Comunicação

Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo reúne 2 mil pessoas para debater a Democracia e o futuro do Jornalismo

Evento reuniu pesquisadores, estudantes e jornalistas, em São Paulo

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Representantes dos maiores Grupos de Comunicação do País ressaltaram o papel fundamental da apuração humana jornalística diante da expansão da Inteligência Artificial. (Foto: Aline Benvenutti)

O Congresso Internacional de Jornalismo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), aconteceu entre os dias 10 e 13 de julho, na ESPM, em São Paulo. Neste ano, o evento celebrou seus 20 anos e reuniu pesquisadores, estudantes, jornalistas e especialistas para discutir sobre temas como a COP 30 e meio ambiente, eleições, Inteligência Artificial, produtos e negócios jornalísticos, Democracia, segurança dos jornalistas, audiência, cobertura especializada, entre tantos outros assuntos.

Inteligência Artificial e Jornalismo

Uma das mesas que mais chamou a atenção devido à evolução tecnológica no jornalismo, teve como tema “O papel das grandes redações na condução do jornalismo com inteligência artificial”, realizada na sexta-feira, 11. 

A discussão foi mediada pela presidente da Abraji, a jornalista paranaense e coordenadora do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo, em Curitiba, Katia Brembatti, que trouxe à tona questionamentos e provocações a respeito do assunto. 

A mesa contou com a participação de Eurípedes Alcântara, diretor de jornalismo do Grupo Estado, Cláudia Croitor, editora-chefe do G1, Luiza Baptista, editora executiva de estratégia digital do GLOBO e Camila Marques, editora de audiência da Folha de São Paulo.

Por unanimidade, os representantes dos maiores veículos de comunicação do Brasil deixaram claro que mais do que nunca, o papel do jornalista é fundamental, mesmo em tempos de expansão da Inteligência Artificial, e reforçaram que a responsabilidade por qualquer publicação ainda é do jornalista, e não da Inteligência Artificial.

“Precisamos mostrar que, sem jornalismo, a sociedade é menos saudável”, destacou Camila Marques, editora de audiência da Folha de São Paulo.

Assim como ela, o diretor de jornalismo do Grupo Estado lembrou que em suas redações, “o produto final nunca pode ser atribuído à Inteligência Artificial”, disse Alcântara.

Ainda trazendo à tona o uso da Inteligência Artificial no jornalismo, a mesa “Inteligência Artificial Geral: dominando conceitos e narrativas” teve a participação da jornalista especializada em dados e IA Claudia Báez, Jonathan Soma, titular da Cátedra Knight em Jornalismo de Dados na Universidade de Columbia o jornalista e programador Pedro Burgos.

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Conceitos sobre Inteligência Artificial e aplicações nas redações foram debatidos durante o Congresso Internacional de Jornalismo. (Fotos: Aline Benvenutti)

A confiança nas ferramentas foi focada na discussão. Durante o evento, os especialistas defenderam o uso crítico das ferramentas ofertadas pela IA.

“Quanto mais você usa os recursos da IA, mais você entende as suas limitações”, disse Pedro Burgos. 

Filme Ainda Estou Aqui e Vitória

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Recentemente, duas produções brasileiras se destacaram no cinema: Vitória e Ainda Estou Aqui. Essa última obra foi vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro. As duas, baseadas em livros lançados por jornalistas brasileiros, foram também temas de destaque no Congresso da Abraji.

Mediada pela jornalista Juliana Dal Piva, a mesa “Ainda Estou Aqui e Dona Vitória: como o jornalismo vira cinema?”, tratou não apenas dos filmes, mas sobre o papel essencial do jornalismo nos dois contextos históricos.

Vitória foi adaptada do livro-reportagem Dona Vitória Joana da Paz, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão. Já Ainda Estou Aqui foi baseada na obra de Marcelo Rubens Paiva, o qual conta a história do desaparecimento do seu pai, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar.

Marcelo Paiva destacou a boa relação que seu pai sempre teve com jornalistas e disse que “jamais imaginei que um livro feito em 2015 chegaria hoje a basear um filme que retrata esse episódio de ascensão da extrema Direita no país”, relata.

A presidente da Abraji, Katia Brembatti, fez uma avaliação sobre a edição de 2025 do Congresso Internacional de Jornalismo e agradeceu os participantes e apoiadores.

“Nós já tínhamos uma expectativa alta para o evento, pois o 20.º Congresso marca uma data comemorativa e acreditamos que cumprimos os objetivos, pois o Congresso trouxe discussões relevantes, que nos fazem pensar e apontam novos caminhos bem atualizados com as questões do momento, também pensando nas atuais e futuras gerações de jornalistas”, destaca a presidente.

Abraji e o Congresso Internacional de Jornalismo

Fundada em 2002, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), foi criada por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocas de experiências, informações e dicas sobre reportagens, principalmente sobre reportagens investigativas. Até o momento, o 20.º Congresso da Abraji foi a maior edição presencial da história, com 2 mil pessoas participantes dos quatro dias de evento. 

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Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo reúne 2 mil pessoas para debater a Democracia e o futuro do JornalismoAvatar de Aline Benvenutti

Aline Benvenutti

Jornalista profissional desde 2006. Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Positivo, em Curitiba/PR. Pós-graduada em Assessoria de Comunicação e Novas Tecnologias pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão / Uninter. Certificada pelo Instituto Palavra Aberta como multiplicadora de Educação Midiática. Estudiosa de fact-checking, educação midiática e interessada no jornalismo de soluções. Já trabalhou em Assessoria de Comunicação de órgão público e empresa privada, além de jornal impresso.

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