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Coronavírus

Em desenvolvimento, vacina da UFPR induz produção de anticorpos maior que a de Oxford

Ainda em fase pré-clínica, segundo pesquisadores da UFPR, vacina paranaense seria mais econômica que as existentes no mercado (Foto: Marcos Solivan/UFPR)

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Em desenvolvimento, vacina da UFPR induz produção de anticorpos maior que a de Oxford

Imunizante ainda está em fase pré-clínica

Na quinta-feira, 18, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgou o avanço de uma etapa importante na produção de sua vacina própria para combate à Covid-19. Segundo a universidade pública, o imunizante apontou título de anticorpos comparáveis e até superiores aos da vacina ChAdOx1 nCoV-19, da parceria AstraZeneca/Oxford. A vacina está ainda em fase pré-clínica em testes com camundongos, entretanto a notícia demonstra a importância da ciência estadual na luta contra a pandemia. 

Segundo a UFPR, o título é uma medida do número de anticorpos no soro sanguíneo, algo obtido por meio de uma série de diluições crescentes do soro onde, com sua realização, se percebe a diferença entre a amostra imunizada e a de controle, com recebimento de apenas partículas que não contam com a proteína do vírus. “Nós diluímos o soro 16 mil vezes e ainda podemos observar muitos anticorpos nessa diluição. Isso quer dizer que, provavelmente, teremos que diluir ainda mais para encontrar o ponto final, unidade em que normalmente os resultados são expressos”, afirma Marcelo Müller dos Santos, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR e um dos responsáveis pelo estudo.

“Para comparar, os estudos de imunização em camundongos publicados sobre a vacina AstraZeneca/Oxford relatam títulos em torno de dez mil após 42 dias da aplicação de duas doses do produto. Isso quer dizer que o soro teve que ser diluído dez mil vezes para atingir o valor mínimo que ainda diferenciava a amostra imunizada da amostra de controle. A vacina é feita a partir de nanoesferas de polímero, biocompatível e biodegradável, recobertas com partes específicas da proteína Spike”, informa a assessoria da UFPR. 

Ainda segundo o imunizante paranaense, ficou demonstrado mais uma vez que ele se demonstra eficaz quando se acresce um adjuvante, que é uma substância utilizada para facilitar uma resposta imune normal. “As partículas do polímero bacteriano polihidroxibutirato (PHB), utilizadas pelos pesquisadores para inserir partes da proteína viral do Sars-CoV-2 no organismo, já apresentam a atividade de adjuvante, exacerbando a resposta imune em camundongos’, complementa.

O teste foi feito com injeção de duas doses da vacina em um intervalo de duas semanas em um número maior de camundongos do que no experimento anterior. Com isso, se produz a imunização feita com partículas do polímero bacteriano polihidroxibutirato (PHB) recobertas com partes específicas da proteína Spike. “Esta é a proteína que permite ao Sars-CoV-2 infectar nossas células. Após a aplicação, os anticorpos foram medidos no soro sanguíneo coletado dos camundongos”, explica a UFPR.

Possibilidade de imunização via nasal

A UFPR estudou nesta fase a possibilidade de fazer a imunização via nasal. Segundo o pesquisador, não foi possível detectar esse tipo de imunoglobulina, provavelmente porque o método induziu a produção de anticorpos do tipo IgA, principal imunoglobulina presente nas membranas mucosas. “Se isso se confirmar, será muito interessante, pois, por conta da forma de entrada do vírus no organismo, é uma ótima forma de enfrentamento ao Sars-CoV-2”, salienta.

Próximas etapas

Segundo a universidade, os próximos testes a serem feitos da vacina focarão em descobrir se os anticorpos produzidos possuem um efeito neutralizante, ou seja, se impedem que o vírus da Covid-19 consiga interagir com receptores celulares. “Digamos que uma pessoa tenha, no organismo, anticorpos com potencial para reconhecer o Coronavírus. Se a pessoa for infectada e esses anticorpos reconhecerem rapidamente o Coronavírus e se ligarem aos receptores do vírus antes que eles reconheçam os receptores das células do organismo, há o efeito neutralizante, pois provavelmente o vírus não conseguirá infectar células do trato respiratório”, detalha o professor.

De acordo com os pesquisadores da UFPR, a chance de ela ser neutralizante é grande. “Se demonstrarmos essa capacidade, podemos pensar seriamente na fase um de testes clínicos”, avalia Santos. Outra intenção é diminuir carga do antígeno, o que, segundo os especialistas, poderia resultar na produção em dobro de vacinas. “Aliando isso à vantagem que já existe de não precisar de adjuvante, a vacina desenvolvida na UFPR seria muito mais econômica que as demais existentes no mercado”, explica a assessoria.

Finalização dos testes pré-clínicos

Segundo o professor Marcelo, o objetivo é finalizar a etapa de testes pré-clínicos na metade de 2021. “Já os testes clínicos escapam um pouco do nosso domínio porque precisaríamos de parceiros. É necessário ter suporte, principalmente de alguma indústria farmacêutica que domine boas práticas de fabricação para assegurar que a preparação segue essas normas e garantir a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, detalha.

Com informações da UFPR

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