Em 2022, o professor e ciclista Brunno César da Silva Magalhães trouxe ao litoral do Paraná o projeto “Ciclosaber”, criado em meio à pandemia, percorrendo o Brasil e a América do Sul levando acesso à educação e foco na preservação do meio ambiente, ministrando aulas a alunos, trazendo diversos ecossistemas e incentivo ao uso de bicicleta como transporte, esporte e lazer. Em março de 2022 Brunno chegou ao litoral do Paraná e ministrou aulas a estudantes de escolas públicas de Paranaguá e região. Sua proximidade com o litoral paranaense e principalmente com Superagui, em Guaraqueçaba, foi tanta que o inspirou a escrever um livro trazendo suas histórias com aventuras de bicicleta e a barco pela baía de Paranaguá, bem como destacando a riqueza de fauna e flora da costa do Paraná.
“Comecei a escrever o livro na Argentina. Lembro que vi um livro exposto em uma livraria que narrava um dia na vida de um homem. Então eu pensei que poderia escrever algo parecido. Logo veio na minha cabeça o dia em que eu saí da Ilha do Superagui e cheguei em Paranaguá. Os meus dias durante a viagem de bicicleta eram intensos, mas aquele dia foi mais ainda: Com a bicicleta e tudo o que eu tinha na vida, eu entrei em um barco de camarões que ficou à deriva, depois peguei carona em uma voadeira com o mar revoltoso e conheci pessoas maravilhosas com histórias lindas. No livro eu ainda abordo o dia anterior, quando saí do Ariri, distrito de Cananéia, em São Paulo, em uma voadeira e fomos jogados contra o mangue, depois narro a pedalada de 30 quilômetros pela praia deserta do Superagui até chegar no povoado. Puxando para o meu lado biólogo, a obra ainda aborda todas as minhas observações e percepções da fauna e da flora, como por exemplo um avistamento de um bando de guarás e a estrutura do Parque de Superagui”, ressalta Brunno.
Segundo o biólogo, o projeto “Ciclosaber”, que o trouxe ao litoral paranaense e fez com que o livro surgisse, nasceu em 2022 quando viajou de bicicleta pelo Brasil e América do Sul. “Durante o meu trajeto por solo brasileiro, visitei escolas do centro-oeste, sudeste e sul. E depois por outros três países: Uruguai, Argentina e Chile. Nas escolas, eu mostrava todo o meu percurso até ali e havia um grande momento de perguntas e respostas sobre as cidades visitadas, sobre as culturas e, principalmente, sobre os biomas. É importante ressaltar que muito material em vídeo e fotos foram coletados para serem produzidas vídeo aulas que serão distribuídas para as escolas inscritas gratuitamente”, acrescenta.
Amor que nasceu com a bicicleta
De acordo com ele, o livro teve uma colaboração que surgiu também em sua vida de ciclista e que se tornou muito mais do que isso. “No meio do caminho, no litoral de Santa Catarina, conheci uma garota, Andry Oliveira, que também viajava de bicicleta sozinha. Ela, como Engenheira Biotecnológica, entrou no projeto como editora, fotógrafa e escreveu vários roteiros que serão usados nas videoaulas. Na viagem, nos apaixonamos e estamos juntos até hoje. Nós já produzimos dezenas de vídeos (em formato de mini documentário) para internet no YouTube, em um projeto nosso chamado AUSTRABOREAL”, conta. Segundo ele, Andry seguiu viajando com ele pelos quatro países da América do Sul. “Inclusive, ela também é ilustradora e foi responsável pela capa do livro e pelas ilustrações”, acrescenta.
Superagui
A influência do litoral e de Superagui foi essencial para o livro se tornar realidade. “Eu saí de Cananéia de voadeira e, ao entrar na Ilha, pedalei pela Praia Deserta até o povoado. Lá, fui recebido de braços abertos pelos moradores. Eu recebi hospedagem gratuita, inclusive. Narro no livro toda essa receptividade. As pessoas de lá me ajudaram de todos os modos possíveis”, destaca.
Outro item que chamou sua atenção em Superagui foi a natureza preservada, “sendo marcante o registro de como os caiçaras lidam com a flora e fauna na localidade com a caça e a pesca sustentáveis e toda a consciência que eles tinham sobre isso desde o litoral sul de São Paulo”, destaca. “Em Paranaguá também fui recebido muito bem. Uma professora, que também se aventura em viagens de bicicleta, chamada Muriel e seu marido Robson me receberam em sua casa. Consegui visitar várias escolas em cidades vizinhas, com o apoio da Secretaria Regional do Estado”, salienta. “Algo que me marcou muito foi a quantidade de pessoas que me ajudaram e me receberam no litoral do Paraná. Desde Superagui, passando por Guaraqueçaba, Paranaguá até o Pontal do Paraná. Fiquei cerca de vinte dias na região, entre os meses de fevereiro e março de 2022”, complementa.
Educação e biologia
O projeto do professor visa não apenas destacar a importância da biologia, mas também da educação para uma mudança positiva de mundo. “A educação é fundamental para formarmos mentes livres e pensantes nesse mundo que usa os recursos escassos como se fossem infinitos. A sala de aula é importante e tem um papel insubstituível, mas é sempre bom lembrar que também podemos aprender com o lado de fora, com, por exemplo, com aqueles que estavam aqui antes da chegada dos europeus. Os povos originários de cada lugar praticam o respeito com a natureza e são grandes professores até os dias atuais. E esse contato com eles, durante a viagem, foi transformador”, destaca.
Próximas pedaladas do “Ciclosaber”
Segundo Brunno, atualmente o projeto “Ciclosaber” está parado aguardando a produção de vídeo aulas, com procura de recursos para este processo. “A nossa viagem foi interrompida quando estávamos na Argentina e Chile. Tivemos que retornar ao Brasil por um breve período, mas retomaremos seguindo pela Bolívia em alguns meses e seguir para o norte. Provavelmente, durará mais três anos a viagem, então um retorno ao litoral paranaense será possível após isso (mas a Andry morava em Curitiba, então é certo que passaremos por aí na volta). Mas, enquanto isso, seguimos com o nosso projeto Austraboreal, no YouTube, onde falamos sobre a nossa vida na estrada enquanto viajamos de bicicleta, entre os assuntos constam como acampamos, como cozinhamos, nossas trilhas pelas montanhas, travessias por desertos. Fica o convite para conhecerem o nosso canal (https://www.youtube.com/@austraboreal)”, acrescenta
Sobre o livro
O livro “O Vento e Eu” pode ser adquirido pelo site https://oventoeeu.lojavirtualnuvem.com.br/. “É possível adquirir diretamente comigo pelas minhas redes sociais, nas contas de Instagram @austraboreal e @mundobrunno ou pelo e-mail [email protected]. Convido a todos moradores do litoral a conhecerem o meu livro “O vento e eu”, onde narro o percurso que fiz pela costa paranaense viajando de bicicleta”, finaliza Brunno Magalhães.
Sinopse do livro
“Solidão, liberdade, medo e vento. Mais de mil e quinhentos quilômetros percorridos de bicicleta. Quatro estados brasileiros e muitas histórias na bagagem, mas aquele foi um dia que poderia ter durado uma semana. Acordei em Superagui, almocei em Guaraqueçaba e dormi em Paranaguá. Vi pelicanos de sangue, enfrentei ondas gigantes em voadeiras pequeninas, entrei em um barco de camarões que ficou à deriva, vi tormentas do mar e tormentas internas, fiz amigos e quase perdi o meu chapéu.”