LEC monitora animal que realiza desova em Pontal do Sul
Equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) segue monitorando uma tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), espécie ameaçada de extinção, que está desovando em Pontal do Paraná, no balneário Pontal do Sul, desde o início de janeiro. Além do acompanhamento contínuo, profissionais e pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) e do LEC da UFPR atuam no isolamento de área na praia do balneário de Pontal do Sul, onde a tartaruga depositou seus ovos que garantem a reprodução da espécie. A última desova aconteceu na segunda-feira, 15.
Segundo a assessoria do LEC da UFPR, a tartaruga-de-couro desovou na areia da praia ao nascer do sol. “Apesar da areia compacta ela não desistiu da missão e depositou 92 ovos viáveis e 6 não viáveis durante o nascer do sol. Nossa equipe acompanhou todo o processo e fez a transferência dos ovos para um local seguro e isolou a área”, informa.
“Nossa recomendação aos veranistas é de não se aproximarem do animal ou do ninho para que possamos proteger essa espécie criticamente ameaçada de extinção. Ao todo, já são quatro ninhos isolados para incubação que vêm sendo monitorados diariamente pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR”, afirma o LEC.
Monitoramento noturno
No dia 5 de fevereiro, equipes do LEC da UFPR também fizeram monitoramento durante a madrugada de desova da tartaruga-de-couro em Pontal do Paraná. Foram captadas imagens com luz vermelha para causar menos estresse ao animal. “A equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação se aproximou da tartaruga somente no momento de deposição dos ovos, quando ela está totalmente concentrada na postura e não reage à presença dos pesquisadores. No total, foram 93 ovos viáveis e 16 não viáveis”, informa.
“Existe um grande risco de a tartaruga desistir de desovar ou mesmo abandonar o procedimento e retornar para água, caso se sinta ameaçada, então, evitamos ao máximo qualquer contato antes do transe da desova, para garantir que a tartaruga realize todo o procedimento de postura e retorne ao mar em segurança”, afirma a bióloga Liana Rosa, que coordenou a operação.
Manejo da desova
Segundo o LEC, os ovos foram transferidos do local depositado porque parte do ninho já estava em contato com a água, o que inviabilizaria o desenvolvimento dos embriões. “A praia de Pontal do Sul é bastante plana e o lençol freático é superficial, ou seja, em maré cheia ou com volume maior de chuva (o que é comum no verão), o ninho ficaria encharcado e não haveria desenvolvimento de filhotes. A desova foi deslocada para uma área previamente escolhida nas primeiras dunas que antecedem a restinga, próximo ao campus da UFPR – Centro de Estudos do Mar. Assim que clareou o dia, nossa equipe providenciou um cercado de incubação que será diariamente monitorado pelo LEC/UFPR e protegerá os ovos”, completa.
“O que se espera com a transferência dos ovos para esta área é que tenhamos condições ambientais mais apropriadas para o nascimento dos filhotes”, afirma Rosa.
Ameaçada de extinção
De acordo com a UFPR, a tartaruga-gigante é a maior espécie de tartaruga marinha existente no mundo, podendo pesar 700 quilos e medir até dois metros. A maior parte das desovas desta espécie ocorre no litoral norte do Espírito Santo, entretanto alguns casos já ocorreram no Paraná. “De acordo com a classificação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) é uma espécie criticamente em perigo de extinção. Ainda com a proteção integral (proibição de captura, transporte, armazenamento, guarda, manejo, beneficiamento e comercialização), ainda são registrados encalhes de animais adultos, causados por saúde debilitada, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil”, finaliza.
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