Muitas expressões estão caindo em desuso no vocabulário na busca de uma comunicação mais inclusiva e menos discriminatória. É o caso dos termos capacitistas que, quando utilizados, tratam das mais diversas deficiências de forma pejorativa. Emanuelle Aguiar, professora geógrafa formada pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) Litoral, é pesquisadora sobre inclusão, acessibilidade e capacitismo e explicou sobre esses termos. Ela também foi a primeira estudante com paralisia cerebral a se graduar pela UFPR Litoral.
“O capacitismo é o nome dado ao preconceito e discriminação sofrida por pessoas com deficiência. O termo chega ao Brasil no ano de 2012 traduzido do inglês pela pesquisadora Anahí Guedes Melo. O capacitismo não deve ser praticado, pois é uma discriminação que afeta diretamente na vida da pessoa com deficiência”, frisou Emanuelle.
Existe alguns termos que já entraram em desuso. “Como por exemplo: portador de deficiência, necessidades especiais. Tem também alguns ditados populares que não cabe mais usar, pois atingem diretamente as pessoas com deficiência, como por exemplo: mais perdido do que cego em tiroteio, João sem braço, desculpa de aleijado é muleta”, mencionou Emanuelle.
Atitudes como imitar uma pessoa com deficiência e rir da deficiência de uma pessoa também são atitudes capacitistas que devem ser excluídas do dia a dia. “A conscientização sobre o capacitismo contribui para qualidade de vida da pessoa com deficiência, deve ser atitude de todos tornar a sociedade mais inclusiva e acolhedora para as pessoas com deficiência”, disse.
VISIBILIDADE
O cientista social Julian Simões, pós-doutorando na Universidade Federal de São Paulo, afirmou que o capacitismo está relacionado a uma série de expressões naturalizadas como isentas de preconceito e discriminação, mas que guardam em comum uma concepção segregacionista que toma uma manifestação corporal como sendo a normal, a desejável e a perfeita. “Pesquisadoras e pesquisadores do tema estão chamando essa atitude de corponormatividade, ou seja, um conjunto de normas e regras que visa regular corpos diversos a partir de referências de corpos considerados normais e saudáveis”, ponderou Simões.
O cientista defende que é preciso dar visibilidade às pessoas com deficiência para que contem suas experiências e as barreiras sociais por elas enfrentadas diariamente.
“Dessa maneira, conseguimos colocar em perspectiva nossas atitudes e reconhecer que há uma multiplicidade de experiências possíveis. Em outros termos é dizer que, ao reconhecermos a diversidade como inerente à nossa condição de humanos, conseguimos entender que não há um jeito certo ou normal de fazer uma determinada tarefa. Conseguimos, ainda, desconstruir hierarquias corporais que valorizam os corpos sem deficiência e discriminam todas as outras manifestações corporais atrelando a eles noções de incapacidade, anormalidade e fragilidade, por exemplo”, finalizou o cientista.
Expressões que devem ser evitadas
Como você é retardado!
Você tá meio autista hoje…
Ele sempre dá uma de João sem braço.
Se você cair daí, fica aleijado!
Desculpa de aleijado é muleta!
Anda torto igual deficiente.
Pois eu vou me fazer de surda que eu não quero saber nada disso.
Mais perdido que cego em tiroteio.
Que mancada!
Com informações de gov.br