Cidadania

Cão “terapeuta” leva alegria a aluno com Síndrome de Melas

Vitor Henrique de França tem uma doença rara e é um dos participantes do projeto Patas do Bem

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A Síndrome de Melas é uma doença rara degenerativa, de origem genética, que acomete as mitocôndrias e afeta a coordenação motora e a questão cognitiva. O aluno da Escola Municipal Nascimento Junior, em Paranaguá, Vitor Henrique de França, de oito anos, foi diagnosticado com a doença e, desde fevereiro, recebe atendimento no Centro Municipal de Avaliação Especializada (CMAE).

O Patas do Bem conta com o apoio do cão Naruto, da raça Golden Retriever, treinado especificamente para o projeto desde os três meses. A iniciativa tem pouco mais de um ano e é idealizada pela primeira-dama de Paranaguá, Amanda Pereira Roque, contando também com o treinador e condutor do cão, Reginaldo Rodrigues Filho.

A terapeuta ocupacional do CMAE, Lilian de Oliveira, explicou como a Síndrome de Melas compromete a qualidade de vida do indivíduo.

“A síndrome afeta a coordenação motora e a questão cognitiva. Geralmente, os pacientes têm quadros de AVC e, às vezes, perdem a visão, a qual depois pode voltar. No caso de Vitor, ele teve dois AVCs, melhorou, mas perdeu a visão periférica. A doença tem um prognóstico pobre”, descreveu a profissional, ressaltando que por isso, é preciso trabalhar várias características. “Nós trabalhamos com o Vitor a afetividade, a autoestima, aspectos cognitivos, a aprendizagem e a manutenção da coordenação motora global, fina e visomotora. Sem deixar de lado a questão do equilíbrio”, contou a terapeuta ocupacional.

GANHOS COM A TERAPIA

Segundo ela, Vitor chegou ao CMAE com dificuldades de socialização. “Quando chegou para a gente era um menino triste, apático, não socializava, demonstrava um comportamento muito opositor e ele não sorria. Por isso, pensei em colocá-lo no Projeto Patas do Bem, conversamos com a Amanda e com o Reginaldo e achamos que valeria a pena inserir o Vitor na terapia”, relatou Lilian.

Com o Patas do Bem, o comportamento de Vitor mudou de forma significativa, algo que foi sentido pela professora, familiares e pela própria equipe que atende o garoto.

“O Vitor conseguiu interagir com o pessoal do projeto, se socializou, ele está comunicativo, faz todas as atividades e, principalmente, ele gosta muito do cachorro. O Naruto é um instrumento na terapia e o Vitor ficou muito amigo dele. Com o Naruto conseguimos sucesso em todas as atividades”, afirmou Lilian.

A terapeuta ocupacional contou que ainda não tinha trabalhado com cães e os resultados foram impressionantes. “Aquilo que eu conseguiria em longo tempo, com o Patas do Bem eu consigo muito mais rápido, exemplo disso é o Vitor. Não se pode aumentar o tempo de vida, mas podemos dar qualidade para a vida dele, proporcionando autonomia”, revelou Lilian.

A mãe de Vitor, Rosane Teixeira de França, disse que a desconfiança dos médicos para a Síndrome de Melas surgiu depois de abril de 2017, quando ele teve um AVC. “Ele foi hospitalizado, fizeram vários exames e não foi constatado nada. Ele chegou a perder a visão, viram uma lesão no cérebro, mas não conseguiram diagnosticar o que era. Ele melhorou, voltamos para a casa e, em julho de 2017, teve outro AVC e parou de enxergar de novo. Até que a médica pediu um exame que o SUS não cobre e tivemos que pagar quase oito mil reais, foi quando saiu o resultado dessa mutação genética”, contou Rosane.

foto2%20naruto“Naruto é um instrumento na terapia e o Vitor ficou muito amigo dele”, explicou a terapeuta ocupacional do CMAE, Lilian de Oliveira.

MUDANÇA DE VIDA

Vitor, de acordo com Rosane, mudou muito depois da terapia. Hoje, ele não é mais resistente em ir à escola ou a sair de casa, por exemplo.

“Ele estava desanimado, não queria mais tentar fazer as coisas na escola, a autoestima dele caiu muito, chorava e agora ele gosta de ir. Um dia levou o Naruto até a escola e se sentiu muito bem. Ele adora vir ao CMAE também. Em 2017, ele praticamente perdeu o ano; no ano passado, foi bem difícil e, neste ano ele abraça, beija, interage com as pessoas, com as professoras, todo mundo fala que ele está diferente, percebemos muita melhora. Era difícil sair de casa com ele, agora está bem mais fácil”, observou a mãe.

Mesmo sem conhecer a terapia com cães, Rosane disse que ficou animada com a ideia, principalmente porque Vitor sempre mostrou gostar muito de animais. “Quando me falaram do Patas do Bem achei maravilhoso. O resultado foi muito positivo, a gente não tem o que falar, foi ótimo. Antes, ele ia para a terapia meio diferente, agora vem bem animado, vê o cachorro e fica muito feliz, ele adora bichos, então foi excelente. Já falei com a médica dele e ela apoiou. Ele fala que o Naruto é o médico dele”, concluiu a mãe de Vitor.

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