Na segunda-feira, 29, o Instituto Butantan anunciou que a vacina contra a dengue que está sendo produzido pela entidade científica nacional há cerca de 10 anos, apresentou mais de 90% de proteção contra a doença, segundo estudo publicado revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics, nos EUA. O imunizante do Butantan está sendo produzido junto ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID). A divulgação reforça outros estudos que já reforçaram a eficácia do imunizante contra a dengue, doença que ainda registra anualmente muitos casos e mortes em todo o Brasil.
De acordo com o Butantan, o estudo foi publicado através de cientistas da farmacêutica Merck, que também é parceira do instituto. “A segunda etapa da pesquisa mostrou que a vacina induz soroconversão em mais de 70% dos indivíduos contra os quatro subtipos do vírus com apenas uma dose”, completa.
“A vacina tetravalente contra a dengue protege pessoas com e sem contato prévio com o vírus. A análise randomizada incluiu 200 adultos que receberam duas doses do imunizante ou placebo, para avaliar a capacidade da segunda dose de aumentar os anticorpos. Após a primeira dose, a soroconversão foi de 100% em quem já teve dengue e 92,6% em quem nunca foi infectado. A dose adicional não induziu diferenças significativas, confirmando que uma única dose é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença”, informa a a assessoria sobre o estudo americano.
Segundo o instituto, outro item analisado foi a imunogenicidade da vacina, algo feito durante um ano através de testes de neutralização do vírus que constatou índice alto em todos os participantes do estudo. “A vacina também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves. As reações mais comuns foram dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea e mialgia (dor muscular)”, acrescenta.
Vacina está sendo desenvolvida desde 2009
“O Butantan participa do desenvolvimento da vacina contra a dengue desde 2009. O acordo com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos prevê que o Instituto produza e distribua o imunizante em território brasileiro. O estudo avançou para a fase 3 em 2016, com 17 mil voluntários, e hoje está na etapa de acompanhamento – os voluntários serão avaliados durante cinco anos. A previsão é que a pesquisa seja concluída até 2024”, detalha o instituto.
Segundo a entidade científica, o instituto afirmou que a patente foi concedida pelo Escritório Americano de Marcas e Patentes (Uspto), algo que garante visibilidade internacional ao projeto do imunizante. “Seis meses depois, o Instituto assinou um acordo de colaboração e licenciamento com a farmacêutica multinacional Merck, que lhe permite desenvolver e comercializar a vacina no exterior. O acordo simbolizou um avanço para a ciência brasileira, já que geralmente ocorre o inverso (licenciamento do exterior para o Brasil)”, detalha.
Sobre o imunizante
Segundo a assessoria, a vacina é feita com os quatro tipos do vírus da dengue atenuados, ou seja, enfraquecidos, algo que induz a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. “Quem tem dengue uma vez ainda pode ser reinfectado por outro subtipo do vírus e, quando isso acontece, a doença costuma ser mais grave”, explica.
“Por isso é muito importante que uma vacina contra a dengue proteja contra os quatro tipos do vírus ao mesmo tempo, para conferir proteção permanente”, detalha o diretor de Alianças Científicas Internacionais do Butantan, Alexander Precioso.
De acordo com o Instituto Butantan, os vírus atenuados foram cultivados em células Vero de macaco verde africano, algo que é uma técnica conhecida de forma ampla, com material posteriormente purificado e seguindo para formulação. “A última etapa é a liofilização, processo que transforma o líquido em pó, e a criação do diluente para ser adicionado ao pó no momento da aplicação da vacina. Saiba mais sobre o processo de produção da vacina”, finaliza.
Com informações do Instituto Butantan