Cultura Entrevista

Milena Bess fala sobre as aulas de balé destinadas às crianças

Alunas saem da sede da associação para os palcos de Joinville

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Milena Constantino Bess é graduada em Educação Física com especialização em psicomotricidade e dança pela Faculdade de Artes do Paraná  (FAP). Natural de Curitiba, criada em São Paulo e parnanguara de coração, Milena é professora de balé e realiza trabalho junto à comunidade do bairro Nilson Neves há dez anos. Mãe de duas filhas: uma advogada e outra que se forma em farmácia em 2017, Milena se considera uma mulher realizada, pois, de acordo com ela, está colhendo os frutos das sementes do seu trabalho. Quem entra na sede da associação de moradores do conjunto Nilson Neves, observa a simplicidade do estúdio de dança, não imagina o sucesso que o grupo faz em teatros grandiosos de Joinville, recebendo aplausos de uma plateia que entende de dança. São resultados como este que estimulam a professora e os pais das alunas a prosseguirem com o trabalho. O exemplo de superação comprova que o sucesso é resultado do esforço sem nunca esmorecer. É sobre isso que ela fala nesta entrevista. Confira:

Folha do Litoral News: O que fez com que você se estabelecesse em Paranaguá?

Milena: Meu marido é empresário e parnanguara. Nos conhecemos, casamos e há 28 anos moro aqui. Já me sinto parnanguara também.

 

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Folha do Litoral News: Como iniciou seu envolvimento com o balé?

Milena: Quando nasci eu tinha os pés chatos e as pernas  ‘genovalgo’ e o ortopedista me recomendou o balé para corrigir esse problema. Entrei no balé com 4 anos e jamais saí, danço até hoje. 

Folha do Litoral News: Como era ensinar balé nos anos 90 em Paranaguá? 

Milena: Nessa época, acredito que no mundo todo foi a decadência do balé, porque houve um estudo científico entre os ortopedistas discriminando esse tipo de dança para a população, dizendo que fazia mal às articulações, à coluna e aos pés. Esse estudo foi revertido no início do ano 2000, quando os cientistas viram que na realidade o balé feito regularmente (não estou dizendo o bailarino profissional que dança de oito a dez horas por dia), ele é benéfico ao ser humano.  

 

Folha do Litoral News: O que a motivou a ensinar balé no conjunto Nilson Neves?

Milena: Na realidade nós começamos na Escola Municipal Edineia Garcia, no Jardim Samambaia, em 2005, e após alguns meses  surgiu uma lei municipal em que não poderia ser cobrado nada dos alunos matriculados na rede municipal. Como muitas mães já conheciam o meu trabalho, me mostraram esse espaço aqui no Centro Comunitário do Conjunto Nilson Neves. A presidente da Associação de Moradores, na época, nos cedeu o local. Até hoje usamos o espaço, mas somos nós que nos mantemos. Pagamos a luz e a água, compramos produtos de limpeza e toda a manutenção do espaço. Começamos com 15 meninas e hoje estamos beirando a 90 bailarinas.    

Folha do Litoral News: Qual a sensação em dar a oportunidade do contato com a dança às crianças?

Milena: É muito gratificante, porque, além da gente poder mostrar a noção corporal que elas têm, elas conseguem se expressar através da dança, pois na realidade a dança é a música que se vê. 

 

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Folha do Litoral News: Quais apresentações já foram realizadas?

Milena: No início, quando começamos as atividades, nossas apresentações eram realizadas em calçadas, eventos beneficentes. Estas apresentações eu não conto. A primeira que considero aconteceu no auditório do CAIC. Neste ano, no dia 4 de dezembro, às 17h, estaremos realizando no Teatro Rachel Costa, nossa 8.ª Mostra de Dança com uma releitura de “O Lago dos Cisnes”. Os ingressos já estão à venda no próprio teatro por R$ 20.   

 

Folha do Litoral News: Como é trabalhar de forma independente em uma comunidade? Você tem apoio?

Milena: Eu tenho o ‘paitrocínio’, ou seja, tenho a confiança e o apoio dos pais dos alunos. Por isso nos organizamos bem cedo,  porque os figurinos do balé clássico não são baratos. Nos preparamos desde o início do ano através das aulas, criamos os figurinos juntamente com uma costureira e os pais vão pagando aos poucos. E quando vemos está tudo pronto através da determinação dos pais e empenho das alunas. Cada criança recebe dois figurinos, um de balé clássico e um de  contemporâneo. É assim que conseguimos sobreviver e fazer nossa apresentação. No dia 5 de novembro, estamos levando mais de 50 bailarinas representando Paranaguá a Joinville, no Teatro Juarez Machado. Elas vão dançar o Balé Clássico. São os pais que pagam tudo, mesmo com essa crise financeira que estamos atravessando, eles investem nos filhos, afinal arte é também educação.    

Folha do Litoral News: Quais os projetos para o futuro?

Milena: Estou, graças a Deus, colhendo os frutos dos projetos, temos alunas em nível adiantado, que estão se profissionalizando, outras já têm o registro profissional. Isso me enche de orgulho, porque é o resultado do nosso trabalho.

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