No dia 26 de janeiro de 2019, uma família de Paranaguá vivenciou momentos de desespero. Uma embarcação de pequeno porte, na qual os familiares estavam, explodiu em uma área de saída do Rio Itiberê, conhecida como “curva da Ilha da Cotinga”, logo após sair da Marina Oceania. O acidente deixou quatro pessoas feridas, sendo três adultos e uma criança.
Quem contou toda a história e o processo de recuperação física e emocional da família foi Luiza Antunes Fontes Athanasio, que estava com o marido e as duas filhas, Theodora (5 anos) e Anastácia (1 ano e meio) na embarcação.
“Dia 26 de janeiro, na hora do almoço, estávamos atrasados para chegar ao barco que estava com a família toda do meu marido na marina nos esperando com o barco parado. Chegamos, entramos no barco, sentei com minhas cunhadas e sogra no sofá na parte de trás da embarcação com minha bebê no colo e a Theodora foi para cima com os primos, pois eles já estavam lá. Antes do meu sogro (marinheiro) ligar o barco, meu cunhado, pai das outras crianças falou para minha cunhada esposa dele: ‘as crianças vão sozinhas lá para cima?’ E minha cunhada estranhamente falou ‘eu não vou sair daqui’. Eles nunca iam sozinhos lá, então minha sogra se levantou e falou que ia com eles”, relatou Luiza.
Logo em seguida, o sogro de Luiza ligou o barco e já se ouviu a explosão. “Eu não entendi o que estava acontecendo. Achei que tinha batido em outro barco, parecia uma pancada muito forte. Todos voaram para cima. Minha bebê caiu do meu colo, quando abri meu olho só vi ela dentro de um buraco e me lembro de tentar pegá-la, mas o buraco era muito fundo. Abriu um buraco no meio do barco e ela caiu lá dentro do fogo. Então vi uma mão arrancando-a de dentro. E ouvi falarem ‘se joga na água’. E aí eu vi o fogo.Tinha muita fumaça também. Olhei para cima, as crianças estavam intactas. Eu não podia pular, pois eles estavam todos lá em cima sem boia. Então passei por cima do volante e subi lá com eles. Quando olhei para a água, a minha bebê já estava no colo do meu cunhado, pai das outras crianças”, descreveu Luiza.
As mãos que salvaram a bebê foram do marido de Luiza, que pulou no fogo, pegou a criança e a arremessou no mar. “Meu cunhado olhou para o lado e viu minha bebê nadando só com a cabecinha para fora da água. Olhei para a minha perna e não tinha pele. Então, vi outros barcos vindo nos resgatar, pulei na água e falei para meus sobrinhos e filha pularem comigo. Vi minha cunhada que estava sentada comigo muito ensanguentada, sendo colocada em uma canoa. Vi meu marido nadando em volta e gritando para minha sogra e filha que pulassem. As crianças estavam com medo de pular. Tiveram que arremessá-las antes que houvesse mais explosão”, lembrou Luiza sobre os momentos de desespero.
Todos foram resgatados prontamente por duas lanchas, uma canoa e dois jet-ski. “Quando entrei no barco, olhei para minha filha e as crianças e minha cachorra, todos sem nenhum arranhão”, disse Luiza.
PRESENÇA DE DEUS
Luiza destacou que neste momento do resgate sentiu a presença de Deus. “Olhei para a frente no outro barco de resgate e vi minha cunhada com sangue no rosto e no braço. Abracei minha filha e comecei a orar. Senti a presença de Deus. Foi Ele que cuidou de todos os detalhes. Cuidou para que fosse perto da Marina para que fôssemos resgatados rápido. Cuidou para que minha cunhada que fraturou duas vértebras da coluna e teve 40% do corpo queimado fosse resgatada de canoa para que não prejudicasse ainda mais sua coluna que estava pendurada. Cuidou para que as crianças ficassem lá em cima. Cuidou para que minha bebê apesar de estar dentro do fogo tivesse queimaduras leves, comparadas às do meu marido que entrou no fogo para salvá-la e jogou-a para que não se queimasse tanto quanto ele”, recorda Luiza.
RECUPERAÇÃO
Ela conta que foram 15 dias de internação no Hospital Evangélico, em Curitiba. A filha menor teve todo o corpo enfaixado e não precisou permanecer no hospital. “Eu fui a primeira a receber alta. Meu marido e cunhadas ficaram mais um pouco”, disse.
TRANSFORMAÇÃO
Hoje, Luiza afirmou que todos estão muito agradecidos pelo milagre. “Depois do acidente renascemos todos. Sou outra mulher, esposa, mãe e, principalmente, profissional. Descobri que a linha entre a vida e a morte é muito tênue. Não chega de mansinho. Pode acabar de uma hora para outra. Então, não deixe para realizar sonhos e projetos pessoais depois, pois pode não dar tempo. Tenho tudo que mais me importa na vida: Deus, família, paz e saúde. O restante tratei de realizar em 10 meses após o acidente. Dentre essas coisas: casar oficialmente com meu marido, trabalhar com o que amo, agora só me falta tirar a carteira de motorista”, concluiu Luiza.