Direito & Justiça Pedofilia

Paranaguá registrou 308 casos de exploração sexual infantil em 2016

Em 95% das vezes, agressor faz parte da família da vítima

8jh9vj2o 1584463250

Os Conselhos Tutelares têm como objetivo zelar pelos direitos da criança e do adolescente com base na legislação. São os conselheiros que atendem as pessoas que tiveram seus direitos ameaçados por ação ou omissão da sociedade ou Estado. O Conselho Tutelar de Paranaguá repassou um dado que chama a atenção. Em 2016, foram averiguados pelo órgão 308 denúncias de casos de exploração e abuso sexual infantil no município e, apenas nestes primeiros seis meses de 2017, 80 outros casos já foram recebidos.

O presidente do Conselho Tutelar de Paranaguá, Getúlio Rauen, afirmou que quase na totalidade dos casos atendidos, o pedófilo é um membro da família da vítima. “Em 95% das vezes, ele está dentro da família, é tio, avô, pai, padastro, irmão. Acontece mais fora de casa com pessoas adultas, mas com criança e adolescente, é mais comum acontecer dentro de casa, tendo como agressor algum familiar, isso é o que mais nos entristece”, analisou. Se o agressor morar na mesma residência da criança, ela é afastada da família. “Se não houver outra opção, a criança é abrigada no lar”, completou Rauen.

Dentro dos 308 casos que chegaram até o Conselho, houve abuso contra bebês de três meses a dois anos até adolescentes de 14 anos. “Na realidade, o número de casos é bem maior que isso, cerca de 2% de tudo que acontece. Porque os adolescentes na faixa de 16 ou 17 anos, a partir do momento que sofrem a violência, muitos deles guardam, têm muita vergonha e a denúncia não é feita. Principalmente, as meninas, que acreditam que é obrigação delas ter relação com seus namorados”, frisou o conselheiro.

Muitas crianças que integraram esses dados não possuem uma estrutura familiar capaz de oferecer todo o cuidado de que necessitam. “Hoje, muitas famílias não têm toda a estrutura necessária para sobreviver, falta saúde, uma boa educação, oportunidades de trabalho e vivem de uma forma como acham certo. Não temos um número de psiquiatras suficientes para atender à população, por exemplo”, citou.

ATENÇÃO REDOBRADA

Com este cenário apresentado pelo profissional, é importante que os pais redobrem a atenção dentro de casa. Alguns comportamentos que eram comuns há alguns anos, como dormir na casa do amigo, são atitudes que devem ser repensadas a fim de proteger a criança.

“Não confiem em ninguém. Esse 'ninguém' inclui todos os seus familiares, todos os seus melhores amigos, sempre fiquem atentos, observem o comportamento das crianças. Não dê seu filho para ninguém pegar no colo, seu filho é algo precioso que você tem que cuidar. Não deixem dormir na casa do colega, é hora de os pais começarem a pensar onde está o filho e com quem a todo momento”, enfatizou o presidente do Conselho Tutelar.

DENÚNCIAS

Getúlio Rauen explicou que os casos chegam até o Conselho por meio de denúncias. “As mais frequentes partem de escolas, que identificam em sala de aula o problema. Os professores, orientadores e pedagogos têm feito um ótimo trabalho neste sentido e identificado muitas crianças que vão reclamar para o professor”, afirmou.

 

foto%202(34)
O presidente do Conselho Tutelar de Paranaguá, Getúlio Rauen, e a conselheira Thaiz Cristina Alves de Oliveira visitam a casa da criança após as denúncias

 

As denúncias ainda podem ser feitas por meio do canal Disque 100, que é da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, diretamente no telefone do Conselho Tutelar de Paranaguá, pela página do Conselho no Facebook ou por e-mail.

Assim que uma denúncia é recebida, um conselheiro vai até a residência da criança conversar com os envolvidos. Se constatado, o caso é encaminhado ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) para realizar o boletim de ocorrência. A criança, a partir de então, é encaminhada ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer o exame e, consequentemente, ao Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) para atendimento psicológico.

Você também poderá gostar

Paranaguá registrou 308 casos de exploração sexual infantil em 2016

Fique bem informado!
Siga a Folha do Litoral News no Google Notícias.