A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defende desde a semana passada, através de um comunicado do dia 11 de novembro, o incremento da vacinação, a volta do uso de máscaras e outras medidas para evitar que o cenário atual de alta nos casos de Covid-19 traga um possível aumento de internações, superlotação nos hospitais e mais mortes no futuro.
A entidade divulgou nota técnica de alerta, elaborada por seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e assinada pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo.
“Pelo menos em quatro estados da federação, já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior”, diz o texto, baseado nos dados divulgados no Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz.
A SBI alerta que o cenário é decorrente da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes e pede que o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenham atenção especial às medidas sugeridas.
A SBI também pede a rápida aprovação e acesso às vacinas Covid-19 bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes, que estão atualmente em análise pela Anvisa. Procurada pela Agência Brasil, a agência respondeu que os processos estão em fase final de análise, e é esperado que a deliberação ocorra em breve, embora não haja uma data fixada para isso.
“A Agência Nacional de Vigilância Sanitária continua trabalhando na análise dos pedidos de uso emergencial das novas versões de vacina contra a Covid-19 do laboratório Pfizer contendo as subvariantes BA.1 e BA.4 /BA.5. Os processos passaram pelas etapas de análise dos dados submetidos à agência, questionamentos da agência e esclarecimentos dos fabricantes, bem como discussão com sociedades médicas brasileiras. A equipe técnica da agência já recebeu os pareceres de especialistas das sociedades médicas sobre ambas as vacinas bivalentes da Pfizer”, detalhou a Anvisa.
Curitiba
A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS) reforçou na quarta-feira, 15, a necessidade de uso de máscara, vacinação e intensificação na testagem contra Covid-19, devido ao aumento de atendimentos de casos respiratórios.
Na última semana epidemiológica (de 6 a 12/11), foram registrados 12.364 atendimentos de pessoas com queixas respiratórias, um aumento de 31% em relação à semana anterior (30/10 a 5/11), com 9.434 atendimentos.
De acordo com o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, o médico Alcides Oliveira, os indicadores pedem cautela e reforço das medidas de prevenção.
“Estamos vendo um cenário epidemiológico muito similar ao vivido em 2020, um aumento de casos respiratórios no início de novembro, mas com diferenciais bem importantes: temos vacina e sabemos que o uso de máscara é um grande aliado na prevenção de infecções respiratórias”, alertou.
Covid em alta
Parte do aumento da demanda respiratória nas unidades de saúde está associada ao aumento de casos de Covid-19. A taxa de positividade dos exames para Covid subiu para 20,8% em novembro, em outubro ela estava em 7,3%. A média móvel de novos casos passou de 94 no dia 31 de outubro para 337 no boletim da quarta-feira, 16.
Outro sinal de alerta é a taxa de retransmissão do vírus, número que indica o potencial de infectado por cada caso confirmado. A taxa está em 2,42, na data, o que indica aceleração dos casos. O ideal é que o indicador fique abaixo de 1.
De acordo com o médico, nesse momento de aumento é necessário resgatar o uso de máscaras faciais em locais fechados e também em ambientes com grande circulação de pessoas.
“Em ambientes com maior potencial de aglomeração e pouca circulação do ar o uso da máscara passa a ser altamente recomendado, assim como nos serviços de saúde”, orientou.
O uso da máscara continua obrigatório para pessoas com sintomas respiratórios que tenham necessidade de deslocamento ou em caso de contato com outras pessoas.
Nova variante
A alta de casos de Covid pode estar associada à nova subvariante da ômicron, a BQ.1, que já circula em vários estados, mas ainda não teve confirmação laboratorial no Paraná.
Com sintomas semelhantes às variantes anteriores, a BQ.1 não é de maior gravidade. E de acordo com o comportamento observado em outros países, ela tem em média cinco semanas de circulação.
“Pedimos mais uma vez a colaboração da população em adotar as medidas. Com essa soma de esforços, logo poderemos voltar a ter um cenário mais tranquilo”, disse a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
Regras de ouro
O cenário de Curitiba é similar ao que vem acontecendo em todo o País. No último sábado, 12, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica alertando estados e municípios sobre o aumento do número de casos de covid-19 e reforçando o uso de máscaras.
As velhas e conhecidas regras de etiquetas respiratórias voltam a ganhar força. O uso de máscara, a higienização das mãos, ventilação dos ambientes e o distanciamento social demonstram eficácia para reduzir a transmissão das doenças de contágio respiratório.
Vacina em dia
Além das regras de prevenção não farmacológicas, o diretor ressalta a importância de estar com o esquema vacinal contra a Covid completo. Com o alto poder de mutação do vírus, as doses de reforço são essenciais. “As doses continuam disponíveis nas unidades de saúde e aqueles que ainda não completaram o ciclo vacinal devem buscar essa proteção”, orientou Oliveira.
Além da Covid-19, também há outros vírus respiratórios em circulação. Um deles é o da influenza, causador da gripe, que também pode ser evitado pela vacina disponível para toda a população com 6 meses de idade ou mais.
Com informações da Agência Brasil e SMCS de Curitiba