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Cidadania

Conselho de Serviço Social do Paraná analisa o crescimento da desigualdade

Situação da Covid-19 causou aumento da população em situação de rua

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Os últimos dados sobre a população em situação de rua são de março de 2020, quando a pandemia fazia as primeiras vítimas no País. O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrava que o número de pessoas nessa situação havia chegado a 222 mil, e que a tendência seria de aumento expressivo na pandemia em decorrência da crise econômica e social.

A projeção parece ter se confirmado, basta observar a realidade em grandes centros urbanos e também fora deles, onde facilmente se nota a presença da população de rua habitando as marquises.

A presidente do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/PR), Andrea Braga, explica que para chegar aos dados é analisada a quantidade de usuários no Cadastro Único, do Censo Suas (Sistema Único de Assistência Social) e informações como tamanho da população, índice de vulnerabilidade social e o número de unidades públicas.

“A pandemia de Covid-19 agravou a situação da desigualdade social, provocando sérios efeitos sociais de vulnerabilidade, no trabalho e renda dos brasileiros. Segundo o IBGE, a extrema pobreza está em progressão e surge como reflexo da falta de ganho real no salário mínimo, do aumento da informalidade e da subutilização no mercado de trabalho”, afirmou Andrea.

Segundo ela, o total de atendimentos e vagas para acolhimento nas unidades das políticas de Assistência Social aumentaram no período da pandemia. O que reforça esse aumento aparente da população em situação de rua nas cidades. 

O Conselho também tem buscado dialogar com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua. Mas, o problema não para por aí. “Além do aumento da população de rua, houve o desmonte de diversas políticas públicas e de acesso a direitos, o que obrigou o movimento a acionar diversas organizações para contribuições solidárias neste contexto da pandemia”, expôs Andrea.

Pobreza

O Brasil deve somar 61,1 milhões de pessoas vivendo na pobreza, ou seja, com uma renda mensal per capita inferior a R$469,00 por mês. “Além de 19,3 milhões na extrema pobreza (renda mensal inferior a R$162,00 mensais), segundo estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (USP) de maio de 2021”, afirmou Andrea.

Cenário exige o aprimoramento de políticas públicas para atender as demandas sociais
Foto: Pixabay

Jovens

O cenário econômico da pandemia também atingiu os jovens. “Aumentou o desemprego e agravou o cenário da falta de renda para trabalhadores autônomos. O desemprego entre os jovens de 18 e 24 anos aumentou durante a pandemia, chegando a 27,1% (média nacional), afetando especialmente as mulheres negras e pardas. Os trabalhadores autônomos chegam a receber apenas 60% do habitual, segundo dados do Ipea. A população brasileira empobreceu, perdeu empregos e está diante de um cenário de fome”, ressaltou Andrea.

Ações urgentes

Com as dificuldades mostradas em pesquisas e reforçadas no dia a dia dos brasileiros, quais ações devem ser desenvolvidas a partir de agora para reverter os prejuízos sociais deixados pela pandemia?

“Precisam ser adotadas medidas governamentais em nível federal, estadual e municipal, ampliadas as políticas públicas que garantem o acesso ao trabalho, à renda, à alimentação, à saúde, que diminuem as taxas de violência, que garantem a educação para as crianças, entre outros direitos”, disse a presidente do CRESS. 

Também é necessário expandir as ações para as agendas de saúde e proteção e assistência social e econômica. “Para além das necessidades emergenciais, aprimorando a colaboração com políticas públicas estruturantes, sólidas e de longo prazo, bem como o fortalecimento de canais de participação da população dos municípios e territórios para levantamento das principais necessidades e demandas sociais. Por isso, é importante que as entidades e órgãos governamentais estejam atentos às demandas da população”, concluiu Andrea.

Atuação

Desde o início da pandemia, os assistentes sociais que estão na linha de frente realizam o atendimento da população com o foco no acesso e garantia de direitos e em ações de enfrentamento da Covid-19.

“Os assistentes sociais atuam em hospitais, unidades de saúde, consultórios, ambulatórios e atendimento domiciliar e também são considerados profissionais de saúde. Outro segmento de atuação essencial também está na política de assistência social, com atuação em locais como os Centros de Referência (Cras e Creas) e unidades de acolhimento, bem como diversas outras áreas que atuam na linha de frente, como os atendimentos sociojurídicos, atendimento à população de rua, às mulheres, aos imigrantes e refugiados, no acesso à moradia, na garantia de direitos humanos, entre outras”, explicou Andrea.

Foto: José Ogura / Agência Brasil

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