Na quarta-feira, 16, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta para o Brasil com relação à vacinação infantil contra a Covid-19 que está em pleno andamento em todos os estados: as notícias falsas sobre a vacina estão fazendo com que pais e responsáveis estejam resistindo e não imunizando seus filhos contra o Coronavírus. De acordo com a Fiocruz, isso ocorre mesmo com as evidências científicas favoráveis à imunização, comprovando a eficácia e segurança dos imunizantes utilizados em todo o País. Apesar disso, com relação à aplicação da primeira dose, o Paraná, com 28,6% de cobertura vacinal infantil, está à frente da média nacional de imunização inicial de crianças, que é de 21%.
“A difusão de notícias falsas tem provocado resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização para a faixa etária entre 5 e 11 anos. Em nova Nota Técnica, divulgada nesta quarta-feira, 16, o Observatório Covid-19 Fiocruz alerta que este processo resulta em lentidão na cobertura vacinal de primeira dose das crianças, em contexto preocupante, de retorno das atividades escolares”, informa a Fiocruz.
De acordo com a fundação, há grande heterogeneidade no nível subnacional da vacinação infantil, ou seja, há diferença na cobertura vacinal infantil entre os estados. A Fiocruz reforça que haja uma articulação de todos os gestores para acelerar a imunização contra o Coronavírus de crianças brasileiras. “Em um cenário em que apenas este grupo não está imunizado, ele se torna particularmente vulnerável à infecção e à disseminação do vírus, inclusive entre outros grupos etários”, alerta.
Volta às aulas
“Trata-se aqui de um receio seletivo para a vacina contra a Covid-19. Mais do que nunca, cabe o devido esclarecimento à sociedade civil, com linguagem simples e acessível sobre a importância, efetividade e segurança das vacinas, envolvendo a responsabilidade de todos os níveis de gestão da saúde no país”, afirmam os cientistas da Fiocruz. Os pesquisadores alertam ainda sobre o crescimento do movimento antivacina em vários países, que está impactando também no Brasil.
Para o relatório da Fiocruz, a volta às aulas é necessária para crianças, entretanto deve ser feita com proteção a este público. “O documento destaca que a urgência, nesse momento, é por acelerar a distribuição de vacinas para todas as Unidades da Federação e o fortalecimento de uma rede colaborativa que faça os esclarecimentos necessários junto à população”, acrescenta.
Paraná
Segundo a fundação, os dados apresentados demonstram uma comprovada heterogeneidade na vacinação infantil entre estados e capitais é notável. “Todos os estados da região norte do país encontram-se abaixo da média nacional. Entre as Unidades Federativas, apenas sete possuem cobertura de primeira dose maior que a média nacional (21%): Rio Grande do Norte (32,6%), Sergipe (23,9%), Espírito Santo (21,9%), São Paulo (28,1%), Paraná (28,6%), Rio Grande do Sul (23,2%) e o Distrito Federal (34,6%)”, detalha.
“O pior desempenho está no Amapá, com apenas 5,3% da população na faixa etária entre 5 e 11 anos vacinada. Onze capitais estão abaixo da marca do país: Macapá (1,6%), Boa Vista (20,6%), Rio Branco (6,9%), Porto Velho (16%), Teresina (8,4%), João Pessoa (15,8%), Recife (1,9%), Belo Horizonte (18,4%), Campo Grande (1,6%) e Cuiabá (15,7%)”, salienta a Fiocruz.
Desigualdade social impacta no avanço ou não da vacinação
Segundo a Fiocruz, a cobertura vacinal de primeira dose é diretamente proporcional e maior nos estados onde a expectativa de vida ao nascer e o IDH são também maiores. “Ao contrário disso, a cobertura vacinal de primeira dose é menor onde há maior desigualdade de renda, pobreza e internações por condições sensíveis à atenção primária. Além disso, a cobertura vacinal de primeira dose possui relação inversa com a proporção de crianças na faixa etária elegível”, detalha. “Nos locais em que a proporção de crianças de 5 a 11 anos é maior, há menor cobertura vacinal de primeira dose contra a Covid-19 para este grupo”, completa.
“A cobertura vacinal de primeira dose possui forte correlação inversa com a proporção de crianças elegíveis (-0,73). Este parece ser um efeito relacionado ao ritmo de expansão da vacinação, já que nos estados com maior número de crianças elegíveis avançou-se menos”, finalizam os pesquisadores da Fiocruz.
Com informações da Fiocruz