícia Militar (190), Polícia Civil (197), Disque Denúncia (181), Central de Atendimento à Mulher (180) e também o do Ministério Público, por meio da 7.ª Promotoria, no Whatsapp (41) 98850-5320.

“Não permita perpetuar essa situação de violência, levante a cabeça, crie coragem para romper esse relacionamento que é permeado por violência e denuncie”, finalizou Cibelle. A 7.ª Promotoria do Ministério Público do Paraná em Paranaguá está localizada na Alameda Coronel Elísio Pereira, no bairro Palmital.

A entrevista na íntegra está disponível em: https://www.facebook.com/folhadolitoralnews

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.