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Cidadania

Surdos em Paranaguá superam obstáculos e conquistam espaço no mercado de trabalho

Mês é voltado para a valorização das lutas da comunidade

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Os surdos passam por diversos obstáculos na luta pela inclusão e para alcançar destaque na sociedade. Neste mês, em que se comemora as conquistas dessa comunidade, na campanha Setembro Azul, dois surdos em Paranaguá contaram como ultrapassam essas barreiras e se inseriram no mercado de trabalho.

A comunidade surda em Paranaguá conta com um diferencial, a presença de uma escola bilíngue que fornece a base de conhecimento na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português para que essas pessoas possam alcançar seus objetivos profissionais. Trata-se da escola Nydia Moreira Garcez, também conhecida como Cedap, que tem feito a diferença na vida dessas pessoas.

Um deles é Gabriel Aciol dos Santos Machado, que passou pela escola. Já com a formação em Técnico em Mecânica, hoje cursa o ensino superior em Tecnólogo em Manutenção Industrial e é estagiário na função de mecânico na empresa Louis Dreyfus Company- LDC.

“Eu estudava na escola bilíngue conhecida como Cedap e foi uma experiência significativa por ter contato com a minha língua materna, a libras, com professores competentes fluentes na língua me passando todo o conhecimento. Tive modelos linguísticos e isso me auxiliou no desenvolvimento e aprendizado. E assim tive o suporte necessário e consegui ingressar no Instituto Federal do Paraná (IFPR), onde me formei em Técnico em Mecânica e continuo estudando o ensino superior, então a escola bilíngue teve relevância em minha trajetória acadêmica”, compartilhou Gabriel.

Segundo ele, as dificuldades começam quando a sociedade não está disposta a entender a realidade dos surdos.

“Tive muitos obstáculos por vivermos em uma sociedade que não tem conhecimento sobre libras, sobre o surdo e a surdez. Então existem muitas barreiras a serem quebradas, porém eu sempre me virei, e acho outras estratégias para me comunicar com as pessoas, através do celular ou até mesmo escrevendo no português”, afirmou Gabriel.

Ele deixou um recado para as crianças surdas que hoje precisam de exemplos, como o dele, para construírem seu futuro profissional. “Estudem bastante, se esforcem e acreditem nos sonhos de vocês, somos iguais os ouvintes, podemos chegar em qualquer lugar que almejamos, com muita luta eu tenho conseguido e acredito que vocês também conseguirão”, destacou Gabriel.

Primeira vereadora surda em Paranaguá

A Câmara de Vereadores de Paranaguá ganhou uma representante da comunidade surda nas últimas eleições. Isabelle Dias é a primeira vereadora surda na história da cidade com o propósito de levantar a bandeira da inclusão e também da mobilidade urbana para pessoas com deficiência e pelo direito das mulheres.

Ela tem Magistério pelo Instituto de Educação de Paranaguá, é concursada no município como Educadora Infantil desde 2010, graduada em Pedagogia, pós-graduada em educação bilíngue para surdos, professora de Libras, certificada pelo PROLIBRAS.

De acordo com ela, a escola bilíngue é fundamental para a formação e educação do surdo, pois é nela que o surdo se encontra e se sente totalmente incluído. “A primeira língua utilizada é a Libras, pois é essa a primeira forma de comunicação entre eles. O contato entre professor e aluno acontece de forma íntegra, sem diferenças, de forma empática. O fortalecimento das escolas bilíngues é uma possibilidade para que o sujeito surdo tenha mais perspectivas, de que seus direitos sejam respeitados e possam se desenvolver em sua própria língua. Além disso, possibilita ao sujeito ouvinte o conhecimento da cultura e da própria Língua Brasileira de Sinais”, comentou Isabelle.

Para Isabelle, a luta pelos direitos vem desde os cinco meses, quando teve meningite, o que afetou sua audição e provocou a surdez. “Estudei desde pequena na Escola de Surdos Nydia Moreira Garcez (CEDAP) e ali dei meus primeiros passos em minha alfabetização. Ao longo desta trajetória sofri bullying e preconceito. A partir do momento que iniciei meus estudos em uma escola inclusiva, mas nada disso me fez desistir de seguir em frente e mostrar minha capacidade perante a sociedade, pois muitos me diziam que eu não tinha capacidade de trabalhar, dirigir, estudar e que seria uma pessoa sem expectativas futuras”, revelou a vereadora.

Isabelle destaca que as crianças surdas podem lutar e conquistar seu espaço como qualquer outra pessoa e não somente achar que as outras tiveram sorte.

“A nossa sorte se dá com muita luta, dedicação, confiança e trabalho. Você surdo pode sofrer um preconceito hoje, mas amanhã erga sua cabeça e mostre do que é capaz e não fique se lamentando, os obstáculos vão surgir sim, mas peça forças a Deus para que seja superado e siga em busca de seus sonhos e objetivos, não desista, você pode estar perto de conquistar aquilo que mais deseja”, frisou a professora.

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