O Brasil tem registrado cada vez mais casos de câncer de mama em mulheres jovens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a ocorrência em mulheres mais jovens, até 35 anos, aumentou nos últimos dois anos. Historicamente, essa faixa etária representava apenas 2% dos casos, mas o número subiu para 5%.
A gerente de loja em Paranaguá, Jéssica Eduarda Mesquita Rigolin, de 30 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama em outubro de 2021, quando percebeu uma secreção no mamilo.
“Levei um ano até obter o diagnóstico de carcinoma intraductal. Ele era tão minúsculo que vários exames deixaram passar, até que realizei uma ressonância com contraste e achamos. Eu tive um tio paterno com histórico na família”, relatou Jéssica.
Ela passou por duas quadrantectomias, quando se retira apenas a parte da mama acometida pelo câncer. Sem sucesso, em menos de três meses, precisou fazer a terceira cirurgia para realizar a mastectomia radical.
“O tratamento foi leve, tive apoio da minha família, amigos e no meu ambiente profissional. Graças a eles consegui enfrentar de uma forma leve e que me encorajasse cada dia mais. No primeiro momento eu mentalizava como iria me aceitar, aceitar o meu corpo daquela forma e preparar o meu psicológico para não se abalar e, graças a Deus, eu venci”, lembra Jéssica.
Após a cirurgia, ela não precisou de quimioterapia, nem radioterapia agressiva. Hoje, faz uso de medicamento bloqueador de hormônio, o qual deve continuar por mais cinco anos.
“Relembrando esses momentos, pude perceber que a vida é muito intensa e que precisamos vivê-la todos os dias com qualidade. Aprendi a valorizar o pouco, a enxergar todas as situações com um olhar de maturidade e percebi que não sabemos a força que temos até precisarmos dela. Hoje eu vejo as campanhas do Outubro Rosa e me emociono, porque se não fosse a minha busca e descoberta logo no início, não sei se estaria aqui agora dando esses relatos”, observou Jéssica.
Acolhimento
Jéssica procurou pelo Instituto Peito Aberto, em Paranaguá, depois da indicação de uma amiga, o que foi importante, segundo ela, para o processo de aceitação dessa nova fase. “Conheci o Instituto por meio de uma amiga, que tem um salão e tinha uma tia que estava na mesma situação que eu. Graças a indicação dela decidi conhecer e fui acolhida com todo amor e carinho. Foi graças a dedicação delas que pude enxergar essa fase tão pesada com outros olhos. Dividimos experiências, compartilhamos dificuldades e esse apoio foi essencial”, comentou.
Nesse mês, as atenções estão voltadas para a campanha Outubro Rosa em todo o País. O objetivo, entre outros, é divulgar a importância do autocuidado. “Gostaria que todas as mulheres tirassem um tempo para cuidar de si. Às vezes focamos tanto em trabalho, em tantas outras coisas e esquecemos do principal, cuidar de nós mesmos. O autoexame e o toque são essenciais. Mulheres, permitam se conhecer, o nosso corpo manda vários sinais, precisamos ficar atentas”, frisou. “O diagnóstico precoce salva-vidas. Assim como eu salvei a minha. Graças a Deus pela minha vida, a minha fé e o meu pensamento de vencer me levaram muito além”, conclui Jéssica.