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Cidadania

“O diagnóstico de autismo nunca vem para condenar uma criança, vem para libertar”, afirma mãe

Jessica recebeu a confirmação de TEA do filho Bernardo há cinco meses

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Analisar o comportamento de um filho e ficar em dúvida sobre se há uma anormalidade faz parte do relato de muitas famílias que desconfiam do autismo. A bioquímica Jessica Drielli Torquetti Tavares é mãe de Bernardo, de seis anos, diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) há cinco meses. Foi um longo caminho de dúvidas, com consultas médicas e terapias, até concluir o diagnóstico de autismo. Algo que, para Jéssica, foi libertador.

“Iniciamos a investigação do autismo aos quatro anos, quando fechamos o diagnóstico de TDAH. Mas fechamos o TEA apenas aos seis anos. Faz cinco meses que temos o diagnóstico. Apesar de como mãe sempre desconfiar do que podia estar acontecendo, quando se fecha o diagnóstico, ao mesmo tempo que é libertador, porque você sai do campo da dúvida e entra no campo da certeza, também é chocante, porque você sabe que vai mudar toda a sua rotina, de tratar seu filho”, relatou Jessica.

As dificuldades surgiram logo que Bernardo nasceu. Segundo Jessica, ele não dormia mais de 40 minutos, seja de dia ou de noite. “Desde então, sempre procurei diagnósticos, tratamentos, e todos os pediatras que eu procurei eu fui impedida de diagnosticar meu filho porque ainda era muito cedo. Antes dos dois anos, ele começou a frequentar neurologistas, porque para mim era inconcebível uma criança não dormir. Aos dois anos começou a apresentar sinais de hiperatividade, porque ele pulava de um colo para outro, com 10 meses já disse a primeira palavra, pulava no sofá, não parava quieto”, contou a mãe.

Quando iniciou a alfabetização na escola, foi levantada a hipótese de déficit de atenção e foi fechado o diagnóstico de TDAH, aos quatro anos.

“Mudei de médico e foi fechado há cinco meses, com a ajuda de terapeutas, o diagnóstico para autismo com comorbidade de TDAH, déficit de atenção com hiperatividade. Descobrir o TDAH e o autismo foram momentos difíceis, tivemos que mudar a frequência das terapias, precisamos encontrar um professor particular. Tudo isso impacta na vida da família, não é fácil, mas também liberta a família da dúvida e sabemos exatamente com o que estamos lidando”, ressaltou Jessica.

Abril Azul

O mês de abril é voltado para a campanha de conscientização do autismo. Para Jéssica, esse é um momento importante para levar conhecimento para as famílias. “Para quem já descobriu o autismo, as campanhas acalentam o coração. Os pais empenhados estão sempre buscando estudar novos médicos, novos terapeutas e a campanha vem para mostrar que não estamos sozinhos, que existem entidades que te apoiam, profissionais que lutam pela mesma causa que você, isso nos dá um conforto de que não vamos mais regredir. É dos direitos conquistados para mais direitos, nos fortalece nesse sentido”, destacou Jessica.

O apoio maternal

Jéssica falou ainda sobre a importância da figura materna para apoiar o filho autista e passar segurança e conforto. “O que uma mãe faz por um filho, seja típico ou atípico, que tenham algum transtorno neurológico ou psicológico, nenhum apoio de nenhum terapeuta ou médico será mais importante, nada vai substituir a presença e o apoio da mãe. Uma vez o médico do Bernardo me disse que nem a avó, nem a professora, ninguém vai exercer na vida dele o poder de segurança, amparo e cuidado que eu enquanto mãe vou exercer. Nenhuma outra pessoa consegue substituir essa relação entre mãe e filho, de pai e filho, de familiar que está como responsável”, disse.

Por isso, todos os dias ela ressalta esse cuidado e apoio para Bernardo. “Eu digo todos os dias para o meu filho: você tem TDAH e autismo, isso vai trazer muitos obstáculos na sua vida, mas não se preocupe que eu estou ao seu lado e vou te ajudar a superar todas as dificuldades e você vai vencer porque é capaz. Acho importante dizer para a criança que você está ali”, afirmou Jessica.

Mudança na rotina

Atualmente, Bernardo faz cinco tipos de terapias: fonoaudiologia, terapia ocupacional, integração sensorial, psicólogo e psicopedagoga, além de uma professora particular e o reforço escolar especializado. Todo esse acompanhamento exigiu de Jéssica uma mudança na rotina.

“Há um ano reduzi minha carga horária de trabalho para me dedicar mais ao Bernardo. No período da manhã acompanho ele nas terapias e na aula particular. Hoje, em primeiro lugar é a rotina dele, o tempo que sobra eu uso para trabalhar ou para cuidar de mim. Quanto mais eu faço por ele vejo o desenvolvimento e mais eu quero fazer. O Bernardo tem espectro autista leve, mas não é por isso que não vou me dedicar a ele. Nesse tempo também consegui concluir duas pós-graduações para que possa abrir meu negócio em breve e dentro da minha profissão trabalhar por conta e ter horários mais flexíveis”, conclui a mãe.

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