Foi nos exames de rotina que a educadora Alexandra Ribeiro Koslosk, de 41 anos, descobriu, no início, o câncer de mama e a descoberta precoce fez toda a diferença no seu tratamento. Assim como o conhecimento sobre um teste genético que a livrou das sessões de quimioterapia.
Devido a pandemia de Covid-19, Alexandra ficou de março a outubro de 2020 realizando exames para descobrir se o que tinha realmente era câncer.
“A minha sorte foi que o meu tipo de câncer não era aquele que crescia muito rápido, porque foram muitos meses de espera. Tenho vários nódulos e foi na ecografia que descobri que um estava diferente e foi indicada a ressonância e depois a punção”, relatou Alexandra.
Uma amostra foi enviada para a biópsia, mas como ela já havia retirado um nódulo aos 18 anos, não estava apreensiva pelo resultado. “A médica abriu o exame e disse que não era o que a gente esperava. Olhei para ela perguntei se estava com câncer. O problema é que a gente chega nessa fase sem saber que existem tipos de câncer, tipos de tratamento, é tudo muito individual. Por isso, achei que já fosse passar pela quimioterapia. O médico é muito importante nessa hora, ela me disse que era muito pequeno e para eu lidar como qualquer outra doença”, contou.
Um mês depois, ela fez a cirurgia para retirada do nódulo. Como já teve caso de câncer de mama na família, ela fez o exame genético, que indicou que ela não precisaria tirar toda a mama e nem o útero de forma preventiva.
“Comecei a fazer vários exames e não tinha metástase. Fiz a cirurgia e quando tive que fazer as radioterapias peguei Covid, mas só tive sintomas leves. Fiz 25 sessões de radioterapia”, disse Alexandra.
Teste OnCOType
Um exame livrou Alexandra das sessões de quimioterapia e dos efeitos colaterais causados por esse tratamento como a queda de cabelos e enjoos, o OnCOType, que é coletado no Brasil, mas a análise é realizada fora do País. Apesar de não ser indicado para todos os tipos de câncer, hoje ela se sente na missão de compartilhar o conhecimento sobre esse exame para que mais mulheres tenham o mesmo benefício.
“É um exame que compara o seu código genético com o de outras mulheres que tiveram câncer e sai uma porcentagem de quanto a quimioterapia vai trazer de benefícios. O meu deu só 4% de chances de o câncer voltar. Esse exame custa 15 mil reais e alguns planos de saúde cobrem”, afirmou.
Com a negação do plano de saúde para fazer o exame, Alexandra decidiu entrar na justiça para conseguir o seu direito. No entanto, não tinha mais como esperar, já que o exame tem um período para ser realizado. “Tinha depositado toda a minha expectativa nesse exame. Meu maior medo era fazer a quimioterapia. Paguei pelo exame e foi assim que descobri que não precisaria da quimioterapia. Sempre acreditei que ia dar certo”, revelou.
Aceitação
Alexandra conta que demorou para aceitar todo o processo e que manteve sigilo na família por não estar pronta para dividir sua experiência. “A gente se pergunta porque acontece com a gente. O câncer é uma palavra muito pesada, porque chegamos sem saber”, destacou.
Segundo ela, o pensamento positivo diante das dificuldades e a fé a livraram do sofrimento. “Eu sempre soube que não preciso passar por algo para conhecer aquela dor. Hoje, eu ajudo outras mulheres no Instituto Peito Aberto porque passei pelo câncer, mas deveria ter ajudado antes. Eu sei a diferença de ter um acolhimento, porque mesmo sem passar pela dor física como outras mulheres passam, eu passei pela dor emocional. Uma cidade pequena ter um local como este é imprescindível na vida das mulheres”, salientou.
Alexandra é uma das idealizadoras e organizadoras do Rock de Peito Aberto, um evento que já foi realizado duas vezes em Paranaguá e reúne bandas para arrecadar recursos que são posteriormente destinados ao Instituto Peito Aberto e, assim, poder ajudar mais mulheres.