Tempo de reação do exame é de 12 minutos
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), através de pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Molecular do Setor Litoral da universidade, anunciou que foi feita a comparação da performance do teste imunológico para a Covid-19 desenvolvido na UFPR com o exame Elisa tradicional (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), que é considerado padrão ouro para ensaios imunológicos no mundo.
“O estudo revela que a nova tecnologia tem potencial para ser utilizada em pontos de atendimento de saúde e pode ser adaptada para o diagnóstico de outras doenças. O coordenador do Laboratório, professor Luciano Fernandes Huergo, é responsável por conduzir a pesquisa”, explica a assessoria da UFPR.
“A diferença é que em vez de o processo ocorrer na superfície de uma placa de plástico, ele acontece em nanopartículas magnéticas revestidas com antígenos virais. A técnica permite a redução no tempo de reação (interação entre antígeno e anticorpo) proporcionando um procedimento mais rápido. Enquanto o Elisa tradicional leva cerca de três horas para apresentar o resultado, o novo método precisa de apenas 12 minutos e pode ser adaptado para testar até 96 amostras simultâneas, com o auxílio de sistemas robotizados disponíveis comercialmente, mantendo esse tempo para o resultado”, informa a assessoria.
Como o teste funciona
Segundo a UFPR, para realizar o teste é necessário um volume muito baixo de sangue, que inclusive pode ser coletado com uma lanceta igual à utilizada para exame de glicose/diabetes. “São necessários apenas dois microlitros de fração solúvel, conhecida como soro, também sendo possível utilizar o sangue bruto do paciente. Essa amostra é incubada com os antígenos virais que estão mobilizados na superfície de nanopartículas magnéticas. Após cerca de dois minutos nessa fase, são feitas etapas de lavagens e, em seguida, acrescenta-se um revelador, que é o responsável por alterar a cor do material caso haja reação positiva. Assim, se o paciente tiver desenvolvido anticorpos contra o Coronavírus, a amostra apresentará uma coloração indicando o resultado positivo”, explica.
“Geralmente, os anticorpos contra o novo Coronavírus (SARS-CoV-2) atingem uma estabilização entre 11 a 16 dias após o início dos sintomas. No entanto, alguns pacientes produzem anticorpos detectáveis já entre dois a quatro dias após os primeiros sinais da doença. Por isso, esses testes imunológicos podem ser úteis como ferramentas adicionais para identificar pacientes na fase aguda da Covid-19 ou os que testaram como falso negativo no exame PCR”, explicam os especialistas.
Segundo a UFPR, a eficiência do novo teste foi comprovada com amostras de pacientes do Complexo Hospital de Clínicas (CHC) da UFPR com Covid-19 confirmada e amostras negativas do bando de doadores de sangue. “O nosso teste teve um desempenho melhor do que o Elisa clássico, especialmente para amostras com baixo título de anticorpos”, ressalta Huergo. “Na literatura não há registros de um teste rápido imunológico para Covid-19 que forneça dados quantitativos tão rapidamente, com alta acurácia e com baixo custo. Acreditamos que a técnica possa representar um novo marco em testes imunológicos”, avalia.
De acordo com os cientistas, o exame criado possui vantagens com relação ao teste padrão ouro utilizado atualmente. “A primeira delas está associada à quantidade de material necessário para a análise: apenas de uma gota contendo dois microlitros de soro. É possível, ainda, utilizar o sangue total, ou seja, sem precisar passar pela etapa de separação da parte solúvel do sangue”, informa a assessoria.
Com informações da UFPR Litoral