Em tempos de pandemia, trazendo mudanças significativas para o cotidiano das pessoas com o isolamento social e o distanciamento, é importante que cada um esteja atento ao seu bem-estar emocional.
A psicóloga Andressa Brand, Psicoterapeuta EMDR – Terapia de Reprocessamento de Traumas; Especialista em Depressão, traumas e Ansiedade; e Graduanda em Neurociências pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), explica que a crise do novo Coronavírus está obrigando as pessoas a vivenciarem diversas situações difíceis de lidar, as quais podem gerar muitos sentimentos, como estresse, ansiedade, medos. “Esses sentimentos têm aumentado muito na população e é muito frequente no consultório. É certo que as ameaças que são desconhecidas, que são novas, nos causam muito mais sofrimento do que quando nós temos um perigo conhecido e que sabemos lidar. Não termos o controle sobre o que está acontecendo nos gera muita insegurança e estresse”, destaca a psicóloga.
De acordo com Andressa, o estresse é uma resposta física e natural do nosso organismo, sendo acionado quando acontecem determinadas situações externas. “Quando o cérebro registra uma ameaça, ele aciona o sistema nervoso simpático, ramos nervosos que correm ao lado da medula espinhal. A reação é o aumento da produção de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais, os batimentos cardíacos e a respiração aceleram, a pressão sobe e os músculos se contraem. Um organismo saudável retorna rapidamente ao estado normal depois de um momento de tensão – o que não acontece no caso de pessoas que sofrem com o estresse diariamente. Se o cortisol fica muito tempo aumentado no nosso organismo, isso gera um estresse crônico, ou seja, sem períodos de relaxamento entre uma situação ou outra e isso nos causará muitos problemas, de saúde do corpo e da mente”, destaca a psicóloga.
A profissional explica que a saúde mental está relacionada à capacidade de manejar essas situações estressantes e difíceis. “É bom salientar que nesse momento não tem como não estarmos estressados e ansiosos, se alguém no mundo falar que está muito tranquilo em relação ao que está acontecendo essa pessoa não está normal, pois o normal é termos ansiedade com todo esse processo. Porém, a nossa saúde mental está muito relacionada com a nossa capacidade de manejar essas situações estressantes e difíceis, como lidamos individualmente com a situação”, comenta.
Dicas
– Evite o uso diário de álcool e outras drogas, pois essas substâncias entram como uma fuga para uma sensação de “relaxamento”, mas com o tempo causam danos como alterações neurológicas, podendo gerar grandes picos de ansiedade, estresse e afetar o sistema imunológico.
A psicóloga Andressa Brand também destacou a frustração e o sentimento de impotência diante de muitas situações como causadores de muitos problemas na sociedade em tempos de Covid-19. “Junto com todos esses sentimentos citados acima vem também a frustração gerada pelos projetos que não foram concluídos, planos, viagens não realizadas, sonhos que não saíram do papel, desemprego, patrimônios perdidos, falências, sonhos interrompidos. Essas frustrações podem ser avassaladoras dependendo do grau de ansiedade, da personalidade de cada pessoa, a fase em que se está vivendo, o tipo de perda que está relacionado”, destaca.
“Diante dos projetos pessoais que a pandemia nos roubou, outras dicas que são importantes: Ter uma certa resiliência: os eventos adversos que estamos enfrentando agora podem nos paralisar ou nos convencer a tomar medidas de enfrentamento e ação. Tempos difíceis não transformam as pessoas automaticamente em mais fortes, somos nós com nossa atitude, disposição e abordagem pessoal que colocamos em prática. Diante de toda a frustração do que a pandemia nos roubou, nos resta agir, responder, reformular. É dessa forma que a resiliência, essa capacidade de se adaptar a situações adversas, é ativada. Aceitar a nova realidade e decidir o que vai fazer com ela a partir de agora”, explica.
Para finalizar, a psicóloga deixa um recado importante a todas as pessoas. “Se reconstruir, vislumbrar um amanhã, seguir em frente, pois o que fazemos hoje terá um impacto amanhã. Comece hoje!”, destaca Andressa, enfatizando que “ninguém vive se não espera por algo bom. A esperança é a vacina contra o desânimo!”.
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