Datas Comemorativas

Odisseia Parnanguara completa 100 anos

Joaquim Tigre e seus companheiros partiram em duas canoas a remo, saindo do Rio Itiberê no 7 de setembro de 1922, a percorrer as 450 milhas

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Em 1922 pela comemoração do centenário da Independência do Brasil, Joaquim Mariano Fernandes, conhecido como Joaquim Tigre, foi um personagem de atos de aventura e bravura em Paranaguá.

Joaquim e seus companheiros empreenderam uma viagem de Canoa a Remo de Paranaguá ao Rio de Janeiro, a canoa “Paraná” foi comandada por “Joaquim Tigre” e a canoa “Paranaguá” por Antônio Serafim Lopes “Barra Velha”, auxiliados pela equipe: Domingos José Trizani, Virgílio Farias, Manuel Praxedes de Oliveira, José Antônio Ribeiro, Valentim Tomáz, Manuel Carlos Serafim, Olívio Elias e Antônio Gonçalves Rodrigues.

Eles partiram do Rio Itiberê em 7 de setembro de 1922, às 15h30, a percorrer as 450 milhas, feito realizado em 16 dias.

Ambas as Canoas medindo 9,90m de comprimento por 1,10m de boca, foram aparelhadas, recebendo mastros e velas.

O membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá – IHGP, Almir Silverio da Silva, baseado nas publicações de Herculano Mariz, publicado na Revista “O Itiberê”, de dezembro de 1924, fala comenta sobre a aventura. “O nosso Estado teve a fortuna de contar, entre os heróis que levaram à Capital da República, o ato de coragem dedicado à Pátria, e dez filhos das suas praias cada qual tão hábil e valente no dorso da água encapelada quanto simples e sem proa em outra parte qualquer.  A viagem das nossas canoas ao Rio de Janeiro foi um belíssimo feito, a todos causando emoção, da arrancada nas águas serenas do Itiberê a pomposa baía de Guanabara”, enfatiza Almir que é diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) do I.H.G.P.. 

Ele explica que “Joaquim Tigre, o chefe da expedição, foi homem capaz do leme, Barra Velha estava a calhar, governando como sota, a outra canoa, pois eram duas, quase do mesmo porte. Os matalotes da expedição, oito destemidos, que o não pareciam por tão modestos, equilibraram-se nos lenhos com tal aprumo e pericia que é difícil, senão impossível, distinguir um de outro. Assim, dez homens tripularam as duas canoas de guapuruvu, ou de lenho da mesma fama, podendo enfunar mastros e largar panos, latinos cortados, e envergados pelos expedicionários, como por eles foi a palavra posto a feição e preparado o restante aviamento dos barcos para a viagem, empresa que a tantos, a inúmeros, encheu de apreensões”.

Até 7 de Setembro de 1922, o tempo andava firme, soprando as aragens, as brisas e os ventos que sempre embalam os ramos da Cotinga e do Valadares as copas verdes e extensas dos mangues fronteiros a Paranaguá, comenta Almir. “Naquele dia, a partir do momento em que largou a expedição, boca do Itiberê em fora, aos aplausos ruidosos e aos de boa viagem de uma multidão estendida do cais da cidade à curva do Furado, o tempo começou a mudar, soprando a noite sueste rijo, trovões reboando e desfechando as nuvens relâmpagos repetidos, chuva a cair. Assim partiu a expedição. Aventurou-se no mar grosso em más condições de tempo, dobrando o Superagui para alcançar Cananéia. Lá chegaram os homens, lançando-se logo a Santos, atingido depois de travessia tormentosa, por isso mesmo magnífica à altura do arrojo dos que a realizaram. E continuaram, de ponta em ponta, de angra em angra, ou de pouso em pouso, ao longo da costa, nos dois pequenos lenhos, resistindo esplendidamente ao mar agitado e aos meteoros que tanto confrangeram aos que os viram partir”, enfatiza o membro do IHGP.

Almir finaliza enfatizando que “diz quem entende do ofício que a viagem das canoas paranaenses ao Rio de Janeiro foi um grande feito. Tais as condições da sua realização que nenhum daquela espécie, entre nós, o sobrepuja, distanciando-se dele os demais”, lembra o diretor do MIS destacando que o parnanguara “Joaquim Tigre” é o patrono da praticagem de Paranaguá.

O retorno da jornada Patriota deu-se em 9 de outubro de 1922.

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O comandante Armando Pinna distribuiu à imprensa do Rio a seguinte nota:

“Neste momento se acham em demanda do porto desta capital, através de todas as dificuldades, numa demonstração real de coragem, audácia e competência de nossa gente praieira, quarenta e dois pescadores dos Estados do Norte e Sul do país, que viajam nas suas minúsculas embarcações, sem o auxílio de bússolas, orientados exclusivamente pelas suas estupendas qualidades de marinheiros. São nove os barcos de pesca que estão fazendo raides, assim distribuídos: três botes do Rio Grande do Norte, uma baleeira de Sergipe, uma jangada de Alagoas, um saveiro da Bahia, um bote de Santos e duas canoas do Paraná.

O “Commercio do Paraná”, na época publicou o seguinte telegrama:

“Chegam ao Rio os pescadores paranaenses.  Chegaram hoje de Paranaguá os dez arrojados pescadores que fizeram o raid Paranaguá-Rio, nas frágeis embarcações “Paraná” e “Paranaguá”.

Os bravos lobos do mar foram recebidos condignamente pelos oficiais da Armada, pelo presidente da Confederação Brasileira de Pescadores e pela colônia paranaense aqui domiciliada, estando presente grande número de pessoas, que prorromperam em vivas aos heróicos marujos. O desembarque se efetuou no Arsenal de Marinha.

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Hedran Gebran

Hedran (Guru) Gebran é jornalista e colunista diário do Jornal Folha do Litoral News, onde há mais de 20 anos comanda a Coluna do Guru. Com uma vasta experiência, escreve sobre política, eventos, entretenimento e diversos assuntos de interesse geral, oferecendo aos leitores uma visão única e bem-informada sobre os principais temas que impactam a cidade e a região.