Ciência e Saúde

Falta de médicos gera tumulto na Unidade de Pronto Atendimento

Moradores aguardaram horas para receber atendimento

Na tarde de segunda-feira, 21, a reclamação foi geral na unidade de Pronto Atendimento de Paranaguá. Moradores relataram que chegaram pela manhã e até o início da tarde ainda não haviam sido atendidos. Entre os pacientes estavam idosos, adultos e muitas crianças que aguardavam o atendimento médico.

Um dos que estavam aguardando na fila era Fábio Rodrigues Dias, morador no Ouro Fino, que chegou na UPA às 11h e até às 15h ainda não havia sido atendido. “Meu filho até já chorou por dor que está sentindo no braço, porque um bicho picou o braço dele e não sabemos o que foi até agora. Tanto dinheiro que é gasto em vão e não se investe em saúde”, questionou.

 

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A resposta que obteve do atendimento foi que havia somente dois médicos pela manhã e que um havia saído para almoçar. “Só chamaram para fazer a triagem, que é quando eles pesam e verificam a pressão arterial da criança. Não há pediatras, só tem clínico, toda a população está misturada em uma salinha. A solução seria colocar mais médicos e, principalmente, pediatras, e separar dos adultos. Além disso, o local está muito sujo, é muito descaso com a população”, afirmou Fábio.

Segundo o morador, se a dengue se intensificar no município, como a situação observada no ano passado com a epidemia da doença, o atendimento irá piorar ainda mais. “Se continuar assim, ainda vai morrer muita gente. Desde a hora que cheguei tem a mesma quantidade de pessoas, deve ter cerca de cem aqui dentro”, disse Fábio.

 

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Para Alessandra Aparecida Gomes, moradora na Ponta do Caju, a situação é desesperadora. Seu filho de seis meses apresentou febre muito alta e vômitos e, sem ter o que fazer, resolveu esperar pelo atendimento na UPA. “Cheguei às 11h, não tinha médico e agora (15h) que começaram a chamar. Muita gente já foi embora, inclusive crianças. Ele está chorando muito e é arriscado ficar esperando aqui”, relatou.

 

SUSPEITA DE DENGUE

Lourdes Fernandes Vieira, moradora no Jardim Guaraituba, resolveu ir até a UPA ontem após começar a apresentar alguns dos sintomas de dengue. “Estou com muita dor nos olhos, na nuca e estou suspeitando de dengue. Cheguei há mais de uma hora, pelo menos, e nada foi feito”, descreveu.

 

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Ela contou que já havia procurado pela unidade de saúde próxima de sua casa, mas não conseguiu atendimento. “Fui às 5h30 no postinho e não tinha mais médico. Me disseram que o médico irá começar a atender só em janeiro. Apenas um local para Pronto Atendimento em Paranaguá é muito pouco”, enfatizou Lourdes.

 

RESPOSTA

O secretário municipal de Saúde, Leovaldo Bonfim Pinto, informou que há uma dificuldade em suprir a necessidade de médicos. “Estamos com o processo de chamamento de mais 12 médicos. Isso é urgente, está tramitando, mas chega no jurídico que está com limite na folha de pagamento deste ano. Estamos tentando justificar que isso tem prejudicado a população para que possam autorizar o chamamento. A gente precisa de ao menos sete profissionais para compor a escala da UPA”, esclareceu.

Este processo citado pelo secretário não inclui a contratação de pediatras. Na UPA, atualmente, há apenas uma médica pediatra no quadro de funcionários. “Fizemos um teste seletivo há pouco tempo e está em fase de conclusão. Abrimos vagas para 14 pediatras, 13 se habilitaram, dois nem eram médicos e, por fim, vamos conseguir chamar oito para conseguir assumir cerca de quatro”, explicou Leovaldo.

Na escala normal, teria que haver cinco médicos atendendo de forma simultânea na UPA. “Temos o médico na escala, mas ele não vem e não dá satisfação, às vezes só vem em um período. Quando a gente fala em equipe médica no município é bem complicado”, expôs o secretário, o qual ressaltou que as segundas-feiras costumam ser mais conturbadas na UPA. “Esse é o dia que mais teria médico na escala, porque normalmente todo o pessoal do fim de semana procura pela UPA na segunda. Muitos também vão à procura de atestado para faltar ao serviço, são pessoas que querem trocar receita médica. O médico tem que dar prioridade para as emergências, levando quase uma hora para atender e, enquanto isso, o pessoal que é consulta, tem que ficar esperando”, acrescentou. O secretário finalizou dizendo que existe um protocolo que afirma que pacientes que não são emergências, podem ficar até seis horas esperando pelo atendimento.

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